Daniel Bessa: Portugal está escravo da dívida pública

O ex-ministro da Economia Daniel Bessa afirmou hoje que Portugal está "escravo" da própria dívida pública e avisou que é uma "asneira" os portugueses "descansarem" porque enquanto não se diminuir a dívida o país "vai estar sempre pior".
Lusa 20 de Março de 2013 às 20:08

Em Braga, à margem de uma iniciativa evocativa do Dia Nacional da COTEC, Daniel Bessa apontou o "problema da dívida" como uma questão comum entre Chipre e Portugal, avisando que o "processo" de aumento da dívida em Portugal "não parou".

 

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Sobre o facto do parlamento cipriota ter recusado aplicar um imposto sobre os depósitos bancários, condição para que o país fosse alvo de ajuda externa, o ex-ministro de António Guterres disse que quem está "encharcado" em dívidas pode "cantar de galo" mas que tem uma "soberania muito relativa".

 

Daniel Bessa apontou a dívida como uma "forma moderna de escravatura", afirmando mesmo que, "de certa forma", Portugal está nessa fase.

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"Estamos, em grande medida, escravos da nossa dívida. Pois não é verdade que há dois anos fomos mais ou menos obrigados a assinar um acordo sem o qual não havia dinheiro para muitas coisas? Quem vai por ai depois sujeita-se", assinalou.

 

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Para Bessa, Portugal tem que "continuar o esforço para o mais rapidamente possível reduzir os défices" porque, disse, o país "já tem dívida que chegue".

 

Segundo Daniel Bessa, o Estado e a banca têm "melhores condições de financiamento" mas, avisou, "é uma asneira descansarmos enquanto não diminuirmos os défices".

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O ex-ministro deixou ainda outro aviso: "Quando nós portugueses ficamos muito contentes com coisas como alargar prazos, autorização para aumentar défice, continuamos a aumentar a dívida também".

Por isso, referiu, "enquanto Portugal continuar a acumular a dívida, está sempre pior daqui a uma hora", pelo que, apontou, o país tem que "continuar o esforço para o mais rapidamente possível reduzir os défices porque já tem dívida que chegue".

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Confrontado com a recusa do Parlamento cipriota em aplicar uma taxa sobre os depósitos bancários, como era exigido pela troika para que o país fosse alvo de um resgate económico, o professor afirmou que os deputados "abanaram" mas recusou a ideia de grito de soberania.

 

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"Isso da soberania é muito relativo. Eu, francamente, não sei que soberania tem quem está encharcado em dívidas. Pode cantar de galo, pode aparentar muita soberania, mas é só fumaça", afirmou.

 

O ex-ministro avaliou ainda como uma "questão muito séria" a hipótese de aplicar uma taxa aos depósitos bancários.

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"Toda a gente parece aceitar que se mexa no salário, e que se reduza, toda a gente está conformada com ver o Estado a reduzir pensões e reformas todos os dias, mas nós não estamos preparados para que se vá mexer no dinheiro que temos no banco", disse.

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