Bruxelas tenta proteger mercado de 2,5 biliões de euros
Tratamento preferencial às empresas europeias pode valer até 15% do PIB do bloco. Objetivo é contrabalançar política protecionista dos EUA.
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Se do outro lado do Atlântico a estratégia passa por uma política protecionista da indústria norte-americana, em Bruxelas tenta-se o remédio com a mesma tática.
De acordo com a Bloomberg, os países da União Europeia vão começar a debater na próxima semana o tratamento preferencial a dar às empresas nacionais que concorrem a contratos públicos no valor de cerca de 2,5 biliões de euros por ano - equivalente a 15% do PIB do bloco.
A França está a liderar a iniciativa como forma de impulsionar as empresas nacionais e a contrabalançar as políticas comerciais protecionistas dos EUA, bem como a dependência de materiais críticos da China.
Os líderes da UE deverão apelar à redução das “dependências estratégicas do bloco e ao reforço da base tecnológica e industrial europeia de defesa”, de acordo com um projeto de conclusões da cimeira a que a Bloomberg teve acesso. Em cima da mesa estão também temas como a Defesa, a competitividade e as transições verde e digital.
Na questão da Defesa - tendo em conta o fornecimento de equipamento militar à Ucrânia - é mais delicada, segundo a Bloomberg, sendo necessário equilibrar a intenção do “buy European” com as necessidades imediatas de apetrechamento da UE.
Mas a questão estende-se a outras indústrias, como a automóvel, sobre a definição do que realmente constitui um produto de origem europeia. Um responsável da UE afirmou à agência de notícias que seria necessário decidir os critérios, tais como uma percentagem específica de automóveis no mercado ou a origem dos componentes dos veículos.
Uma das opções que está a ser considerada pelo executivo comunitário é uma abordagem de valor acrescentado, segunda a qual os fabricantes teriam de mostrar que uma determinada percentagem do valor de um produto veio de dentro da UE. No entanto, corre-se o risco de o valor ser tão elevado que simplesmente montar um carro na Europa não atendesse aos critérios necessários.
De acordo com a Bloomberg, a Comissão também está a discutir quais países terceiros devem ser abrangidos pelo tratamento preferencial. “Prefiro acolher o investimento estrangeiro na Europa, mas sob certas condições”, disse o comissário da indústria da UE, Stéphane Séjourné, numa resposta por escrito. “Temos de impor as nossas condições para o acesso ao mercado europeu, da mesma forma que muitos, como os chineses, impõem as suas condições para entrar no seu mercado. É por isso que temos de consagrar a preferência europeia”, acrescentando que “as regras de contratação pública têm de estar alinhadas com os nossos objetivos comuns. PRP/Bloomberg
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