Cavaco Silva indigita Passos Coelho como primeiro-ministro
O Presidente da República não surpreendeu e indigitou esta quinta-feira Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro. Cavaco Silva notou que o líder do PSD preside ao "partido da coligação que venceu as eleições no passado dia 4 de Outubro" e seguiu "a regra que sempre vigorou" em democracia: "nos 40 anos de democracia a responsabilidade de formar Governo foi sempre atribuída a quem ganhou as eleições".
PUB
Cavaco Silva mostrou-se muito crítico da falta de entendimento entre PSD/CDS e PS. "Lamento profundamente que, num tempo em que importa consolidar a trajectória de crescimento e criação de emprego e que o diálogo e o compromisso são mais necessários que nunca, interesses conjunturais se tenham sobreposto à salvaguarda do interesse nacional", disse o Presidente, numa crítica implícita ao processo de negociação à esquerda conduzido pelo PS.
Apesar de Cavaco admitir que "o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o País precisa", uma solução à esquerda é, neste momento, impensável: "considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas".
PUB
O Presidente dramatizou as consequências que um Governo de esquerda poderia ter para a credibilidade externa da República Portuguesa. "Devo, em consciência, dizer aos Portugueses que receio muito uma quebra de confiança das instituições internacionais nossas credoras, dos investidores e dos mercados financeiros externos", sublinhou, acrescentando que essa confiança é essencial para que haja investimento e emprego.
O Presidente lembrou que "nunca os Governos de Portugal dependeram do apoio de forças políticas anti-europeístas, isto é, de forças politicas que nos programas eleitorais com que se apresentaram ao povo português defendem revogação do Tratado de Lisboa, do tratado orçamental, da união bancaria e do Pacto de Estabilidade e Crescimento". E foi ainda mais longe, argumentando que esta não é a altura para "alterar radicalmente" os fundamentos do nosso regime, "de uma forma que não corresponde sequer à vontade democrática expressa pelos Portugueses nas eleições". Isto é, para Cavaco Silva, o facto de a grande maioria dos portugueses ter votado em PS, PSD e CDS mostra que acordos com partidos fora deste arco se afastam da preferência dos eleitores.
PUB
"A observância dos compromissos assumidos no quadro da Zona Euro é decisiva, é absolutamente crucial para o financiamento da nossa economia e, em consequência, para o crescimento económico e para a criação de emprego", alertou. Isto porque "fora da União Europeia e do euro o futuro de Portugal seria catastrófico", afiançou.
No final do discurso, a mensagem não podia ser mais clara para os deputados da Assembleia da República. Cavaco Silva assume as suas responsabilidades e pede aos representantes eleitos que façam o mesmo. "Como Presidente da República assumo as minhas responsabilidades constitucionais. Compete agora aos Deputados assumir as suas." Leia-se: o ónus de chumbar o Governo deverá recair sobre a Assembleia, que terá de decidir se aprova ou não o programa apresentado pelo PSD e CDS-PP.
PUB
Depois de tomar posse, Pedro Passos Coelho terá dez dias para formar Governo e apresentar o seu programa para escrutínio no Parlamento.
Recorde-se que a Constituição da República Portuguesa atribui ao Presidente da República a responsabilidade por nomear o primeiro-ministro, "tendo em conta os resultados eleitorais". Ou seja, há margem para interpretar esses resultados de mais do que uma forma e o líder do partido vencedor não tem obrigatoriamente de ser indigitado.
PUB
Devo, em consciência, dizer aos Portugueses que receio muito uma quebra de confiança das instituições internacionais nossas credoras, dos investidores e dos mercados financeiros externos. A confiança e a credibilidade do País são essenciais para que haja investimento e criação de emprego.
PUB
PUB
A cobardia nunca compensa
O poder do silêncio
Mais lidas
O Negócios recomenda