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Starmer demite embaixador nos EUA após revelações de ligações a Jeffrey Epstein

A correspondência agora divulgada detalha elogios, conselhos e manifestações de solidariedade de Peter Mandelson para com Epstein.

Peter Mandelson sai do cargo de embaixador do Reino Unido
Peter Mandelson sai do cargo de embaixador do Reino Unido Evan Vucci / AP
12:43

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, decidiu afastar Peter Mandelson do cargo de embaixador do Reino Unido nos Estados Unidos na sequência de novas revelações sobre as suas ligações a Jeffrey Epstein. A decisão foi anunciada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que justificou a demissão com a “informação adicional em e-mails escritos por Peter Mandelson” recentemente tornada pública.

Segundo a Bloomberg, esses e-mails, mais de uma centena, trocados entre 2005 e 2010, mostram Mandelson a expressar apoio firme a Jeffrey Epstein mesmo após este ter sido acusado de crimes sexuais com menores, chegando a oferecer-se para interceder junto de contactos políticos.

Em junho de 2008, na véspera de Epstein se apresentar para cumprir pena de prisão na Flórida, Mandelson escreveu-lhe: “Tenho uma grande admiração por si e sinto-me desesperado e furioso com o que aconteceu”, acrescentando que a situação “jamais poderia acontecer no Reino Unido”. , Peter Mandelson aconselhou Epstein a manter-se resiliente e a “lutar por uma libertação antecipada”, evocando mesmo estratégias inspiradas na obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu.

As revelações também incluem a publicação de um livro de tributos para o 50.º aniversário de Epstein, em 2003, no qual Mandelson dedicou dez páginas ao amigo e o descreveu como o seu “best pal” (“melhor amigo”). Este detalhe, divulgado recentemente por congressistas norte-americanos, gerou ainda mais indignação no Reino Unido. De acordo com a Reuters, a oposição conservadora exigiu explicações imediatas no Parlamento, com a líder Kemi Badenoch a acusar Starmer de “falha de julgamento” por manter a confiança no embaixador após os primeiros indícios das ligações.

O caso ganhou dimensão política explosiva. Vários deputados trabalhistas juntaram-se aos apelos para a saída de Mandelson, com Andy McDonald, do Partido Trabalhista britânico, a afirmar que “ter simpatia por Jeffrey Epstein demonstra uma colossal perda de juízo”. Também os liberais democratas questionaram se o governo tinha garantias de que a administração Trump não poderia dispor de “material comprometedor” contra o diplomata, que até à véspera do escândalo seria peça central nas negociações bilaterais. O episódio surge num momento particularmente delicado, com uma visita de Estado do Presidente norte-americano Donald Trump ao Reino Unido agendada para a próxima semana.

Mensagens “perturbadoras” levaram a exoneração imediata

A reação dentro do próprio governo mostrou desconforto. O ministro da Administração Interna, Mike Tapp, que as mensagens reveladas eram “perturbadoras” e confessou ter “arrepios” ao ouvir o conteúdo. Ainda assim, horas antes da divulgação integral dos e-mails, Starmer tinha assegurado no Parlamento que mantinha confiança em Mandelson, alegando que o processo de nomeação tinha seguido “o devido escrutínio”.

Face à escalada de críticas e ao impacto na opinião pública, o Ministério dos Negócios Estrangeiros confirmou esta quinta-feira a exoneração imediata de Mandelson. De acordo com a Reuters, o comunicado oficial sublinhou que os novos elementos tornaram insustentável a manutenção do cargo. Em na quarta-feira, Mandelson tinha expressado “profundo arrependimento” por ter mantido a amizade com Epstein “muito para além do aceitável”, assumindo ter acreditado nas “mentiras” do gestor. Ainda assim, Mandelson nega ter cometido qualquer crime.

O afastamento de Mandelson levanta agora questões sobre a solidez dos mecanismos de verificação usados pelo governo britânico na nomeação de altos diplomatas. , há pressões crescentes para que seja revista a forma como o executivo avalia potenciais riscos reputacionais, sobretudo em cargos de tão elevada visibilidade. Ao mesmo tempo, esta saída forçada pode complicar temporariamente as relações diplomáticas entre Londres e Washington.

O caso Epstein, mesmo após a morte do gestor em 2019 numa prisão de Nova Iorque, continua a expor redes de influência e a comprometer figuras públicas que com ele se relacionaram e é também, atualmente, , que tinha prometido divulgar os ficheiros no início do mandato, algo que ainda não aconteceu. Para Starmer, a demissão de Mandelson representa não apenas a tentativa de travar danos adicionais à imagem do governo, mas também um alerta sobre o peso político de associações passadas em funções de Estado.

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