Défice estrutural de 2015 pode mudar
A forma de registo das contribuições dos bancos para o Fundo Único de Resolução (o recém criado fundo de resolução comum) ainda não está fechada e poderá alterar o valor dos saldos sem medidas temporárias e o estrutural (que ajusta às medidas temporárias e ao ciclo económico) assumidos pelo Governo e pela Comissão Europeia; poderá também afectar as receitas e despesas públicas totais do ano passado, embora não afectando o valor do défice global que na primeira estimativa do INE ficou em 4,4% do PIB.
PUB
Numa nota enviada ao Negócios, em reacção à notícia da semana passada que deu conta que o défice de 2015 poderá mudar, e que poderão ocorrer alterações com impacto no saldo estrutural – o indicador mais relevante de esforço estrutural – o INE explica que, embora possam ocorrer alterações aos valores de receita e despesa, estas compensar-se-ão não afectando o saldo global.
Em causa está a contribuição que os bancos fizeram no final do ano – entre 130 a 160 milhões de euros – para o Fundo Único de Resolução, mas que pagaram ao Fundo Nacional de Resolução, que actuará como intermediário, entregando-a este ano depois ao Fundo Único de Resolução. A forma de registo desta operação carece de uma posição do Eurostat para a harmonizar a nível europeu.
PUB
A decisão do gabinete de estatísticas da UE poderá ditar que a operação não seja de todo registada nas receitas e despesas – por ser considerada uma operação meramente financeira. Assim, se o Eurostat decidir que as contribuições para o FUR não vão ao défice, o INE não fará nada – uma vez que já não registou a operação à partida nas contas de 2015; se forem ao défice, fonte oficial do INE garante que afectaram receitas e despesas por igual montante nesse ano, não afectando o saldo global.
Em qualquer caso, as contas do Governo e da Comissão para o saldo estrutural do ano passado ficam em causa, prejudicando o esforço orçamental prometido a Bruxelas entre 2015 e 2016 (uma vez que o défice de partida é, afinal, mais baixo que o assumido pelo Governo).
PUB
Primeiro o Conselho das Finanças Públicas, e na semana passada a UTAO, chamaram à atenção para o registo desta receita que, embora tendo entrado nos cofres do FNR, não fora à partida contabilizada pelo INE, e estimaram assim que o défice do ano passado sem medidas temporárias terá ficado em 3% do PIB, mais baixo que os 3,2% assumidos pelo Governo e Comissão Europeia.
O INE não comenta os impactos nos saldos estrutural e sem medidas temporárias pois, diz, "não tem participação directa na definição das medidas temporárias ou no cálculo do saldo estrutural. Tais responsabilidades pertencem à Comissão Europeia e ao Ministério das Finanças", diz fonte oficial.
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Défice estrutural Fundo Único de Resolução Défice INE UTAO Conselho das Finanças PúblicasA Europa do lado de lá
UGT tratada com luvas de seda
Mais lidas
O Negócios recomenda