Gouveia e Melo desafia Marques Mendes a ser totalmente transparente sobre clientes
"Só há dois caminhos" a seguir sobre esta questão, referiu o almirante na reserva. "Ou o caminho da não transparência, que não parece ser o bom caminho, ou o da transparência total. Quem não deve, não teme e deve ser transparente, deve dizer ao que vem", afirmou.
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O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo desafiou esta terça-feira o seu adversário Luís Marques Mendes a ser "totalmente transparente" sobre os clientes com quem trabalhou, afirmando que "quem não deve, não teme".
Em declarações aos jornalistas antes de participar numa sessão da sua candidatura no Parque dos Poetas, em Oeiras, Henrique Gouveia e Melo reagiu ao facto de Luís Marques Mendes ter hoje reiterado que está disponível para revelar os clientes da sua empresa familiar, dissolvida em novembro, se estes lhe derem autorização.
Gouveia e Melo considerou "uma formulação interessante" afirmar que se está disponível para revelar clientes, mas "só se esses clientes quiserem", antes de defender que "só há dois caminhos" para se seguir sobre esta questão.
"Ou o caminho da não transparência, que não parece ser o bom caminho, ou o da transparência total. Quem não deve, não teme e deve ser transparente, deve dizer ao que vem", afirmou.
Gouveia e Melo defendeu que isso é importante "porque ser Presidente da República é essencialmente, também, um exemplo em termos de integridade e de ética para o país", sendo por isso "importantíssima a transparência".
Questionado, contudo, se não lhe parece que há casos que justificam a não divulgação de clientes por parte de uma empresa, Gouveia e Melo disse compreender esses casos quando a divulgação "pode comprometer assuntos confidenciais das empresas", mas considerou que isso também levanta dúvidas no caso de Luís Marques Mendes.
"Porque é que esses assuntos são assim tão confidenciais? O que é que estará por detrás dessa confidencialidade? Nós quando assumimos ou queremos assumir determinados tipos de cargos, temos de ser transparentes, dizer ao que vimos, quais são as nossas preferências, que os nossos interesses não vão interferir no nosso processo de decisão no futuro e que as nossas ligações a esses interesses cessaram completamente", afirmou, defendendo que ele próprio é "totalmente transparente".
Interrogado se lhe parece que há semelhanças entre o caso de Luís Marques Mendes e o da Spinumviva, empresa familiar de Luís Montenegro, Gouveia e Melo disse não querer "comparar casos, até porque podem tirar-se ilações incorretas", mas salientou que, no caso do candidato presidencial apoiado pelo PSD e CDS, "há questões que foram levantadas e estão neste momento na praça pública".
"Essas questões devem ser completamente esclarecidas a bem da transparência. O próprio doutor Luís Marques Mendes fala muito em ética e em transparência e tem tocado nesse ponto. Espero que não seja só retórica nem demagogia, portanto que agora aplique toda essa vontade de ética e de transparência a si próprio", desafiou.
Luís Marques Mendes assegurou hoje que está disponível para revelar os clientes da sua empresa familiar se estes lhe derem autorização, no dia em que a revista Sábado afirmou que o candidato presidencial recusa esclarecer como ganhou 709 mil euros líquidos nos últimos dois anos enquanto consultor externo da sociedade Abreu Advogados.
Nas declarações que fez hoje aos jornalistas, Marques Mendes só manifestou disponibilidade para revelar os clientes da sua empresa familiar -- que tinha funções de consultoria e foi dissolvida em novembro --, não se referindo aos clientes que representou na sociedade de advogados.
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