Donald Trump não pode despedir governadora da Fed, decide tribunal

O braço de ferro entre o Presidente dos EUA, Donald Trump, e os membros da Reserva Federal (Fed) continua a dar que falar. Desta vez, uma juíza de um tribunal de Washington decidiu que, por enquanto, Trump não pode despedir a governadora Lisa Cook, tal como o líder americano ambicionava.

Segundo a decisão da juíza Jia Cobb, a causa invocada por Trump – uma alegada falsificação de documentos para conseguir empréstimos para a habitação mais favoráveis, um caso que está a ser analisado pela justiça norte-americana – não é motivo suficiente para justificar o afastamento de Cook.

"A melhor leitura para 'a causa' [do despedimento] é que a base para o afastamento de um membro do Conselho de Governadores está limitada a preocupações relacionadas com o comportamento no exercício das funções e se tem cumprido de forma fiel e eficaz os seus deveres estatutários", sublinhou a juíza, citada pela agência de notícias Bloomberg.

Em reação à decisão, o advogado da governadora Lisa Cook considera que esta decisão "reconhece e reafirma" a independência da Fed relativamente ao poder político.

"Permitir que o Presidente despeça ilegalmente a governadora Cook com base em alegações vagas e infundadas colocaria em perigo a estabilidade do nosso sistema financeiro e minaria o estado de direito", atirou Abbe Lowell.

Tanto a Casa Branca como a Fed não comentaram ainda a notícia.

Donald Trump publicou a carta de despedimento de Lisa Cook no dia 26 de agosto, mas rapidamente a governadora reagiu, dizendo que não aceitaria essa decisão do presidente e que iria lutar pelo seu mandato na justiça.

Esta decisão abre portas para que Lisa Cook possa participar na próxima reunião do banco central norte-americano, que acontece nos dias 16 e 17 de setembro, e para a qual tem havido grande expectativa, com os mercados a anteciparem um corte nas taxas de juro diretoras.

A agora batalha legal entre a Casa Branca e Lisa Cook aconteceu numa altura em que tanto Trump como outros elementos da sua administração têm pressionado publicamente a Fed a fazer um corte significativo nas taxas de juro de referência.