BCE mantém juros em zero e reafirma programa de compra de activos

Como esperado, o BCE manteve a taxa de juro central em zero na primeira reunião de política monetária do ano e reafirmou o plano de compra de activos até final de 2017. Draghi explicará decisão em conferência de imprensa pela hora de almoço.
Reuters
Rui Peres Jorge 19 de Janeiro de 2017 às 12:54

O Banco Central Europeu manteve a taxa de juro central em zero na primeira reunião de política monetária de 2017. A decisão foi a esperada, e os olhos estão agora postos na conferência de imprensa que Mario Draghi dará pela hora de almoço, e em particular nos sinais do banqueiro central quanto à continuação do programa de compra alargada de activos num contexto de recuperação da inflação. Este é um tema particularmente relevante para Portugal que nas últimas semanas viu a taxa de juro subir em parte pela perspectiva do BCE passar a comprar menos dívida nacional. 

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"Na reunião de hoje, o Conselho do BCE decidiu que a taxa de juro das operações principais de refinanciamento e as taxas de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e da facilidade permanente de depósitos permanecerão em 0%, 0,25% e -0,4% respectivamente", lê-se na nota envida à imprensa onde se reafirma que por aí ficarão (ou até em níveis mais baixos) "por um longo período de tempo, e bem para lá do horizonte de compras" que em Dezembro foi estendido até ao final deste ano.

Sobre as medidas não convencionais, ou seja, o programa de compra de activos ao ritmo de 80 mil milhões de euros mensais até Abril, e 60 mil milhões de euros mensais daí até ao final do ano, o Conselho do BCE garante que é para cumprir até ao fim, reafirmando novamente que poderá até ser prolongado até que o Conselho "veja uma recuperação sustentada da inflação consistente com o seu objectivo de inflação".

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Dada a recuperação da inflação na Zona Euro, a interpretação do que é uma recuperação sustentada da sua trajectória será provavelmente um dos temas na conferência de imprensa de hoje. Ontem, o Eurostat confirmou que a inflação na Zona Euro subiu de 0,6% em Novembro para 1,1% em Dezembro, puxada pelos preços dos combustíveis, mantendo a estimativa inicial avançada no início do mês.

O subida dos preços reforça os argumentos dos que consideram que o BCE está ir longe de mais nos estímulos monetários. Na Alemanha – onde a taxa de inflação foi de 1,7% – ouvem-se vozes de políticos e economistas que defendem que o banco central deve começar a planear uma subida das taxas de juro, visto que para os aforradores o pior contexto económico possível é uma economia com alta inflação e baixas taxas de juro. Wolfgand Schauble, o ministro das Finanças alemão, afirmou há uma semana que "seria talvez correcto se o BCE se atrevesse a fazer essa saída [da política monetária expansionista] este ano".

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Em sentido contrário, vários economistas têm sublinhado que o ritmo de subida da inflação na Zona Euro se deve essencialmente aos efeitos dos preços dos combustíveis e bens alimentares (a inflação subjacente subiu de 0,8% para 0,9%), e que todas as medidas estão distantes da meta de 2% do BCE. Aos argumentos para uma política monetária expansionista junta-se a incerteza quanto os impactos na Europa do "Brexit" e das políticas da nova administração Trump.

No comunicado enviado à imprensa pelo BCE, os governadores reafirmaram a sua disponibilidade para aumentar o programa de compra de activos em dimensão e duração, caso identifiquem desenvolvimentos negativos que ameacem a meta de inflação de 2% no médio prazo.

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Veja aqui em directo a conferência de imprensa:

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