Zelensky vai discutir com Trump plano de paz dos EUA para a Ucrânia
O Presidente ucraniano concordou em trabalhar com os EUA no plano de paz provisório apresentado pelos norte-americanos, embora este contenha propostas que os ucranianos têm rejeitado liminarmente.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, concordou em trabalhar no plano de paz delineado pelos EUA e a Rússia e espera falar com o homólogo norte-americano, Donald Trump, nos próximos dias sobre as propostas, embora algumas das disposições tenham sido consideradas inaceitáveis pela Ucrânia anteriormente.
O plano de 28 pontos, baseado no acordo de cessar-fogo de Gaza, prevê a cedência de território no leste do Donbass, a remoção das sanções contra a Rússia e a paragem das investigações de crimes de guerra, além de limites à dimensão das forças armadas ucranianas, que teriam de ser reduzidas para metade, e a rejeição de armas de longo alcance.
Zelensky terá recebido sinais dos EUA de que deverá aceitar o plano, de acordo com fontes citadas pela Bloomberg, cujos detalhes foram delineados em conjunto com Moscovo. A equipa de segurança nacional de Trump esteve em contacto com responsáveis de ambas as partes e o Presidente dos EUA apoia o acordo. “O Presidente [Trump] apoia este plano. É um bom plano para a Rússia e a Ucrânia e deverá ser aceitável para ambas as partes”, disse Karoline Leavitt, secretária de Imprensa da Casa Branca.
A Ucrânia já recebeu oficialmente o plano provisório de Washington, que os EUA acreditam poder retomar a via diplomática, de acordo com um comunicado do gabinete de Zelensky emitido esta quinta-feira, depois de uma reunião com generais norte-americanos em Kiev.
No comunicado, refere-se que o presidente ucraniano “apresentou os princípios fundamentais que importam para o nosso povo, e depois da reunião de hoje, as partes concordaram em trabalhar nas disposições do plano de uma forma que possa trazer um final justo para acabar com a guerra”.
De acordo com o texto, Zelensky espera discutir com Trump as “oportunidades diplomáticas existentes e os pontos-chave necessários para alcançar a paz”, em mais uma tentativa de terminar com o conflito, que está perto de entrar no quarto ano.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, recorreu a um jogo de palavras para responder evasivamente aos jornalistas que o questionaram sobre o assunto. "Não existem hoje consultas propriamente ditas. Os contactos, sem dúvida, existem", afirmou.
Peskov recorreu ainda à argumentação habitualmente usada por Moscovo sobre o conflito, observando que "qualquer momento é bom para uma resolução pacífica", desde que a solução elimine as suas "causas profundas".
Já a alta representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) rejeitou esta quinta-feira qualquer plano que não tenha o acordo da Ucrânia, enquanto país invadido, e a participação europeia, recordando a Washington que, neste conflito, "há um claro agressor e uma vítima".
*Com agências
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