Lula da Silva pede a Trump retirada de tarifas e sanções sobre o Brasil

O Presidente norte-americano que as discussões irão continuar e que os dois vão reunir-se "num futuro não muito distante”. Lula da Silva pediu ao homólogo norte-americano a retirada das tarifas aplicadas a produtos brasileiros e as sanções a autoridades brasileiras.
Lula da Silva falou com Trump por telefone
Eraldo Peres/AP
Lusa 19:41

O Presidente dos Estados Unidos enalteceu a “excelente conversa telefónica” que manteve esta segunda-feira com o chefe de Estado brasileiro, centrada na economia e comércio, e disse que os dois se iriam encontrar “num futuro não muito distante”.

“Esta manhã, tive uma excelente conversa telefónica com o Presidente Lula, do Brasil. Falámos sobre muitos assuntos, mas o foco principal foi a economia e o comércio entre os nossos dois países”, escreveu Donald Trump na sua rede social sobre a conversa telefónica com Lula da Silva que durou cerca de 30 minutos.

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O Presidente norte-americano disse ainda que as discussões irão continuar e que os dois vão reunir-se "num futuro não muito distante, tanto no Brasil como nos Estados Unidos”.

“Gostei muito da chamada — “os nossos países vão sair-se muito bem juntos!”, enfatizou Trump.

Mais cedo, uma nota da Presidência brasileira deu conta que, durante a conversa telefónica, Lula da Silva pediu ao homólogo norte-americano a retirada das tarifas aplicadas a produtos brasileiros e as sanções a autoridades brasileiras.

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Lula da Silva "solicitou a retirada da sobretaxa de 40% imposta a produtos nacionais e das medidas restritivas aplicadas contra autoridades brasileiras", indicou o Governo brasileiro.

"Ambos os líderes acordaram encontrar-se pessoalmente em breve", lê-se na mesma nota, com Lula propor a possibilidade do encontro se realizar durante a cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que ocorre na Malásia a partir de 26 de outubro.

Para além disso, Lula da Silva mostrou-se disponível para viajar até aos Estados Unidos.

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O chefe de Estado brasileiro recordou a Donald Trump "que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superavit [excedente] na balança de bens e serviços", reforçando assim um dos argumentos brasileiros para demonstrar a injustiça comercial das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Na conversa, que decorreu "em tom amistoso", os líderes recordaram a "boa química que tiveram em Nova Iorque por ocasião da Assembleia Geral da ONU", sendo que agora "trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação", disse o Governo brasileiro.

Donald Trump designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para dar sequência às negociações com o vice-Presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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Do lado do Governo brasileiro, a conversa foi acompanhada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad e Sidônio Palmeira, bem como pelo assessor especial, Celso Amorim.

Os Estados Unidos e o Brasil vivem uma crise diplomática sem precedente desencadeada, numa primeira fase, pela presidência brasileira nos BRICS, mas, principalmente, pelo processo que levou à condenação a 27 anos e três meses de prisão do ex-Presidente Jair Bolsonaro, aliado político de Donald Trump.

Donald Trump, que vê o julgamento como uma "caça às bruxas" contra Jair Bolsonaro, já foi avisado várias vezes por Lula da Silva de que a soberania brasileira não está na mesa de discussões entre os dois países.

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Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro.

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