UE já comprou 200 milhões de dólares em petróleo, gás natural e nuclear aos EUA
O acordo estabelecido com os EUA prevê a compra de 750 milhões de dólares em bens energéticos até 2028.
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O comissário europeu do Comércio mostrou esta segunda-feira aos Estados Unidos que a União Europeia (UE) "está a cumprir" o acordo comercial com o bloco norte-americano, estando a comprar mais gás natural liquefeito (GNL) e a investir mais.
"Estou satisfeito por mostrar que a UE não está apenas comprometida, mas também a cumprir. As compras estratégicas de energia da União [nos Estados Unidos], abrangendo GNL, nuclear e petróleo, já atingiram 200 mil milhões de dólares [cerca de 173,7 mil milhões de euros] este ano", disse Maros Sefcovic, em Bruxelas.
Na chegada à reunião dos ministros do Comércio da UE - no dia em que estão na capital belga o Secretário do Comércio norte-americano, Howard Lutnick, e o Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer -, o comissário europeu precisou que "a quota dos EUA nas importações de GNL da UE, por si só, aumentou de 45% para 60%, impulsionada por contratos de longo prazo".
"O investimento da UE nos EUA também subiu quase 100%, para 154 mil milhões de euros desde janeiro, e sabemos que estão a ser negociados contratos para a compra de mais de 40 mil milhões de dólares em 'chips' para a economia europeia", acrescentou.
Ainda assim, Maros Sefcovic reconheceu que "há mais trabalho pela frente, especialmente no aço e produtos derivados, onde se procura tanto reduzir tarifas como enfrentar juntos a sobrecapacidade global".
"Esta é uma área prioritária para a UE, como demonstrado recentemente pela adoção do nosso regulamento do aço, para ajudar a restaurar o equilíbrio no mercado europeu", adiantou, numa alusão aos limites europeus às importações de produtos de ligas de ferro (ferroligas) como medida de proteção desta indústria.
Maros Sefcovic adiantou que o encontro com os norte-americanos "não se trata de negociações, mas de análise geral" das relações da UE com os Estados Unidos, embora se espere que a Comissão Europeia apresente uma lista dos setores que pretende isentar das tarifas dos Estados Unidos.
Portugal está representado no Conselho de Comércio pela secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Inês Domingos.
Em julho passado, a UE e os EUA atingiram um acordo político de comércio tarifário que estabelece uma tarifa de base de 15% sobre a maioria das exportações europeias para os Estados Unidos, incluindo setores como automóveis, semicondutores e produtos farmacêuticos, com esse valor a servir como teto claro para os direitos aduaneiros.
Ao mesmo tempo, foi acordada a eliminação das tarifas para produtos estratégicos: aeronaves e respetivas peças, alguns químicos, medicamentos genéricos, equipamentos para semicondutores, determinados produtos agrícolas e matérias-primas críticas.
Apesar disso, as tarifas sobre aço e alumínio permanecem em 50%, embora o acordo preveja a introdução futura de um sistema de contingentes para limitar essa sobretaxa.
Para além disso, a UE comprometeu-se a comprar 750 mil milhões de dólares em energia - sobretudo GNL e combustível nuclear - dos Estados Unidos até 2028 e a investir 600 mil milhões de dólares em setores estratégicos norte-americanos durante esse período.
Os esforços visam restaurar estabilidade e previsibilidade nas trocas transatlânticas.
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