Catarina Martins vai entrar na corrida às presidenciais
A antiga coordenadora e atual eurodeputada do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, vai entrar na corrida a Belém, confirmou a própria numa mensagem aos militantes do partido, avançou o Expresso, afirmando que pretende que a candidatura seja um “espaço alargado” de encontro entre “tantas outras e tantos outros”.
De acordo com a mensagem, um dos aspetos que pesou na decisão foi a lista de candidatos conhecida até hoje, composta pelos “homens do costume” que “há décadas governam o país (…) para fazerem o mesmo ou pior”. Catarina Martins diz avançar para dar resposta às pessoas que “não têm em quem votar”.
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Pouco tempo depois, Catarina Martins fez o anúncio oficial numa nota enviada à agência Lusa. "A minha candidatura coloca no centro o cuidado. Quero cuidar da democracia, cuidar dos bens comuns, cuidar da paz. Cuidar da igualdade e da liberdade. Juntar forças para devolver a confiança da democracia", lê-se na declaração da candidatura.
No texto, Catarina Martins lembra o apagão que atingiu a Península Ibérica em abril e a entreajuda entre os cidadãos: "Quando a grande distribuição fechou e os multibancos pararam, as lojas de bairro venderam fiado e os vizinhos ajudaram-se".
"Neste verão, as pessoas uniram-se para fazerem frente ao fogo e salvaram as suas aldeias. Anónimos depositaram flores ao lado do Elevador da Glória. Famílias acolheram outras famílias que fugiram de guerras. Choramos com as mães de Gaza. A solidariedade é uma grande força de Portugal", conclui.
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Na opinião da ex-coordenadora bloquista, "há quem queira negar esta força".
"Aqueles que escolhem o insulto em vez do argumento e que semeiam o ressentimento para tolher a esperança. Nunca como hoje sentimos o perigo desta rampa deslizante; não é uma questão de franjas da população nem mesmo de uma bancada parlamentar ruidosa. A voz da selvajaria está no centro da decisão política e a contaminar as instituições", adverte a bloquista.
Catarina Martins considera ainda que o cenário atual "não é uma repetição do passado" mas sim um fenómeno "novo e veloz".
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"É global e é aqui, na nossa casa comum. Exige a nossa indignação, imaginação, coragem, ação. Sem hesitações, eu quero ajudar a mudar já os termos do debate em Portugal. A degradação a que assistimos não pode ser normalizada nem desvalorizada", defende, salientando que "os direitos democráticos constitucionais são a defesa contra o autoritarismo e a arbitrariedade".
Catarina Martins propõe-se a centrar o debate político "na exigência da dignidade do trabalho, no direito à habitação, no apoio nas diferentes etapas da vida, no acesso à saúde, à educação e à cultura, no combate a todas as desigualdades e discriminações, em serviços públicos de qualidade que nos tratem como iguais e em que possamos confiar".
Na ótica da eurodeputada, "é urgente popularizar a democracia" e enfrentar "os poderes que se movem na sombra, porque é o povo e a sua vida que têm de estar no centro da decisão política".
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Catarina Martins defende ainda que "é urgente ousar o futuro", sublinhando a importância de temas como a transição climática e a necessidade de um "novo modelo de economia, um território vivo e coeso e uma nova credibilidade interna e externa".
Por último, Catarina Martins defende a urgência da paz, considerando que Portugal "pode ser no mundo uma voz determinante pelo direito internacional e o multilateralismo, sem duplos critérios nem transigências de conveniência".
"Apresento a minha candidatura presidencial com estas urgências. Uma candidatura inspirada na nossa força solidária, que faz pontes, que ouve e aprende com quem constrói Portugal todos os dias, E, claro, com a combatividade da mulher que sou", escreve a candidata.
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Catarina Soares Martins nasceu a 7 de setembro de 1973, no Porto, e é atualmente eurodeputada no Parlamento Europeu, eleita em junho do ano passado.
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, com um mestrado em Linguística, Catarina Martins foi atriz e deputada à Assembleia da República durante cinco legislaturas.
Assumiu o cargo de coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) entre 2012 e 2023. Nos primeiros dois anos, ocupou este cargo em parceria com João Semedo, numa inédita liderança 'bicéfala', modelo abandonado em 2014, na Convenção Nacional seguinte.
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