Ex-procurador acusa Proença de Carvalho de tentar comprar o seu silêncio
Orlando Figueira entregou esta semana um documento-surpresa de 44 páginas ao colectivo de juízes que o vai julgar onde garante que Proença de Carvalho lhe prometeu um emprego no futuro bem como pagar-lhe boa parte das despesas de representação com o processo. Tudo em troca de o ex-procurador não implicar Carlos José da Silva, vice-presidente do BCP, escreve a Sábado na sua edição desta quinta-feira, 7 de Dezembro.
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Segundo a revista, que teve acesso ao documento entregue por Orlando Figueira, o procurador considera que "chegou a altura de dizer basta e de contar toda a verdade!". E, nas páginas que fez chegar aos juízes, diz que fez um "acordo de cavalheiros" com Proença de Carvalho. Recebia a garantia de um emprego futuro e o pagamento de boa parte das despesas com a defesa oficial, em troca de não contar que fora o angolano Carlos José da Silva, vice-presidente do BCP e presidente do Banco Privado Atlântico Europeu, quem acertou os pagamentos que entraram nas contas de Orlando Figueira quando este pediu uma licença sem vencimento da Procuradoria Geral da República para ingressar no sector privado - e que estão no centro da investigação da Operação Fizz.
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Orlando Figueira garante que Carlos Silva terá pago muitos milhares de euros para que ele fosse defendido: durante dois anos, e apesar de ter os seus bens arrestados, foi representado por Paulo Sá e Cunha, um dos penalistas mais caros do mercado, descreve a Sábado. Só recentemente é que Figueira dispensou os serviços do advogado e pediu representação oficiosa.
A tese de que Proença de Carvalho e Carlos Silva são as principais figuras no esquema de corrupção de que Orlando Figueira é acusado, e em que o ex vice-presidente de Angola Manuel Vicente é indiciado por corrupção activa, é também partilhada pelo advogado Paulo Blanco (outro dos arguidos). Segundo a Sábado, que cita um requerimento entregue por Blanco no tribunal, o advogado diz que "o MP sabe – e tem elementos no processo que o demonstram – que não perseguiu quem podia perseguir, inflectindo no sentido de arquitectar uma versão dos factos que nada coincidiu com a realidade". Contudo, estes apenas foram ouvidos como testemunhas no processo.
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Em resposta à Sábado, tanto Proença de Carvalho como Carlos Silva negam categoricamente as acusações. "Não tive qualquer intervenção, nem sequer conhecimento no processo de saída do sr. Orlando Figueira do Ministério Público nem no seu percurso profissional subsequente", garante Proença de Carvalho, classificando como "notícias falsas" que "procuram lançar a confusão" as informações que têm sido difundidas sobre o processo.
Carlos Silva, por seu turno, desmente "cabalmente todas as insinuações sobre alegados contactos, directos ou indirectos, com o dr. Orlando Figueira para tratamento de assuntos relacionados com o seu percurso profissional ou preparação da sua defesa".
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