Papa Francisco espalha mensagens contra corrupção e tráfico de droga no México

Corrupção, tráfico de droga, igualdade e dignidade. Mensagens que o papa Francisco tem transmitido na sua visita ao México, iniciada depois do encontro histórico com o patriarca ortodoxo russo Kirill.
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Alexandra Machado 14 de Fevereiro de 2016 às 22:39

Foi ao som de uma banda mariachi que o papa Francisco chegou ao México, sexta-feira, para uma visita de cinco dias. O segundo maior país católico no mundo, recebeu, como se esperava, o chefe da Igreja católica com euforia. Segundo os relatos da imprensa internacional, era ao som de gritos de "Francisco, irmão do povo mexicano!" que milhares de fiéis receberam o papa Francisco, na sua primeira visita ao México, e depois de ter passado por Cuba para mais um encontro histórico.

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Foi na capital cubana, Havana, que se encontrou - sob o olhar de Raul Castro - com o patriarca ortodoxo russo Kirill. O anúncio deste encontro aconteceu a 5 de Fevereiro. O encontro foi catalogado de histórico, já que foi o primeiro desde que há mais de mil anos (1054) as os dois braços do cristianismo se separaram. "Finalmente", disse Francisco quando abraçou e beijou Kirill. "Somos irmãos", disse, ainda, segundo relatou a Reuters.

O histórico encontro entre papa Francisco e o patriarca ortodoxo russo Kiril
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No final, as declarações de paz. "Os resultados do encontro permitiram assegurar que actualmente as duas igrejas podem cooperar para defender o cristianismo no mundo", afirmou o patriarca da igreja ortodoxa russa, depois do encontro, citado pela Lusa. O papa Francisco afirmou, por seu lado, que ambos coincidiram que na "unidade se faz o caminho".

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Today is a day of grace. The meeting with Patriarch Kirill is a gift from God. Pray for us.

E foi depois deste encontro histórico que Francisco seguiu para o México, onde foi recebido pelo presidente Enrique Peña Nieto e ao som dos "mariachi", mas foi de corrupção e de tráfego de droga que as primeiras palavras se dirigiram. Na sua língua-mãe, o espanhol, o papa argentino começou a sua visita de cinco dias ao México instou o Governo de Peña Nieto a combater os dois flagelos. Foi logo no Palácio Nacional que Francisco fez o primeiro discurso, dizendo que "a experiência mostra-nos que cada vez que procuramos o caminho do privilégio ou benefício de uns poucos em detrimento do bem de todos, mais tarde ou mais cedo a vida da sociedade torna-se num terreno fértil para a corrupção, narcotráfico, exclusão das culturas diferentes, violência, incluindo tráfico de pessoas, sequestro e morte, causando sofrimento e travando o desenvolvimento". E, por isso, acrescentou os líderes mexicanos "têm uma obrigação particular" no combate à corrupção e violência.

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Um escândalo mais recente divulgou conversas telefónicas em que gestores da empresa espanhola OHL foram apanhados a discutir o pagamento de viagens a altos quadros do Estado mexicano. A OHL, que tem em mãos obras como o viaduro Bicentenário e várias auto-estradas, negou as acusações.

Do discurso no Palácio Nacional, o papa Francisco falou com bispos na capital mexicana, pedindo-lhes para não temerem a transparência. "Não se deixem corromper pelo materialismo nem pelas ilusões dos acordos debaixo da mesa". E segundo a Reuters exortou-os a terem uma atitude mais activa na luta contra a droga, que "devora como uma metástase". O México é um dos países onde o tráfico de droga mais se intensificou. E de acordo com a Reuters mais de 100 mil pessoas foram mortas devido ao problema e cerca de 26 mil estão desaparecidas na última década.

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Palavras que têm também expressão na agenda que Francisco preparou para estes cinco dias no México. A primeira missa foi na Basílica de Guadalupe, onde foi recebido por meio milhão de pessoas. Dentro da Basílica, cinco mil pessoas. Aqui o papa rezou.

Simply looking at you, O Mother, to have eyes only for you, looking upon you without saying anything... pic.twitter.com/CEBGRLC7ZJ

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A visita ao México está rodeada de preocupações, tendo merecido a mobilização de 13 mil polícias federais e meios operacionais, diz a Lusa, incluindo mais de mil viaturas e 13 aeronaves. Várias serão as deslocações no "papamóvel", o que aliás já aconteceu diversas vezes desde a sua chegada ao México. 

A visita é, pois, rodeada de especial cuidado, até porque este domingo o papa escolheu visitar um dos bairros mais pobres e violentos do México, a cidade de Ecatepec, que fica nos arredores da Cidade do México. É a primeira vez que um líder da Igreja Católica visita esta cidade de quatro milhões de habitantes, e aí voltou a denunciar a desigualdade da sociedade e a vaidade dos que se consideram melhores que os outros.

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"Essa riqueza que sabe a dor, piedade e sofrimento. Esse é o pão que uma família ou uma sociedade corrupta dá a uma criança". O México é a origem de um dos homens mais ricos do mundo, o empresário Carlos Slim, lembra a Reuters. Segundo a Agência Ecclesia, o papa celebrou missa perante 400 mil pessoas, denunciando os "traficantes da morte", desafiando os mexicanos a construírem "uma terra que não tenha de chorar homens e mulheres, jovens e crianças que acabam destruídos nas mãos dos traficantes da morte. Uma terra onde não haja necessidade de emigrar para sonhar; onde não haja necessidade de se deixar explorar para ter emprego; onde não haja necessidade de fazer do desespero e da pobreza de muitos ocasião para o oportunismo de poucos".

Nesta sua visita, o papa visitará o Estado de Chiapas, a partir de segunda-feira, para depois se deslocar a Michoacán, estando ainda prevista a visita à cidade fronteiriça Juárez, uma das mais violentas e com mais tráfico de droga e estando prevista a visita a uma prisão (com três mil reclusos). Em vésperas da visita papal, um incidente numa prisão em Monterrey provocou dezenas de mortos.

A visita do papa ao México será concluída em Chihuahua. 

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