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Sócrates nega interferência no TGV e vai interromper declarações em tribunal

O ex-primeiro-ministro promete falar mais tarde sobre o caso das casas da sua mãe, o apartamento de Paris, os empréstimos de Carlos Santos Silva e ainda sobre "a tal fortuna escondida".

José Sócrates interrompe declarações no julgamento Operação Marquês, em Lisboa
José Sócrates interrompe declarações no julgamento Operação Marquês, em Lisboa Filipe Amorim / Lusa - EPA
13:54

José Sócrates decidiu esta quarta-feira que vai interromper as suas declarações em tribunal no âmbito do julgamento do processo Operação Marquês, pediu uma data à juíza para voltar a falar e negou intervenção no concurso do TGV.

Na décima sessão de julgamento, e depois de nove sessões a prestar declarações, o antigo primeiro-ministro disse ter decidido que não vai continuar a falar, alegando cansaço e deixando para mais tarde o resto do seu depoimento perante o coletivo de juízes.

"Eu não posso continuar assim, isto assim não pode durar sempre. Deliberei que não faço mais declarações" a partir desta quarta-feira, disse José Sócrates, acrescentando não querer falar "à pressão", nem admitir "que o tribunal seja tão violento".

José Sócrates sugeriu, "para se defender fisicamente", terminar hoje as suas considerações até 2011, ano em que deixou o cargo de primeiro-ministro e pediu à juíza presidente do coletivo "que diga um dia para voltar".

Nesse dia a definir, Sócrates prometeu falar sobre o caso das casas da sua mãe, o apartamento de Paris, os empréstimos de Carlos Santos Silva e ainda sobre "a tal fortuna escondida".

Tal como tem acontecido nas sessões anteriores, o ex-primeiro-ministro, agora acusado de 22 crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, tem negado todos os pontos da acusação deduzida pelo Ministério Público.

Além de ter voltado a negar ter recebido dinheiro do seu primo e também arguido José Paulo Pinto de Sousa, o ex-primeiro-ministro apontou o dedo aos procuradores do Ministério Público e chegou a pedir aos três magistrados que apresentem provas, um "pedido insistente", sublinhou o procurador Rómulo Mateus.

"O tal caminho do dinheiro é uma loucura tão grande, a vontade de acusar era tanta, que identificaram uma transferência e viram à volta o que aconteceu", considerou José Sócrates.

José Sócrates negou qualquer interferência no negócio da concessão do TGV, tendo mesmo dito que se limitou a presidir ao Conselho de Ministros em que o projeto foi aprovado. "O senhor procurador achou que devia atribuir-me toda a intenção dessa resolução".

Já à saída do tribunal, na pausa para almoço, o ex-primeiro-ministro fez referência ao despacho proferido pelo juiz responsável pela parte mais pequena do processo Operação Marquês, distribuído em julho. De acordo com o despacho avançado pela Sic, o juiz que recebeu este processo mais pequeno criticou a juíza Susana Seca, que preside ao coletivo do processo principal que decorre agora, por esta ter remetido o processo mais pequeno para distribuição.

"Há aqui um conflito que tem de ser resolvido", referiu José Sócrates, acrescentando que "contra José Sócrates vale tudo, José Sócrates deixou de ter direitos há mais de dez anos".

O antigo primeiro-ministro é um dos 21 arguidos da Operação Marquês e responde maioritariamente por corrupção e branqueamento de capitais.

Os 21 arguidos têm, em geral, negado a prática dos 117 crimes económico-financeiros que globalmente lhes são imputados.

O julgamento começou em 3 de julho no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

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