Tectos às rendas: "devemos pensar nesta solução de forma muito cuidadosa"

Um "mercado precário", de difícil acesso e com grandes consequências sociais. Para resolver esta crise habitacional, Sandra Marques Pereira defende um pacote de medidas que passam por mais construção e que podem passar por regulamentação dos preços.
Tectos às rendas: "devemos pensar nesta solução de forma muito cuidadosa"
Ricardo Jesus Silva e Inês Santinhos Gonçalves 15 de Maio de 2025 às 15:13

A medida contaminou o debate sobre a habitação para estas legislativas. Os tectos às rendas foram propostos, por exemplo pelo Bloco de Esquerda, para combater as dificuldades de acesso ao mercado habitacional, sentidas principalmente por parte das camadas mais jovens da população. 

Sandra Marques Pereira, investigadora do DINÂMIA'CET – Iscte, considera que esta medida deve ser equacionada, mas "de forma cautelosa" e inserida num "pacote de medidas que articulem diferentes tempos e que tenham capacidade de ação em diferentes áreas, que estabilizem e moralizem o mercado de arrendamento". "[Esta medida] tem inúmeras possibilidades e formas de implementação, de forma a mitigar efeitos perversos que possam decorrer da sua aplicação", afirmou ainda em entrevista ao Negócios no NOW. 

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A investigadora defende que um maior volume de construção deve fazer parte deste pacote de medidas para resolver a crise habitacional, mas relembra que este não deve ser direcionado apenas "para os segmentos tradicionalmente mais carenciados, mas também para a classe média". "Os preços atingiram valores incomportáveis e até imorais. A construção é um processo muito longo. Estas soluções são muitíssimos lentas", explicou ainda.

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Sandra Marques Pereira classifica a situação atual como "gravíssima" e aponta o dedo ainda para as consequências sociais e mentais que "um mercado precário" pode ter nas gerações mais jovens. "Isto coloca problemas de autonomização, de concretizar projetos privados e profissionais, mesmo a nível da saúde mental. As pessoas não podem sair da casa dos pais ou têm de partilhar casa com outras pessoas", concluiu. 

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