Greve da CP invade campanha e divide esquerda e direita
A greve da CP, que já tinha deixado milhares de utentes sem transporte no dia anterior, entrou em definitivo na campanha eleitoral e expôs diferenças entre esquerda e direita. Não foram decretados serviços mínimos e a adesão foi, segundo os sindicatos, de 100%.
Logo pela manhã, na Figueira da Foz, o presidente do PSD deu o mote para o que seriam as declarações partidárias no resto do dia. Luís Montenegro considerou a greve "absolutamente injusta", dizendo que o Executivo "fez tudo para a evitar" e falou de "influências políticas e partidárias" com objetivos eleitorais. E foi nessa altura que admitiu alterar a lei. "Há uma desproporção, eu não quero comprimir o direito à greve. O que eu não quero é que esse direito tenha uma lesão tão significativa de outros direitos."
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As palavras do líder da AD marcaram o resto do dia de campanha.
Para o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, a intenção do primeiro-ministro é inaceitável, um "insulto à democracia", assegurando que "não passarão". Numa ação de campanha na Covilhã, Pedro Nuno acusou o Governo de ter falhado nas negociações e de querer responsabilizar os sindicatos e os partidos.
O líder na Iniciativa Liberal, Rui Rocha, manifestou-se disponível para discutir alterações à lei laboral, mas sublinhou que o direito à greve é intocável e "um direito dos trabalhadores de lutarem pelos seus objetivos".
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A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, criticou o primeiro-ministro e presidente do PSD por "apenas falar de trabalho" na campanha eleitoral para admitir alterações à lei sobre o direito à greve, considerando que "revela bem o programa da direita".
Em Beja, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, afirmou que a sugestão de alteração à lei da greve é "uma casca de banana" em que a CDU não cai, insistindo que está nas mãos do Governo o fim da paralisação na CP.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, acusou o Governo de "incoerência" e de recusar o diálogo. "Em tudo o que serve para a campanha eleitoral esquece-se de que é um Governo de gestão e, depois, para tudo aquilo que pode garantir serviços já hoje aos utentes e trabalhadores da CP aí já se lembra que é um Governo de gestão", insistiu.
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O PAN opõe-se a alterações na lei da greve, mas apela ao bom senso dos trabalhadores da CP, lembrando que a greve está a "penalizar o lado errado". A porta-voz do partido, Inês Sousa Real, considera que o Governo "deveria negociar" para impedir a paralisação e criticou a falta de atenção do Executivo às "preocupações reais das pessoas".
À hora de fecho deste artigo, o líder do Chega ainda não tinha reagido às palavras do primeiro-ministro, sendo que de véspera manifestou apoio aos trabalhadores da CP e acusou o Governo de "amadorismo" na gestão desta greve.
A paralisação mereceu ainda uma nota do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa disse que se "limita apenas a verificar, analiticamente, que em período pré-eleitoral e período eleitoral há maior incidência de conflitos laborais."
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