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Crise política em França. Deputados chumbam moção de confiança ao Governo

Assembleia Nacional chumbou a moção de confiança ao Governo, conduzindo à queda de François Bayrou. Primeiro-ministro demissionário avisa que a realidade não pode ser "apagada" e que a crise em França é "uma hemorragia silenciosa". França regressa ao impasse.

François Bayrou defendeu contenção orçamental para lidar com 'hemorragia silenciosa' em França.
François Bayrou defendeu contenção orçamental para lidar com "hemorragia silenciosa" em França. Christophe Ena/AP
18:01

França enfrenta uma nova crise política. A Assembleia Nacional chumbou esta segunda-feira a , que tinha como objetivo forçar consensos com vista a cortar mais de 40 mil milhões de euros na despesa pública para reduzir o défice e a dívida pública. A oposição uniu-se para chumbar a moção e, assim, França diz assim adeus a mais um primeiro-ministro.

O desfecho da votação já era esperado, depois de o partido de extrema-direta de Marine Le Pen, a União Nacional (RN), o Partido Socialista (PS) e o França Insubmissa (LFI), de Jean-Luc Mélenchon terem anunciado que iriam votar contra a moção de confiança. Já o partido conservador Les Républicains (LR) – que integrava o Governo de François Bayrou – deu liberdade de voto aos deputados e teceu críticas ao Governo. Como mais de metade do votos foram contra, caiu o primeiro-ministro francês.

para dizer que é preciso avançar com um plano de contenção orçamental para recuperar a economia francesa e equilibrar as contas públicas. O governante defendeu que, a cada ano, França "está um pouco mais pobre" e irá enfrentar, "em poucos anos", uma "inexorável maré de dívida", e que a .

"As senhoras e senhores deputados têm o poder de derrubar o Governo, mas não têm o poder de apagar a realidade. E a realidade vai manter-se inexorável. As despesas vão continuar a aumentar ainda mais e o peso da dívida, já insuportável, vai tornar-se cada vez mais pesado e mais caro", defendeu o primeiro-ministro demissionário.

Mas os argumentos de François Bayrou não convenceram a oposição. Durante o debate, estes partidos acusaram o governante de ser "o único responsável" pela situação em que o país se encontra, de defender um "plano de caos" e ser um "bombeiro pirómano". Para colocar o défice nos 3% até 2029, Bayrou propunha cortar em novas contratações para o setor público, congelar algumas prestações sociais e cortar dois feriados nacionais. Do lado da receita, previa a criação de uma "contribuição de solidariedade" sobre "os mais ricos".

Em resposta, o Renaissance (RE), partido de Emmanuel Macron, e o Movimento Democrático (MoDem) – que fazem parte do Governo e votaram favoravelmente a moção de confiança de François Bayrou – acusaram a extrema-direita e os partidos da coligação de esquerda de serem "déficitcéticos". Atualmente, o .

As senhoras e senhores deputados têm o poder de derrubar o Governo, mas não têm o poder de apagar a realidade. E a realidade vai manter-se inexorável François Bayrou, primeiro-ministro demissionário de França

O que fará Macron?

Demitido o Governo, Emmanuel Macron tem três opções em cima da mesa: nomear um novo primeiro-ministro para substituir François Bayrou e que terá de ser aprovado por maioria pelos deputados franceses (com um mínimo de 289 votos a favor); dissolver a Assembleia Nacional e levar o país a eleições legislativas antecipadas; ou optar pela sua própria demissão.

François Bayrou deverá apresentar formalmente a demissão ao líder francês esta terça-feira e só depois é que Emmanuel Macron deverá falar ao país. Após afastar a possibilidade de se demitir, o chefe de Estado francês anunciou, já depois do chumbo da moção de censura, que irá nomear um novo primeiro-ministro "nos próximos dias". A intenção é fazê-lo o mais rapidamente possível, desejavelmente até 18 de setembro, dia em que está marcada uma greve geral em todo o país.

Porém, durante o debate, a extrema-direta referiu que Emmanuel Macron tem a "obrigação institucional" de convocar novas eleições legislativas. A França Insubmissa foi mais longe e anunciou que irá avançar com um projeto de lei para destituir o chefe de Estado, tal como fez (sem êxito) em setembro de 2024.

França Insubmissa vai avançar com um projeto de lei para destituir o chefe de Estado, após a queda de François Bayrou.

Desde que iniciou o segundo mandato como Presidente de França, Emmanuel Macron teve cinco primeiro-ministros diferentes a aplicar a sua agenda política: Jean Castex, Élisabeth Borne, Gabriel Attal, Michel Barnier e François Bayrou. Este último teve o quarto mandato mais efémero da Quinta República francesa, tendo governado apenas 269 dias.

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