Marques Mendes diz que Centeno está "deslumbrado com a ideia de um cargo europeu"
Marques Mendes considerou esta noite, no seu espaço habitual de opinião na SIC, que "em teoria há uma janela de oportunidades" quanto à possibilidade de Mário Centeno vir a ser presidente do Eurogrupo.
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"Centeno está bem visto, face aos resultados alcançados, sobretudo no domínio orçamental e tem mérito nesses resultados", afirmou o comentador político. "Depois, porque o próximo presidente do Eurogrupo tem de ser, em princípio, um ministro socialista. O PPE já detém a Presidência da Comissão, do Conselho e do Parlamento Europeu". Mas, salientou, "há poucos ministros das Finanças socialistas do Eurogrupo. E, dentro destes, só o italiano tem grande peso".
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No entanto, ressalvou, "há um grande número de italianos na União (Presidente do BCE, Presidente do Parlamento e Alta Comissária para a política externa). Ou seja, por exclusão de partes, há, em teoria, uma janela de oportunidades para Centeno".
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Marques Mendes considera, contudo, que "a janela de oportunidades que existe é mais teórica que prática". E explicou porquê.
"Primeiro, porque o ministro das Finanças alemão, que é quem vai ter a opinião decisiva na escolha, não gosta da solução de governo que há em Portugal. Segundo, e mais importante, esta decisão só será tomada depois das eleições na Alemanha. E depois dessas eleições não é líquido que haja da parte da Alemanha uma maior flexibilidade. A Sra. Merkel vai ganhar, provavelmente vai coligar-se com os Liberais, e os Liberais alemães ainda são mais radicais em relação aos países do sul que o Sr. Schäuble ou a Sra. Merkel".
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Na opinião do membro do Conselho de Estado, "Mário Centeno está num processo de auto-promoção, está deslumbrado com a ideia de um cargo europeu e está a correr em pista própria, à margem do primeiro-ministro".
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E onde se vê isso?, questionou. E respondeu: "Primeiro, na campanha que ele próprio está a fazer. É uma campanha meramente interna e da sua exclusiva iniciativa. Não há na União Europeia uma única alma a falar da hipótese de Mário Centeno para presidir ao Eurogrupo. Ou seja, esta campanha só existe em Portugal e não na Europa".
Em segundo lugar, afirmou o comentador da SIC, "Mário Centeno está literalmente a colocar-se em bicos de pé e a oferecer-se (o que é, de resto, um pouco ridículo)". "Quando ele diz no Expresso que ‘não fecha portas’, é isso mesmo. Está a oferecer-se e a fazer a sua auto-promoção, porque em boa verdade ninguém lhe abriu porta nenhuma. Ninguém lhe fez sequer uma sondagem".
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Terceiro, "Mário Centeno está a correr em pista própria, à margem do primeiro-ministro, do Governo e da coligação que o apoia. Ele quer agir sozinho. Ainda esta semana deu várias entrevistas e até escreveu um artigo de opinião. Mas não esteve presente nas Jornadas Parlamentares do PS. Ou seja, ele quer correr sozinho, na sua própria pista, e não em conjunto com os seus colegas e parceiros de governo".
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Por último, Centeno "foi o único, dentro de toda a geringonça, a ficar feliz com as declarações do ministro das Finanças alemão. O PS, através de César, Jorge Coelho e Galamba, criticou Schäuble. O BE e o PCP obviamente que também não aplaudiram. O único feliz foi mesmo Mário Centeno", concluiu Marques Mendes.
Recorde-se que ontem, 27 de Maio, em entrevista publicada no Expresso, o ministro das Finanças disse que "não seria responsável" colocar de lado a possibilidade de presidir ao Eurogrupo, mas garantiu que esse cenário não está em cima da mesa.
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Segundo Centeno, é "natural" que o cenário se coloque, atendendo à grande atençao dada à experiência portuguesa de "tornar virtuoso um ciclo político e económico que não estava a ser". Um reconhecimento, salientou, que até o ministro germânico Wolfgang Schäuble faz.
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"É evidente que não fecho a porta ao Eurogrupo nem seria responsável da minha parte fazê-lo," afirmou, salvaguardando que a questão não se coloca de momento, tal como não se coloca a possibilidade de sair do Governo para ocupar o cargo a tempo inteiro.
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