Draghi critica lentidão e inércia da UE e pede resultados "em meses, não anos"
O antigo primeiro-ministro italiano Mário Draghi criticou esta terça-feira a lentidão e inércia da União Europeia (UE) no que respeita à competitividade, apelando a uma nova dinâmica para que sejam obtidos resultados "em meses, não anos".
"As empresas e os cidadãos [...] manifestam uma frustração crescente, estão desiludidos com a lentidão com que a UE atua", referiu Draghi, intervindo numa conferência de alto nível para analisar o progresso da Comissão Europeia na implementação das recomendações estabelecidas no relatório por ele elaborado há um ano.
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O antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE) sublinhou a necessidade que a UE tem de seguir um caminho diferente, que exige "uma nova velocidade, escala e intensidade", "obtendo resultados em meses, não em anos".
Defendendo que a opção por uma nova via de competitividade significa que os Estados-membros devem "atuar em conjunto e não fragmentar os esforços" e "concentrar os recursos onde o impacto é maior".
No mesmo encontro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, comprometeu-se esta terça-feira com uma "mentalidade de urgência" até que as propostas do relatório Draghi para tornar a União Europeia (UE) mais competitiva sejam tornadas realidade.
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"Por vezes a inércia é mesmo apresentada como respeito pelo Estado de direito", considerou ainda Mário Draghi, acrescentando que "isso é complacência".
Referindo-se às dinâmicas dos Estados Unidos e da China, os maiores concorrentes da UE, Draghi lembrou que são menos constrangidos e considerou que se a UE não alterar o seu percurso, terá de se resignar a ficar para trás.
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Lembrando que um ano depois de ter apresentado o seu relatório sobre a competitividade da UE o bloco está "numa situação mais difícil", Mário Draghi sentenciou que o modelo de crescimento europeu está a desvanecer-se.
"A inação ameaça não só a nossa competitividade, mas também a nossa própria soberania", acrescentou.
No seu relatório publicado em setembro de 2024 e encomendado um ano antes, Mario Draghi estimou em 800 mil milhões de euros as necessidades anuais de investimento adicional na UE face aos concorrentes China e Estados Unidos, o equivalente a mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) comunitário e acima do Plano Marshall.
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O antigo presidente do Banco Central Europeu propôs, para tal, uma emissão regular de dívida comum na UE, como aconteceu para fazer face à crise da covid-19, um investimento maciço em defesa e uma nova estratégia industrial comunitária.
O relatório Draghi definiu três prioridades para a Europa: resolver o défice de inovação em tecnologias avançadas, traçar uma via de descarbonização que apoie o crescimento, e reforçar a segurança económica.
(Notícia atualizada às 11:57 horas com mais informação)
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