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Itália num impasse com Bersani a ganhar câmara baixa e Berlusconi a vencer no Senado

Bersani, do centro-esquerda, deverá conseguir ganhar a maioria na câmara baixa do Parlamento italiano, mas Berlusconi deverá arrecadar mais assentos na câmara alta. A dúvida é como é que o país, que precisa de adoptar medidas de austeridade para equilibrar as contas públicas, será governado. Já se fala em novas eleições.

25 de Fevereiro de 2013 às 17:27

A primeira projecção lançada para os resultados eleitorais em Itália dava uma vitória clara a Pier Luigi Bersani, mas as certezas já não fazem parte das eleições italianas dos últimos dois dias.

Bersani apresentava-se como o próximo primeiro-ministro italiano, de acordo com os primeiros números mas, afinal, o líder do Partido Democrata deverá conseguir apenas a maioria na câmara baixa, a Câmara dos Deputados.

Para o Senado, a câmara alta do Parlamento italiano, a maioria deverá ir para a coligação encabeçada por Sílvio Berlusconi. Nesta câmara, cujos resultados são calculados a nível regional, as indicações são as de que o antigo primeiro-ministro está a vencer as regiões em que o sentido de voto estava indeciso.

Segundo dados do Ministério do Interior, citados pela agência Bloomberg, apesar das projecções darem vitória a Berlusconi, Bersani vai à frente nas contas para o Senado, com 32,5% dos votos. A coligação de Berlusconi apresenta-se com 29,7% dos votos, seguido do cómico Grillo, símbolo do voto de protesto, com 24% dos votos. A coligação centrista de Monti fica-se pelos 9,1%. Estão contados mais de 66% dos votos, mas os resultados para o Senado são contabilizados a nível regional, pelo que a distribuição dos assentos parlamentares não é proporcional.

Para a câmara dos Deputados, as projecções apontam para que Bersani tenha conseguido 340 lugares, com 29,2% dos votos, seguido do "Povo da Liberdade", coligação de Berlusconi, com 121 lugares (28,7%). O cómico Grillo consegue 26,1% dos votos e Monti 10,44%. As projecções da RAI apontam para que no Senado Berlusconi tenha obtido 113 lugares, à frente dos 105 para Bersani.

Com esta minoria de bloqueio no Senado, Berslusconi consegue inviabilizar um Governo liderado por Bersani, numas eleições que ficam marcadas sobretudo pelo voto de proposto contra a austeridade, exemplificadas nos resultados do antigo comediante. 

Com um parlamento dividido, torna-se difícil uma solução governativa estável para um país que já esteve no centro da crise da dívida europeia. “Sem nenhum deles a apresentar uma maioria, haverá imensas negociações e não haverá um governo estável e forte”, resumiu à Bloomberg o gestor Nicola Marinelli.

A lei eleitoral italiana atribui automaticamente 55% dos lugares - uma maioria forte, portanto - à formação mais votada na câmara baixa (630 deputados). O mesmo não acontece com o Senado, onde os cálculos para as vitórias eleitorais são feitos a nível regional (com 315 deputados).

Um Governo em Itália não tem necessariamente de ter maioria na câmara baixa e simultaneamente no Senado – em teoria, um Executivo de centro esquerda pode tentar sobreviver em co-habitação com um Senado adverso. Mas, na prática, um Senado fragmentado e liderado pela força política da oposição deverá conduzir a novas eleições, já que o seu voto imprescindível na aprovação de nova legislação.

A expectativa inicial era a de que Bersani se poderia coligar com Mario Monti (o primeiro-ministro que tinha sido nomeado para o cargo sem se submeter a eleições). Aí, haveria uma continuidade da política actual, com a contenção orçamental no topo das prioridades.

Já Berlusconi, a assumir uma posição forte no Senado, poderá conseguir bloquear parte das medidas de austeridade que possam vir a ser implementadas.

Com a dificuldade de uma força política de obter uma maioria nas duas câmaras do Senado, a Bloomberg assinala que o resultado poderá levar o presidente italiano, Giorgio Napolitano, a optar por um governo interino, como aconteceu com Mario Monti, nomeado após a saída de Berlusconi na sequência do escândalo sexual em que estava envolvido. 

Um aliado de Bersani, Enrico Letta, defendeu, de acordo com a mesma agência de informação, que poderá ser necessária uma segunda volta das eleições. Também o acessor de Bersani para os assuntos económicos, Stefano Fassina, abre as portas a novas eleições, pois "estas projecções mostram um risco de ingovernabilidade". 

(Notícia actualizada às 18h01, 18h48, 19h27 e 20h55)

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