Barreiras Duarte demite-se de secretário-geral do PSD
"Estou no combate político desde os meus tempos de estudante, sei que o combate político é duro, mas não vale tudo: o limite é quando atinge gravemente a minha família e a expõe ao intolerável. Por isso, conversei com o Dr. Rui Rio e manifestei-lhe a minha vontade de deixar o cargo de secretário-geral do PSD, tendo em conta os ataques de que estava a ser alvo e os efeitos desses ataques no seio da minha família; o Dr. Rui Rio manifestou-me o seu apoio e solidariedade, tendo compreendido e aceite todos os meus argumentos", explica Feliciano Barreiras Duarte em comunicado divulgado este domingo, 18 de Março, onde anuncia a sua demissão.
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"Considero que, neste momento, e face à violência inusitada dos ataques e aos efeitos para mim e a minha família, atingimos o limite: por isso apresentei ao presidente do meu Partido o pedido irrevogável de demissão – tão irrevogável que já está concretizada – de secretário-geral do PSD", acrescenta.
Depois de no passado dia 13 de Março ter dito que não se demitia, Barreiras Duarte acabou mesmo por o fazer. Ontem, o DN noticiava que a direcção do PSD estava descontente com a forma como Barreiras Duarte estava a conduzir este processo e que o presidente do partido, Rui Rio, esperava que o secretário-geral tomasse a iniciativa de se demitir.Sobre a polémica envolvendo um certificado que atesta que Barreiras Duarte tem o estatuto de professor convidado (visiting scholar) da Universidade de Berkeley (Califórnia, EUA), Rui Rio afirmou há uma semana que o secretário-geral lhe tinha comunicado que havia um aspecto do seu currículo "que estava a mais, não era preciso, e corrigiu".
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"É inequívoco que ele fez referência a um aspecto do seu currículo que não era preciso e corrigiu, é esta informação que eu tenho e ele deu essa informação à comunicação social", afirmou Rui Rio, questionado no final do Congresso do CDS-PP, realizado em Lamego (Viseu) no fim-de-semana passado.
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À pergunta se, tal como fez com a vice-presidente do PSD Elina Fraga, iria pedir a Feliciano Barreiras Duarte que desse mais explicações, Rui Rio considerou que o secretário-geral do PSD já se tinha explicado.
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Recorde-se que o semanário Sol noticiou que Feliciano Barreiras Duarte teve de rectificar o seu currículo académico para retirar o item que o indicava como professor convidado na Universidade de Berkeley.
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Entretanto, em comunicado enviado à comunicação social no dia 13 ao início da noite, Barreiras Duarte sublinhava que nada tinha feito de errado no chamado processo de Berkeley. "Todos os movimentos e acções relacionados com esse caso estão devidamente documentados e são inequívocos quanto à minha inocência; fui convidado para ‘visiting scholar’ (estatuto que não confere qualquer grau académico) e não me fiz convidado; não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkely – nem financeiro, nem académico, nem profissional, nem político", afirmou.
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No seu comunicado de hoje, Barreiras Duarte diz ter "perfeita consciência, como qualquer observador minimamente atento, de que não sou eu o alvo, mas sim o líder do meu Partido e a sua direcção; por isso ficar seria avolumar o problema e não contribuir nada para a solução".
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"Saio de consciência tranquila; nunca ganhei nada, nem com uma, nem com outra situação; não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkely – nem financeiro, nem de grau académico, nem profissional, nem político; não procurei qualquer benefício material ou outro, antes pelo contrário, com a questão da morada no Parlamento", salienta.
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Barreiras Duarte diz esperar que a sua demissão "faça cessar os ataques à direcção do PSD" e permita que o Rui Rio, bem como a sua equipa, "consigam atingir os objectivos que justamente perseguem, pois isso é o que é o melhor para o País e deve constituir a única preocupação de todos e de qualquer de nós".
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"Vou aguardar serenamente os resultados do inquérito que a Procuradoria-Geral da República anunciou ir abrir; quem não deve não teme, e eu não devo nada a ninguém para além da minha consciência", referiu.
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Barreiras Duarte conclui sublinhando que "não há lugar a arrependimentos: dediquei os melhores anos da minha vida ao PSD e à actividade política e voltaria a fazer o mesmo, pois considero que servir o País é o mais nobre dos deveres".
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(notícia actualizada às 19:25)
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