Sondagem: eleitores do PS, BE e PCP querem repetir geringonça em 2019
A política de alianças entre partidos ameaça pairar sobre todas as outras discussões políticas até às próximas eleições legislativas. Se as sondagens estiverem correctas e o PS ficar aquém da maioria absoluta, como vai António Costa viabilizar o seu Governo minoritário? Irá repetir uma aliança com os partidos à sua esquerda? Tentará uma aliança com o PSD de Rui Rio? Ou governará sozinho, fazendo acordos pontuais à sua esquerda e à sua direita?
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Segundo uma sondagem da Aximage, feita para o Negócios e para o Correio da Manhã, os portugueses, no seu todo, estão divididos. E a origem da divisão é política. À esquerda, deseja-se uma reedição da geringonça. À direita, a preferência vai para uma governação solitária, sem maiorias garantidas. Uma aliança com o PSD é que não convence, nem sequer os eleitores do partido de Rui Rio.
Esquerda quer nova geringonça
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Se a questão das alianças não é pacífica entre os dirigentes do PS – como se viu no congresso do partido –, para os seus eleitores a resposta é clara: 56% defendem uma nova aliança à esquerda, percentagem que se repete no BE e sobe para 62% na CDU.
O que os votantes nos partidos de esquerda não querem mesmo é alianças à direita. Sem surpresa, só 9,6% dos eleitores da CDU e 7,3% do BE defendem uma aliança entre PS e PSD. Mas também no PS esse cenário tem muito poucos adeptos: só um em cada 10 votantes no partido defende um entendimento com o PSD.
E uma governação em minoria com acordos pontuais à esquerda e à direita? Esse cenário tem mais aceitação no PS: 31% defendem-no, ainda assim pouco mais de metade dos que se batem por acordos à esquerda.
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Direita quer PS sozinho
E é precisamente este cenário do PS a governar sem maiorias no Parlamento (como fez António Guterres durante uma legislatura e meia) que mais agrada aos eleitores de direita: 42% dos eleitores do PSD e 48% dos eleitores do CDS consideram que esta era a melhor solução governativa. Já a repetição dos acordos à esquerda merece a reprovação da grande maioria dos eleitores de direita. Só 17% dos votantes no PSD e 19% no CDS consideram este cenário positivo.
Curioso é constatar que uma aliança entre PS e PSD não agrada a ninguém, nem sequer à direita. No PSD, só um terço defende um entendimento entre António Costa e Rui Rio. E no CDS de Assunção Cristas, são, como seria de esperar, ainda menos: apenas 23%, pouco mais do que os que defendem uma aliança do PS à esquerda (19%).
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Com esta correlação de forças, e tendo em consideração o peso eleitoral de cada um dos partidos, esperar-se-ia uma maioria de portugueses favoráveis a um novo entendimento à esquerda. Mas não. Segundo a Aximage, são 37% os inquiridos que preferem uma aliança à esquerda, menos do que os 39% que aconselham antes uma governação solitária do PS.
A explicação para este aparente enigma está na abstenção. Entre os 33% dos portugueses que se absteriam se as eleições fossem hoje, metade prefere uma governação solitária do PS – o grupo mais favorável a este cenário. Entre os abstencionistas, 30% querem uma aliança à esquerda e só 10% um bloco central.
Crise política seria responsabilidade do PS
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A Aximage levantou ainda outra questão sobre a responsabilidade dos partidos que apoiam o Governo diante um cenário de queda do Executivo (sem precisar a causa da crise política). E o partido a quem os inquiridos mais apontam o dedo é o PS: quase 37% acham que Costa seria o principal responsável caso o actual Governo não chegasse ao fim da legislatura. O PCP surge em segundo lugar, sendo apontado por 30% dos inquiridos e só depois o BE, indicado por 19%.
Uma vez mais, é importante desagregar as opiniões por preferências partidárias. São sobretudo os eleitores do PSD (44%), da CDU (57%) e os abstencionistas (47%) que mais apontam o dedo ao PS. Obviamente, só 22% dos que tencionam votar em António Costa lhe atribuem a responsabilidade por uma eventual crise política. Para os socialistas, a CDU é o principal suspeito de uma crise política (44%), um diagnóstico partilhado pelos eleitores do CDS (42%).
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