Alojamento local com perfil para habitação “é residual”, diz setor
A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) defende que os imóveis que atualmente estão dedicados a esta atividade dificilmente passam para a habitação permanente, como o Governo pretende que aconteça. Desde logo porque uma maioria de 72% "está fora dos grandes centros urbanos e são casas de férias" e "como tal, nunca irão para habitação permanente ou arrendamento". Por outro lado, "uma grande parcela" dos AL nos centros urbanos - "mais de metade no Porto e em Lisboa" - é composta por "pequenos proprietários de T0 e T1", com "áreas diminutas e várias deficiências por estarem nas zonas históricas", o que faz com que não sejam adequados para habitação permanente.
PUB
Numa altura em que está em consulta pública o pacote do Governo para a Habitação, com várias medidas dirigidas em particular ao setor, a ALEP elaborou um documento em que enumera os problemas detetados e apresenta também um conjunto de propostas para enviar ao Executivo.
Ainda relativamente ao uso, para habitação, dos imóveis em AL, o documento sublinha que em Lisboa e Porto, onde o mercado da habitação está mais pressionado, "uma parcela significativa [do AL] pertence a estrangeiros atraídos pelos vários incentivos criados por este mesmo Governo", pessoas que "compraram o imóvel como uma segunda habitação da qual fazem uso, ou precisam mesmo como residência principal, por isso o arrendamento não é uma alternativa".
PUB
O Governo quer convencer os proprietários de imóveis em AL a passar para o habitacional e tem várias medidas nesse sentido, desde incentivos fiscais a outras, como a criação de uma contribuição extraordinária sobre o AL, o fim das licenças permanentes, ou mais facilidades para que os condomínios possam promover o encerramento de unidades nos prédios em propriedade horizontal.
A ALEP diz que "o programa Mais Habitação pode matar o Alojamento Local que representa 42% das dormidas turísticas do país" e lembra que estão em causa "pelo menos 60.000 pessoas, cujo rendimento depende diretamente desta atividade".
PUB
Pacto "de sustentabilidade"
A associação insiste em que "há espaço para uma convivência sustentável entre Alojamento Local e Habitação" e avança com um conjunto de propostas no sentido de minimizar os prejuízos. A começar por um pacto de sustentabilidade entre esta atividade económica e a habitação, de forma a impedir o registo de novos alojamentos em imóveis com arrendamento habitacional nos dois anos anteriores.
PUB
Por outro lado, a ALEP defende que seja alargada a competência das câmaras municipais, mantendo a gestão do AL, mas "adicionando instrumentos mais flexíveis e uma gestão mais flexível e não punitiva". Nomeadamente, permitindo às câmaras "a criação de zonas de sustentabilidade e não apenas de contenção", como agora acontece.
Acabar com os registos fantasma
PUB
Quanto aos registos inativos, conhecidos como "fantasmas", a ALEP defende que a lei deve passar a prever "o cancelamento por inatividade e suspensão".
Aqui a proposta é que se defina o conceito de inatividade "baseado num período seguido sem faturação ou através de outros indicadores" e que se permita o cancelamento dos mesmos". Isso juntamente com a "possibilidade de haver pedidos de suspensão temporária de registos por motivos justificados como obras e outros".
PUB
Tal como o Negócios noticiou, há em Lisboa e no Porto cerca de cinco mil registos de AL que não se encontram em atividade, de acordo com informação fornecida pelas respetivas câmaras municipais.
Saber mais sobre...
Saber mais Associação do Alojamento Local em Portugal ALEP AL Habitação Alojamento Local habitação e urbanismoMais lidas
O Negócios recomenda