Trump contra-ataca e quer governadora Lisa Cook destituída até 2.ª feira
O governo de Donald Trump solicitou a um tribunal de recurso que destitua Lisa Cook do Conselho de Governadores da Reserva Federal (Fed) até segunda-feira, antes de o banco central discutir uma baixa da taxa de juro de referência.
O pedido representa um esforço extraordinário da Casa Branca para alterar a composição do Conselho antes de o Comité de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em Inglês), que decide o nível da taxa de juro, reunir na próxima terça e quarta-feira.
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Ao mesmo tempo, senadores republicanos estão a procurar confirmar Stephen Miran, uma escolha de Trump, para ocupar um lugar disponível no Conselho, o que pode acontecer já na segunda-feira.
Trump quis demitir Cook em 25 de agosto, mas um juiz federal decidiu na terça-feira que a remoção era ilegal e repô-la no Conselho.
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Trump tinha acusado Cook de fraude com créditos imobiliários porque indicava duas propriedades como "residências primárias" em julho de 2021, antes de integrar o Conselho de Governadores. Tal indicação pode levar a uma taxa de juro do empréstimo mais baixa e a pagamentos menores do que se tivesse declarado uma das casas como sendo para alugar ou segunda residência. Cook negou as acusações.
Na terça-feira, a juíza Jia Cobb decidiu que o governo não cumpriu a estipulação legal segundo a qual os governadores da Fed só podem ser demitidos "por causa", situação esta que, especificou, está limitada a más condutas enquanto estiver no cargo. Cook não integrou o Conselho de Governadores até 2022.
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No seu apelo de emergência, os advogados da Casa Branca argumentam que, mesmo que a conduta tenha ocorrido antes de ser governadora, a sua alegada ação "coloca inquestionavelmente em questão a confiabilidade de Cook e se pode ser uma administradora responsável das taxas de juro e da economia".
O governo solicitou uma decisão do tribunal de recuso com urgência até segunda-feira. Se o recurso for bem-sucedido, Cook seria removida do cargo até que o caso fosse resolvido definitivamente pelos tribunais e já não participaria na reunião do FOMC na próxima semana.
Se o tribunal de apelo decidir em favor de Cook, o governo pode solicitar uma decisão de emergência do Supremo Tribunal.
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Em qualquer dos casos, é esperado que a Fed corte a sua taxa de juro de referência em um quarto de ponto percentual.
Se Miran, um dos principais conselheiros de Trump, for aprovado a tempo de participar na próxima reunião do FOMC pode pressionar para um corte superior, de meio ponto percentual.
Mas os dirigentes da Fed que votam sobre se se corta a taxa e por quanto são 12, incluindo os sete do Conselho de Governadores, a que se juntam cinco dos 12 presidentes dos bancos regionais do Sistema da Reserva Federal, que votam de forma rotativa.
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Os outros dois já indicados por Trump para a Fed - Christopher Waller and Michelle Bowman --- podem também apoiar um corte de meio ponto percentual, mas vários dos presidentes dos bancos da Fed já expressaram preocupações com a inflação elevada e é praticamente adquirido que se iriam opor a uma redução tão grande.
Se a Fed aprovar um corte de um quarto de ponto percentual é provável que haja votos dissidentes, tanto dos que preferem cortes superiores, como dos que entendem que não deve haver qualquer corte.
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