Responsável da Fed vê IA a diminuir impacto dos cortes nas taxas de juro
Neel Kashkari considera que os grandes investimento em centro de dados estão a "desviar" capital da construção de novas casas e, consequentemente, a aumentar os custos dos empréstimos.
Os grandes investimentos que estão a ser feitos na construção de centros de dados para alimentar o desenvolvimento da inteligência artificial (IA) podem vir a diminuir o alcance da ação da Reserva Federal (Fed) norte-americana. Quem o diz é Neel Kashkari, presidente da Fed de Minneapolis, que considera que a aposta massiva em centros de dados pode "desviar" capital da construção de novas casas - levando, consequentemente, a uma menor oferta e a um aumento dos custos dos empréstimos.
"Mesmo que a Fed proceda com um ou mais cortes nas taxas de juros, isso poderá não se traduzir em taxas hipotecárias mais baixas, uma vez que o capital que poderia estar a ser usado para construir casas está a ser desviado para a construção de centros de dados - que estão a gerar um retorno de investimento superior", explicou Kashkari no North Star Summit 2025, acompanhado do economista-chefe da OpenAI, Ronnie Chatterji.
O membro do banco central, que já foi secretário adjunto interino do Tesouro para a estabilidade financeira na administração de George Bush e está na autoridade monetária desde 2016, considera que a Fed deve continuar a cortar nas taxas de juro - mas de forma faseada e não drástica, como defende o Presidente dos EUA, Donald Trump.
"Se reduzíssemos drasticamente as taxas de juro para além do que é justificado, provavelmente assistiríamos a uma taxa de desemprego muito baixa e a uma inflação muito elevada, uma vez que a economia estaria efetivamente a sobreaquecer", explica ainda. Assim, Kashkari defende mais dois alívios de 25 pontos base nos juros diretores até ao final do ano, de forma a proteger o mercado laboral que continua a dar sinais de sério enfraquecimento.
Num evento que teve a inteligência artificial como ponto central, o presidente da Fed de Minneapolis aproveitou ainda para afirmar que não vê a IA como uma ameaça ao mercado de trabalho no curto prazo. No entanto, aponta baterias para as tarifas da administração Trump, que acredita estarem a levar a um aumento de preços e a travar maior crescimento económico. "Tenho dúvidas de que muitos trabalhadores estejam a ser substituídos por IA, neste momento. Parece-me que ainda é muito cedo", concluiu.
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