Setor da distribuição diz que tem 169 obrigações fiscais para cumprir por ano

Pelas contas do levantamento pedido pela APED, as empresas do setor da distribuição têm de assegurar mais de 10 obrigações por mês. Empresas pedem fusão dos pagamentos antecipados de IRC.
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Miguel Baltazar/Negócios
Susana Paula 28 de Novembro de 2019 às 11:00

O setor da distribuição tem um conjunto de 169 obrigações fiscais para cumprir por ano. A conclusão é de um estudo da sociedade de advogados Sérvulo & Associados para a Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), que reúne as grandes cadeias de retalho como o Pingo Doce, Continente ou o Ikea, divulgado nesta quinta-feira, 28 de Novembro.

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Do universo de obrigações existentes, a sociedade selecionou os impostos, taxas e tarifas que, de um modo geral, todas as empresas do setor da distribuição se encontram vinculadas a cumprir: são 109 obrigações de pagamento (das quais 73 impostos e 36 taxas) e 60 obrigações acessórias (59 impostos e uma taxa). 

Contas feitas, cada empresa tem de cumprir, em média, seis obrigações de pagamento e mais cinco obrigações acessórias por mês. 

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Além destas obrigações, a APED considera que a complexidade do sistema fiscal português é agravada pela existência de inúmeras orientações administrativas da Autoridade Tributária e Aduaneira. "Apesar de a maior parte já se encontrar disponível no Portal das Finanças, muitas são antigas e não se encontram acessíveis", afirma a associação.

Para a associação, esta "multiplicidade de pagamentos referentes a impostos, taxas, tarifas e contribuições, bem como de obrigações acessórias e a inexistência de um regime geral" tornam o sistema fiscal "complexo", e ineficaz na atração de investimento. 

As constantes alterações legislativas, a ausência de clarificação atempada sobre temas relevantes, a utilização de termos vagos ou ambíguos que prejudicam a clareza da legislação são algumas das dificuldades apontadas pela APED no cumprimento destas obrigações fiscais.

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Setor pede fusão de pagamentos antecipados de IRC

Perante este cenário, a APED apresenta vários casos internacionais que considera serem "boas práticas": a criação de uma "entidade para a redução da carga fiscal", composta por representantes de empresas e fiscalistas, e de uma plataforma única de comunicação com o Estado.

Por outro lado, o setor pede, entre outros, a fusão dos pagamentos antecipados de IRC. Atualmente existem três mecanismos distintos para efetuar pagamentos antecipados: o pagamento especial de conta (só as empresas que cumpram as suas obrigações fiscais estão dispensadas do PEC), o pagamento por conta e o pagamento adicional por conta-limitação. "Propõe-se que os PPC e os PAC sejam fundidos num só pagamento com uma única regra de cálculo dedutível à coleta e à tributação autonóma", afirmam as empresas.

Ao Negócios, o diretor-geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, defendeu ainda a criação de uma entidade única de pagamentos. "Queremos chamar a atenção para a necessidade de simplificação", disse. Questionado sobre qual tem sido a reação do Governo às reivindicações do setor, lembrou o trabalho conjunto na desmaterialização das faturas. 

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