China deixa cair investigação à Google em plena negociação comercial com EUA
Decisão é vista como um sinal de flexibilidade por parte da China, que também terá preferência em focar os esforços negociais na Nvidia.
A China decidiu encerrar uma investigação antimonopólio contra a Google, num sinal de reorientação estratégica em plena negociação com os Estados Unidos sobre o TikTok, a Nvidia e o comércio bilateral, avança esta quinta-feira o Financial Times.
Segundo duas fontes citadas pelo jornal britânico, a Administração Estatal para a Regulação do Mercado (SAMR, na sigla em inglês) optou por pôr fim ao processo relativo à investigação formal aberta em fevereiro, que se centrava no domínio do sistema operativo Android e no impacto sobre fabricantes chineses, como Oppo e Xiaomi.
A decisão visa concentrar esforços regulatórios na norte-americana Nvidia, maior fabricante mundial de semicondutores, transformando a empresa em instrumento de pressão nas conversações com Washington.
Ao mesmo tempo, encerrar o processo contra a Google envia "um sinal positivo" de flexibilidade, apontaram as mesmas fontes.
"Deixa-se cair um caso, mas agarra-se outro", resumiu uma das fontes, acrescentando que a China procura restringir os alvos de retaliação para aumentar a sua eficácia.
Pequim e Washington realizaram esta semana, em Madrid, três dias de negociações comerciais sobre tarifas, controlos de exportação e a venda do TikTok, após anteriores rondas em Genebra, Londres e Estocolmo.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, deverá concluir um acordo sobre a aplicação na sexta-feira, quando falar com o homólogo chinês, Xi Jinping.
De acordo com as fontes, a Google ainda não foi formalmente notificada sobre o fim da investigação.
Entretanto, a SAMR acusou a Nvidia de violar a lei antimonopólio chinesa na aquisição da Mellanox Technologies, fornecedora israelo-norte-americana de produtos de rede, negócio aprovado condicionalmente por Pequim em 2020.
Se confirmada a infração, a Nvidia poderá ser multada entre 1% e 10% das receitas do ano anterior.
Esta semana, o regulador da Internet da China também proibiu grandes empresas tecnológicas, como a ByteDance e a Alibaba, de adquirir processadores de inteligência artificial da Nvidia, nomeadamente o RTX Pro 6000D, desenvolvido especificamente para o mercado chinês.
A China abriu investigações contra Google e Nvidia no início do ano, após a tomada de posse de Donald Trump e a imposição de tarifas elevadas sobre produtos chineses.
Embora o motor de busca da Google e a maioria dos serviços da Alphabet estejam bloqueados na China, a empresa norte-americana mantém operações comerciais no país, incluindo publicidade e serviços de 'cloud' para empresas que visam mercados internacionais, como a plataforma de comércio eletrónico Temu.
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