Rouhani responde a Trump: "Jamais ameacem a nação iraniana"

Esta segunda-feira, o presidente dos EUA também usou o Twitter para "gritar" ao mundo as suas convicções sobre o poderio militar do Irão, garantindo que o país "nunca terá armas nucleares".
Reuters
Sábado 06 de Janeiro de 2020 às 22:18

O presidente do Irão, Hassan Rouhani, não deixou as ameaças do homólogo norte-americano sem resposta, tendo deixado um aviso aos EUA e a Donald Trump na rede social Twitter. Uma publicação feita na rede social Twitter horas depois do líder da Casa Branca ter usado o mesmo meio para para "gritar" ao mundo as suas convicções sobre o poderio militar de Teerão. O chefe de estado norte-americano continua a ser criticado pelo ataque que ordenou o assassinato de Qassem Soleimani, comandante da força de elite dos Guardiães da Revolução iranianos, Al-Quds.

"Jamais ameacem a nação iraniana", escreveu Rouhani, respodendo às declarações marciais do seu homólogo norte-americano Donald Trump, que no sábado ameaçou atingir 52 alvos iranianos. "Aqueles que fazem referência ao número 52 deveriam igualmente lembrar-se no número 290. #IR655", diz a mesma publicação, numa referência ao voo Airbus da Iranian Air 655, abatido em julho de 1988 por um navio norte-americano quando sobrevoava o Golfo Pérsico e que provocou 290 mortos. 

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Those who refer to the number 52 should also remember the number 290. #IR655

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Never threaten the Iranian nation.

Mais de 30 anos após este incidente, do qual o Irão ainda aguarda desculpas oficiais dos Estados Unidos, a memória coletiva do país continua a recordar este grave incidente, tal como nos EUA ainda permanece presente a tomada de reféns na sua embaixada em Teerão em 1979, com 52 diplomatas e funcionários mantidos sob detenção durante 444 dias.

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IRAN WILL NEVER HAVE A NUCLEAR WEAPON!

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A escalada da tensão na região teve início quando Qassem Soleimani foi morto na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, no Iraque,ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No mesmo ataque morreu também o 'número dois' da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras oito pessoas.

Tanto para os seus apoiantes, como para os seus críticos, Qassem Soleimani, que desempenhou um papel importante no combate aos 'jihadistas', era encarado como o homem-chave da influência iraniana no Médio Oriente: reforçou o peso diplomático de Teerão, nomeadamente no Iraque e na Síria, dois países onde os Estados Unidos estão envolvidos militarmente.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Donald Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

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O líder supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, prometeu vingar a morte de Soleimani e o Conselho Supremo de Segurança Nacional iraniano disse que a vingança ocorrerá "no lugar e na hora certos".  Trump já ameaçou o Irão com "enormes represálias" caso ocorram ataques iranianos contra instalações norte-americanas no Médio Oriente.

No sábado, Trump advertiu Teerão que os Estados Unidos identificaram 52 - o número de reféns do assalto à embaixada em 1979 - locais no Irão e que serão atingidos "muito rapidamente e muito duramente" caso a República Islâmica decida atacar pessoal militar e civil ou objetivos norte-americanos. Alguns destes locais no Irão "são de alto nível e muito importantes para o Irão e para a cultura iraniana", precisou Trump num tweet, garantindo:  "Os Estados Unidos não querem mais ameaças."

Com Lusa

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