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SIFIDE via fundos acaba, mas terá cinco anos para ainda realizar investimento

O chamado regime do SIFIDE indireto termina no final deste ano, mas o dinheiro que já foi colocado em fundos de investimento poderá ainda ser usado nos próximos cinco anos. Em causa estão cerca de mil milhões de euros que estavam "parados".

Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou que acaba o SIFIDE indireto
Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, anunciou que acaba o SIFIDE indireto Manuel de Almeida Lusa/EPA
16:19

Os investimentos em investigação e desenvolvimento (I&D) efetuados por via indireta, nomeadamente através de fundos de investimento, vão perder os benefícios fiscais no âmbito do Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial (SIFIDE), mas poderão ainda usar o dinheiro que foi ou ainda vai ser parqueado até ao final deste ano por um período de cinco anos.

O fim dos benefícios fiscais através de investimento de fundos que foi aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros já estava sinalizado no relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado para 2026, dando seguimento à recomendação da unidade que estudou os benefícios fiscais - U-TAX - para eliminação do mesmo. Quanto ao regime geral, é prorrogado para 2026.

"É importante clarificar que para os investimentos colocados nos fundos até ao final deste ano tem um período transitório", anunciou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, acrescentando que "este período transitório permite que os fundos que estão parados" - no valor de "mil milhões de euros" - ainda possa ser usado.

O ministro da Presidência detalhou que o "fim do SIFIDE indireto através de fundos vale para o futuro, para os dinheiros e as contribuições feitas até ao final do ano. E o dinheiro que já lá está é dado um prazo de agora até cinco anos para estes investimentos serem realizados", permitindo que "uma parte destas contribuições, até cerca de 20%, sejam possíveis de investir não apenas estritamente em investigação e desenvolvimento, mas também em inovação produtiva complementar e ligada a essa investigação e desenvolvimento."

O SIFIDE, recorde-se, é o benefício fiscal mais utilizado pelas empresas e foi objeto de análise pelos peritos da Unidade Técnica de Avaliação de Políticas Tributárias e Aduaneiras (U-TAX) que este ano levaram a cabo uma avaliação ao atual sistema de benefícios fiscais. O relatório, conhecido em julho, concluiu que há muito dinheiro parqueado nos fundos à espera de ser aplicado - cerca de dois mil milhões de euros -, não obstante a despesa fiscal crescer todos os anos fazendo do SIFIDE o benefício em IRC que mais pesa em termos de despesa fiscal - 900 milhões em 2024, metade correspondendo a SIFIDE indireto.

“Uma parte significativa do investimento realizado pelas empresas” está atualmente “retida nos fundos de investimento e nas empresas-alvo, não sendo aplicada em atividades de I&D”, sublinhava a U-TAX, que recomendava, precisamente, "a extinção do SIFIDE indireto para novas candidaturas".

Mais de 600 milhões de poupança

Com o fim do SIFIDE indireto, o Governo aponta para uma poupança superior a 600 milhões de euros de despesa fiscal, ou seja, receita de que deixa de abdicar, que, indica, servirá para baixar impostos.

"É necessário empurrar este dinheiro para a economia para verdadeira investigação e desenvolvimento, inovação produtiva e trazer já agora despesa fiscal muito significativa. Quando falamos de 630 milhões de euros, estamos a falar de muito dinheiro que permite, eliminando este benefício fiscal, reduzir os impostos para todos em IRS e em IRC", apontou António Leitão Amaro. O valor é referente ao ano de 2023.

No relatório do OE 2026, o Executivo calculou o impacto do fim deste regime e sublinha que o SIFIDE indireto poderá implicar uma redução de 124,2 milhões de euros na despesa fiscal associada já em 2026; de 162,6 milhões de euros em 2027; de 171,1 milhões em 2028; 176,7 milhões em 2029 e 179,2 milhões de euros em 2030, “calculado face à 'baseline'”, ou seja, mais de 800 milhões de euros até ao final da década.

Notícia atualizada às 17:00 com mais informação

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