“Prendam-na”? Ivanka Trump e outros conselheiros usaram emails pessoais na Casa Branca
Depois de uma campanha inteira centrada em torno da utilização de um email pessoal por Hillary Clinton, os órgãos de comunicação social norte-americanos noticiam que pelo menos seis dos conselheiros mais próximos de Donald Trump utilizaram contas de email pessoais para discutir temas relacionados com a Casa Branca.
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No domingo, o Politico avançou que Jared Kushner, genro e conselheiro de topo do presidente dos EUA, usou um email pessoal para enviar ou receber cerca de 100 emails. Ao longo do dia de ontem foram revelados mais nomes, com a Newsweek a escrever que esse comportamento também era praticado pela filha de Donald Trump (e mulher de Jared Kushner), Ivanka Trump.
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A revista cita um relatório da American Oversight que nota que em Fevereiro deste ano, Ivanka enviou um email a Linda McMahon (líder da agência governamental responsável pelas pequenas empresas) sobre possibilidades de colaborarem sobre empreendedorismo feminino. A origem do email era uma conta pessoal. Ivanka era na altura uma conselheira não paga, mas fontes da Casa Branca dizem ao New York Times que isso voltou a acontecer já depois de o cargo se ter tornado oficial.
Os jornais americanos escrevem que pelo menos seis dos conselheiros mais próximos do presidente Trump têm usado emails pessoais para discutir assuntos relacionados com a governação do país. Além de Jared Kushner e Ivanka Trump, Stephen Bannon e Reince Priebus também o faziam, assim como Gary Cohn e Stephen Miller. Mesmo depois de pedidos para que deixassem de usar contas pessoais, estes conselheiros continuaram a fazê-lo.
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Congressistas republicanos e democratas exigem saber mais sobre a utilização destas contas, uma vez que levanta questões de segurança informática e transparência. Pedem também para que não sejam apagados os emails enviados e recebidos.
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Embora não seja ilegal usar emails pessoais para este tipo de comunicações, os membros da Casa Branca têm de os reencaminhar para os emails oficiais, para que o seu conteúdo possa ser escrutinado. Em resposta aos jornalistas, Sarah Huckabee Sanders, porta-voz da Casa Branca, disse ontem que "todo o pessoal da Casa Branca recebeu instruções para utilizar emails oficiais para qualquer tarefa relacionada com o governo" e que caso recebam informação nos seus emails pessoais "a devem reencaminhar para as contas de email oficiais".
O tema recebe mais atenção devido ao contraste entre este comportamento e a forma como Donald Trump e a sua campanha trataram Hillary Clinton e a sua utilização de uma conta de email pessoal enquanto exerceu o cargo de secretária de Estado durante a Administração Obama. O tema foi central durante toda a campanha – foi aliás o tema mais coberto pelos media norte-americanos -, com Trump a acusá-la de sucessivamente de ter cometido um crime, enquanto os seus apoiantes costumavam gritar "lock her up!" (prendam-na!).
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Ainda assim, é justo notar que o caso de Clinton era potencialmente mais grave. Não só havia uma investigação do FBI a decorrer, como o seu cargo era mais relevante – responsável por conduzir a política externa dos Estados Unidos –, havia informação confidencial a ser guardada num servidor pessoal e o volume de emails era muito maior, uma vez que Clinton o usava em exclusivo, aponta o NYT.
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