Setores que geram mais riqueza têm salários abaixo da média
Os setores de atividade que geram maior riqueza, medida pelo valor acrescentado bruto (VAB), são também os que pagam salários médios abaixo da média nacional. A análise é da Pordata, a propósito do Dia do Trabalhador que se assinala esta segunda-feira.
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A instituição da Fundação Francisco Manuel dos Santos dá como exemplo a indústria transformadora, que gerou 13,8% do VAB em 2020, mas cujos salários se afastavam mais da média. A base de dados aponta em concreto "as indústrias alimentar e têxtil, onde os salários médios são 121 euros e 340 euros inferiores à média nacional". Mas também as atividades imobiliárias e o comércio (VAB de 13,4% e 13,1%), com diferenças de 17 euros e 70 euros, respetivamente.
Os setores da administração pública e da saúde (7,4% e 7% do VAB) também têm um valor acrescentado bruto significativo, mas pagam abaixo da média, "salientando-se que, na saúde, a diferença face à média nacional é de -145 euros", refere a base de dados.
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Mas se a análise incidir apenas nas diferenças face à média, os maiores desníveis encontram-se no setor do "alojamento e restauração (-380 euros e um VAB de 3,6%), na agricultura (-283 euros e um VAB de 2,5%) e nas atividades administrativas e serviços de apoio (-208 euros, com um VAB de 3,8%).
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A Pordata revela, por outro lado, que nos setores económicos mais produtivos – ou seja, riqueza criada na produção por cada trabalhador – "destaca-se a produção e distribuição da eletricidade e gás, (459 mil euros de riqueza gerada por trabalhador, sendo que estes ganhavam 1.672 euros acima da média nacional); o setor imobiliário (453 mil euros, com os trabalhadores a ganharem -17 euros face à média nacional); e as atividades financeiras e de seguros (112 mil euros, ganhando os trabalhadores 1.080 euros acima da média nacional)".
Quem paga mais?
Numa análise às profissões mais e menos bem pagas, há casos em que a diferença face à média nacional (1.294 euros, em 2021) é mais significativa. A Pordata destaca três exemplos: "os representantes do poder legislativo e de órgãos executivos (+1.483 euros); as profissões intelectuais e científicas (+701 euros) e os técnicos de nível intermédio (+314 euros)", sendo que há uma exceção neste último grupo: "os técnicos e profissionais de nível intermédio da saúde auferem menos 108 euros que a média nacional".
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De recordar que em 2021 os trabalhadores por conta de outrem ganhavam, em média, 1.294 euros. "Face a 2011, é um aumento de 210 euros que, descontado o efeito da inflação, é apenas de 118", refere a análise.
Já as profissões mais mal pagas eram as de "assistente na preparação de refeições (761 euros), trabalhador de limpeza (791 euros) e trabalhador dos cuidados pessoais (818 euros).
Quem emprega mais?
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Tendo em conta os Censos de 2021, a população empregada era de 4,4 milhões de pessoas, o que representa um acréscimo de 1,5% face ao recenseamento de 2011. Por profissões, os vendedores (que inclui comerciantes de loja, operadores de caixa e vendedores ao domicílio) lideravam, com 364.603 pessoas nesta área de atividade. Os empregados de escritório surgiam na segunda posição e a fechar o pódio estavam os trabalhadores qualificados da construção, eletricidade e eletrónica.
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Comparando a evolução da década entre os recenseamentos censitários, de entre as profissões que viram o número de efetivos crescer mais destacam-se os trabalhadores não qualificados da indústria e da construção (+51 mil), os empregados de escritório (+23 mil), os profissionais de saúde (+21 mil [excluindo médicos e enfermeiros]), os enfermeiros (+19 mil) e os engenheiros (+19 mil).
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Já as maiores diminuições foram registadas nos diretores e gerentes do comércio a retalho e por grosso (-42 mil), os trabalhadores de limpeza (-39 mil), vendedores (-36 mil), os trabalhadores qualificados da construção (-36 mil) e os professores (-29 mil).
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