Inspetores do Trabalho querem suspender atendimento presencial. ACT cancela inspeções

O Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT) pediu à direção da ACT exige a suspensão total do atendimento presencial. Em resposta ao Negócios a Autoridade para as Condições do Trabalho refere que se está a privilegiar o atendimento telefónico e informa que foi cancelada uma acção nacional de inspeções. Mas os serviços ainda aguardam orientações do Governo.
Autoridade para as condições do trabalho ACT
Bruno Simão
Catarina Almeida Pereira 13 de Março de 2020 às 13:06

Os inspetores do trabalho querem suspender totalmente o atendimento presencial, substituindo-o pelo atendimento telefónico, como forma de proteção contra o surto do novo coronavírus.

Em resposta ao Negócios fonte oficial da ACT garantiu que já se está a privilegiar o atendimento telefónico e que a ação nacional de inspeções que estava prevista para os próximos dias foi cancelada.

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De acordo com Carla Cardoso, presidente do Sindicato dos Inspetores do Trabalho (SIT), o pedido foi inicialmente negado pela direção da ACT, começando agora a surgir respostas positivas, ainda que não coordenadas a nível nacional.

"O que propusemos à direção foi reforçar esse atendimento telefónico", referiu ao Negócios Carla Cardoso, presidente do SIT. "Nem sequer estamos a pedir para deixar de trabalhar ou trabalhar de casa. Só queríamos trabalhar em segurança, não pondo em risco nem a nossa saúde nem a dos que nos rodeiam".

As propostas do SIT foram feitas a 28 de Fevereiro, num ofício que propunha "reduzir ao essencial o contacto com o público", "suspender o serviço informativo presencial", fazer um levantamento sobre as tarefas que podem ser feitas em teletrabalho ou "limitar a atividade inspetiva ao estritamente necessário – situações graves e urgentes". Foram inicialmente negadas e justificadas com as posições das autoridades de saúde.

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Esta manhã, no entanto, Carla Cardoso referia já que "já há alguns dirigentes que estão a começar a permitir que o atendimento se faça por telefone – como em Lisboa, Porto, Coimbra e Sintra - mas noutras zonas do país quem recusa atendimento presencial está a ser ameaçado com processos disciplinares". 

Questionada sobre o assunto, fonte oficial da ACT refere que "o atendimento presencial não foi cancelado porque não há orientações da DGS neste sentido mas houve reforço do atendimento telefónico. Estamos a contactar as pessoas que tinham marcação para avaliarem a possibilidade de serem atendidas por telefone em todos os serviços". E garante que há coordenação a nível nacional.

No seu site, a ACT já pede aos utentes que tentem encontrar respostas pela internet ou por telefone, antes de se deslocarem ao atendimento presencial.

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ACT afirma que cancelou inspeções

Esta quinta-feira os inspetores foram confrontados com o anúncio da realização "de uma ação inspetiva a nível nacional concertada com inspetores da segurança social  (ISS) a realizar num futuro muito próximo", com visitas a pelo menos quatro estabelecimentos por cada inspetor, o que reforçou a preocupação com eventuais contágios.

"Atendendo a que trabalhamos em equipa, em termos práticos teremos que visitar oito estabelecimentos", refere a presidente do sindicato. Os inspetores estagiários também participam nas visitas inspetivas, indicou a presidente do Sindicato.

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Sobre este assunto, fonte oficial da ACT informou que "relativamente às ações inspetivas estava prevista uma ação nacional mas já foi cancelada".

A ACT é a responsável pela fiscalização da lei laboral no setor privado, e pela fiscalização das condições de segurança e saúde nas empresas privadas e na administração pública. É tutelada pelo Ministério do Trabalho (MTSSS), que também não comentou o assunto. A entidade tem mais de 200 inspetores e cerca de 50 estagiários.

Serviços à espera de orientações

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O comunicado do Conselho de Ministros desta noite prevê a "organização dos serviços públicos, nomeadamente o reforço dos serviços digitais, o estabelecimento de limitações de frequência para assegurar possibilidade de manter distância de segurança e a centralização de informação ao cidadão sobre funcionamento presencial de serviços".

No entanto, serviços como a ACT ainda aguardam orientações. "Estamos a estudar e aguardar orientações sobre o que foi decido no Conselho de Ministros", refere fonte oficial.

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