OMC: Conflitos comerciais são o maior risco ao crescimento. Comércio trava a fundo em 2019
O agravamento dos conflitos comerciais a nível mundial levou os economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC) a cortarem as previsões de crescimento económico e das trocas comerciais em 2019 num relatório divulgado esta terça-feira, 1 de outubro.
PUB
Se em abril a previsão era de que o comércio mundial de bens ia crescer 2,6% - abaixo dos anos anteriores, mas ainda assim um crescimento expressivo -, a revisão em baixa deixa o crescimento das trocas comerciais de bens nos 1,2% este ano, menos 1,4 pontos percentuais em apenas cinco meses. Para 2020 é projetada uma recuperação da subida para os 2,7% (anteriormente nos 3%).
Quanto ao PIB mundial, prevê-se um crescimento de 2,3% tanto em 2019 como em 2020, abaixo dos 2,6% projetados anteriormente. Esta revisão em baixa da expansão económica a nível mundial tem sido uma constante entre as instituições internacionais como o FMI ou a OCDE. As próprias encomendas de exportações "futuras" já estão em contração, o que permite prever uma deterioração do cenário atual.
PUB
Contudo, a OMC admite que o crescimento mundial poderá ser maior caso as tensões comerciais diminuam e se a política monetária e orçamental melhorarem as condições económicas. É que a vertente comercial é o motor da travagem económica, mas há fatores específicos e estruturais de alguns países que também estão a afetar o crescimento, nomeadamente "a incerteza relativa ao Brexit na União Europeia".
PUB
Europe is forecast to be the region with the slowest growth in merchandise exports in 2019.
Full report of the revised #WTOForecast: https://t.co/FyCctWGfiT pic.twitter.com/kLvYu4DHcc
PUB
Apesar de a OMC não nomear os casos de conflitos comerciais, há mais de um ano que a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China está a criar incerteza com efeitos negativos para vários países, incluindo os da Zona Euro. O conflito entre as duas maiores economias do mundo já registou vários avanços e recuos, mas a tendência subjacente tem sido de agravamento das tarifas de parte a parte. No entanto, também é de notar que há tensões comerciais entre outros países, nomeadamente o Japão e a Coreia do Sul.
"Os conflitos comerciais são o maior risco descendente para as projeções, mas os choques macroeconómicos e a volatilidade financeira também são potenciais gatilhos para uma desaceleração mais acentuada", argumentam os economistas da OMC, assinalando que o crescimento das exportações e das importações travou "em todas as regiões e em todos os níveis de desenvolvimento na primeira metade de 2019".
PUB
Para o diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, os conflitos comerciais estão ter um impacto negativo nas empresas dado que estas adiam investimentos que melhoram a produtividade, o que promove a melhoria das condições de vida dos cidadãos. "A criação de emprego também pode ser prejudicada uma vez que as empresas empregam menos funcionários para produzir bens e serviços para exportação", acrescenta.
PUB
WTO economists now forecast global merchandise trade will grow by 1.2% in 2019. This is a big downgrade: their April estimate was 2.6%. Trade uncertainty is affecting business investment and hiring. It's time to resolve tensions and rebuild confidence in the trading system https://t.co/5qaFJZOkNk
O ambiente de incerteza é também visível nas palavras usadas em relatórios de instituições, empresas ou dos Estados. Segundo a OMC, um índice que mede essa incerteza mundial atingiu este ano um máximo desde 2005, o primeiro ano para o qual há dados. Mas há uma solução:"Resolver os desentendimentos comerciais iria permitir aos membros da OMC evitar esses custos [económicos]", considera Azevêdo, pedindo aos países que cooperem numa reforma da OMC que a torne "mais forte e mais eficaz".
PUB
Saber mais sobre...
Saber mais Organização Mundial do Comércio OMC Roberto Azevedo comércio trocas comerciaisQuem pediu o euro digital?
Mais lidas
O Negócios recomenda