Divergência no BCE sobre fim do programa de compra de activos

Peter Praet defende que ainda é cedo para afirmar que a inflação está alinhada com os objectivos do BCE e por isso o programa de compra de activos pode não terminar em Setembro.
Bloomberg
Nuno Carregueiro e Ana Laranjeiro 29 de Janeiro de 2018 às 13:42

Depois de o governador do banco central da Holanda ter defendido que o programa de compra de activos do BCE tem de terminar "o mais rápido possível", o economista-chefe da autoridade monetária do euro veio colocar água na fervura.

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Para Peter Praet, o BCE está ainda "a alguma distância" de cumprir os três critérios que permitem concluir que o programa de compra de activos atingiu os objectivos.

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Os três critérios assinalados pelo economista-chefe do BCE dizem todos respeito à inflação, que terá de convergir para a meta dos 2%, terá de existir confiança que as expectativas de aumento dos preços se materializem e esta tendência terá de ser resiliente.

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"O período de transição para a normalização da política monetária vai começar quando tivermos estabelecido que há um ajustamento sustentado no ritmo da inflação", afirmou Praet em Bruxelas, citado pela Bloomberg, acrescentando que a pressão nos preços a nível doméstico permanece moderada.

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Estas declarações do economista-chefe do BCE (que também integra a comissão executiva do banco central) contrastam com as efectuadas pelo governador do banco central da Holanda. Para Klaas Knot, o programa de compra de activos "já fez aquilo que realisticamente era esperado", afirmou citado pela Bloomberg.

 

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Na última quinta-feira, após o encontro dos governadores do banco central, Mario Draghi, presidente do BCE, deu uma conferência de imprensa na qual não deu detalhes sobre o fim do programa de compra de activos que, desde o arranque do ano, pode adquirir até 30 mil milhões de euros mensais em obrigações. Um programa que vai manter-se, pelo menos, até Setembro deste ano.

 

Se as declarações de Klaas Knot indiciam que Setembro poderá ser o último mês do programa, as afirmações de Praet sugerem que no BCE ainda há dúvidas sobre quanto tempo vai durar.  

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As palavras de Knot tiveram impacto no mercado de dívida, com a "yield" das obrigações alemãs a 5 anos a passarem para terreno positivo pela primeira vez em mais de dois anos.

A Bloomberg assinala que vários responsáveis do BCE preferem adiar para Junho uma decisão sobre a alteração da comunicação sobre o programa de compra de activos, aguardando por mais sinais de aumento da inflação. Outros querem começar já na reunião de Março a alterar o discurso, para sinalizar a alteração a curto prazo na sua política monetária. 

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