Kremlin exige à Ucrânia que mude a Constituição
Vladimir Putin apresentou o caderno de encargos para a retirada da Ucrânia. Quer que Kiev reconheça a Crimeia como território russo e exige que rejeite aliar-se a qualquer bloco, o que obriga à revisão da Constituição. Na quinta-feira, a UE discutirá o pedido de adesão da Ucrânia.
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O que antes era apenas especulação agora já é uma certeza. Vladimir Putin definiu ontem as condições para terminar de "imediato" a invasão da Ucrânia e as mesmas foram verbalizadas por Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin. Para acabar com a ofensiva, Putin exige que a Ucrânia reconheça a Crimeia como russa e Donetsk e Luhansk como estados independentes. Além disso, a Rússia exige que a Ucrânia altere a sua Constituição, rejeitando a sua adesão a qualquer bloco, caso da NATO. Peskov foi omisso em relação à União Europeia (UE), mas assegurou que a Rússia pretende uma Ucrânia neutral. Estas reivindicações foram tornadas públicas mesmo antes do início da terceira ronda de negociações entre as delegações ucraniana e russa, tendentes a um cessar-fogo, que decorreram na Bielorrússia. No final da mesma, apenas foram alcançados "alguns resultados positivos no que diz respeito à logística dos corredores humanitários", de acordo com Mykhailo Podoliak, assessor da presidência ucraniana. No imediato, a adesão da Ucrânia à UE parece seguir o seu curso, sendo apadrinhada pela generalidade dos Estados-membros. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, confirmou ontem que os chefes de Estado e governo da União Europeia vão discutir na próxima quinta-feira, durante o encontro informal em Versalhes, o pedido de adesão apresentado pela Ucrânia. "Mantemos um contacto próximo com o Presidente Zelensky. A UE mantém-se firme ao lado da Ucrânia nos esforços para aliviar o sofrimento humano causado pela violência russa e garantir a segurança nuclear. A solidariedade, amizade e apoio sem precedentes da UE à Ucrânia são inabaláveis", escreveu Charles Michel na sua conta de Twitter. Em paralelo, a UE pretende mitigar uma das suas fragilidades em relação à Rússia, consubstanciada na dependência energética. Segundo a Bloomberg, a Comissão Europeia deverá avançar esta terça-feira com medidas para explorar novas geografias para suprir as necessidades de gás da UE, reduzindo a influência de Moscovo. O objetivo é o de cortar em 80% a dependência do gás russo já este ano.
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