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Governo diz a Bruxelas que PIB cresce 2,4% este ano. CFP diz que não é prudente

Governo em gestão enviou a Bruxelas novas previsões económicas. Mas CFP alerta que não são prudentes

Nazaré da Costa Cabral presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP)
Nazaré da Costa Cabral presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP) Miguel Baltazar
02 de Maio de 2025 às 11:03

O Governo reviu em alta a estimativa de crescimento económico deste ano para 2,4%, uma estimativa que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) diz que não é prudente.

O Governo em gestão enviou à Comissão Europeia o relatório anual de progresso do Plano Orçamental Estrutural Nacional de Médio Prazo, o novo documento 'chave' para o apuramento do cumprimento das regras orçamentais europeias.

E, na análise ao relatório, o CFP mostra as novas estimativas do Governo em gestão para o crescimento económico este ano. Se, no Orçamento do Estado para 2025 o Ministério das Finanças apontava para um crescimento do PIB de 2,1%, agora a estimativa é de 2,4%.

"Ponderados os riscos do cenário do Ministério das Finanças, a incerteza do panorama macroeconómico atual e as projeções existentes para a economia portuguesa, a previsão de um crescimento de 2,4% afigura-se como provável, mas não prudente", afirma o CFP.

No cenário do Ministério das Finanças, refletido na análise, o CFP destaca em particular a expectativa por parte do Governo em gestão de um crescimento das importações inferior ao que seria expectável face à evolução da procura projetada, e também a previsão de um valor de subida no consumo público superior àquele que é apresentado em projeções das restantes instituições.

Além disso, faz notar que a atualidade das hipóteses externas assumidas pelo ministério de Miranda Sarmento poderá estar "comprometida pela sua data de atualização ser a 26 de março". Ou seja, antes do anúncio de tarifas quase universais da Administração de Donald Trump, a 2 de abril, que tem vindo a precipitar revisões em baixa para a economia internacional. Segundo o CFP, as previsões do Governo "parecem obviar este potencial impacto, podendo ser interpretadas como se realizadas num momento anterior a este choque".

A análise do CFP é conhecida no mesmo momento em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) dá conta, nesta sexta-feira, de uma contração significativa do PIB no primeiro trimestre (-0,5% na evolução em cadeia), contrariando a perspetiva de um efeito de arrastamento acentuado em 2025.

Recorde-se que a base elevada do PIB alcançada no final do ano passado permitiria - sem mais crescimento, mas também num cenário sem qualquer contração - garantir por si só 1,4% de crescimento económico em 2025, com este chamado efeito de "carry-over" a levar o ministro das Finanças em gestão a admitir possibilidade de um cenário de maior subida do PIB do que a esperada em outubro. Miranda Sarmento chegou a apontar para valores em torno de 2,5%, acabando por inscrever 2,4% na revisão das previsões de médio prazo enviadas a Bruxelas.

CFP sem dados para avaliar despesa líquida

A análise do Conselho das Finanças Públicas incide também sobre as previsões para evolução da despesa primária líquida, o indicador operacional para vigilância do cumprimento do Pacto de Estabilidade e Crescimento e que surgirá também com dados revistos pelo Governo no relatório de progresso. 

Nas conclusões, assume resultados diferentes dos do Governo - mais penalizadores - para o impacto que terão tido as medidas já adotadas com impacto na receita fiscal, como as reduções no IRS e IRC, e consequentemente para a evolução de despesa projetada. Mas admite também não ter tido acesso à metodologia adotada no quadro das regras europeias, defendendo a necessidade de "acesso atempado e completo a informação suficientemente detalhada relativamente à execução orçamental da receita e aos desenvolvimentos metodológicos acordados entre os Estados-Membros e a CE".

Para o CFP, "as dificuldades na estimativa da despesa líquida aqui refletidas reforçam a necessidade de um protocolo entre o CFP e o Ministério das Finanças (MF). Não obstante solicitado pelo CFP, o MF não explicou a metodologia seguida nem forneceu os dados necessários para suportar a estimativa", sobretudo das medidas discricionárias de receita de IRS e ISP".

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