Paulo Trigo Pereira: "Espero que o Governo negoceie e chegue a uma reforma laboral mais sensata"

O economista considera que a reforma laboral, por ser feita por um Governo minoritário, "sem estudo prévio e sem debate público", terá uma eficácia nula.
Paulo Trigo Pereira: "Espero que o Governo negoceie e chegue a uma reforma laboral mais sensata"
Inês Santinhos Gonçalves 14:01

A reforma laboral que o Governo quer fazer tem pouca probabilidade de ser eficaz, antes de mais por estar a ser liderada por um Governo minoritário e por poder resultar num desnecessário agravamento da precariedade. Quem o diz é o economista Paulo Trigo Pereira, presidente do Institute for Public Policy do ISEG.

"Para fazer reformas que impactam nas novas gerações, essas reformas têm que ser sustentadas no tempo, têm que durar no mínimo 10 anos", comenta, em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.

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Trigo Pereira apresentou esta quinta-feira o estudo “Que Futuro Deixamos Às Próximas Gerações? - Um Índice de Justiça Intergeracional para Portugal”, que revela, entre outras conclusões, que a. O estudo, que só abrange dados até 2023, dá conta de melhorias ligeiras noutras dimensões, como é o caso do mercado de trabalho, mas o economista sublinha que há ainda muita precariedade laboral e desemprego jovem e, nesse sentido, não considera prioritária a revisão do código laboral que o Governo está a levar a cabo.

"Se pensarmos no segmento da população jovem, agravar a precariedade não me parece ser uma boa política, nem do ponto de vista social, nem do ponto de vista económico. Ou seja, do ponto de vista da recuperação da economia portuguesa, não penso que isso seja o fundamental", afirma, sublinhando que esta é uma opinião pessoal, que não vincula os outros investigadores que participaram no estudo do 'think tank'.

Trigo Pereira considera que há outras formas de ajudar as empresas, indo ao encontro do que os próprios empresários pedem. "Quando se fazem inquéritos aos empresários, as questões fundamentais têm primeiro a ver com a burocracia, depois têm a ver com licenciamentos, por exemplo, têm a ver também com a contratação pública, tem a ver com a taxa de IRC, que obviamente pretendem baixar, e a questão laboral surge mais atrás, em quarto, quinto lugar", descreve.

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Nesse sentido, o economista do ISEG diz esperar que a proposta do Governo ainda sofra alterações: "Espero, sinceramente, que o Governo negoceie, pelo menos com a UGT, e que chegue a uma proposta de reforma mais sensata".

Trigo Pereira responde ainda a Luís Marques Mendes, que : "As reformas são necessárias, na justiça, na saúde, na área laboral. São necessárias mas devem ser feitas. Antes de mais, deve haver um estudo prévio dessas reformas, deve haver um debate público sobre essas reformas. Se são feitas apenas por um Governo, neste caso minoritário, sem estudo prévio, sem debate público, a probabilidade de serem eficazes é nula. E isto devia ser do entendimento de qualquer decisor político, não é?"


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