Cláudia Azevedo diz ter "dúvidas” sobre transição verde das empresas sem mais apoios públicos
Cláudia Azevedo diz ter "dúvidas" em relação à transição verde na Europa e afirma que os governos terão de ter maior relevo no papel de financiador às empresas neste caminho. "Há um enorme 'gap' de financiamento público e os governos vão ter de desempenhar um papel", afirmou a CEO da Sonae, que participou no painel "The Race to Reskill", no Fórum Económico Mundial, em Davos, esta quarta-feira, 17 de janeiro.
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A empresária fala em "falta de fundos públicos" para as empresas enfrentarem os desafios tecnológicos e de transição energética impostos, admitindo que o governo deveria interferir neste contexto.
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A CEO da Sonae acredita também que é preciso uma reforma no financiamento do ensino superior, dado que o modelo tradicional de subsídio das escolas "já não funciona". "A requalificação é algo que temos de fazer ao longo da nossa vida. O modelo tradicional de educação subsidiada e de universidades tem de mudar. Se tiro um curso aos 20 anos e se me quiser requalificar aos 30, 40 ou 50 anos, ou se precisar porque mudo de emprego, já não existem os subsídios públicos como quando eu tinha 18?, defendeu.
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Na 54.ª reunião de líderes mundiais, Cláudia Azevedo sublinhou que é preciso garantir o acesso a formação ao longo da vida para conseguir uma adaptação às transformações no mercado laboral, decorrentes da transição verde e digital. Para uma maior requalificação, defende mais parcerias público-privadas (PPP). Estima-se que 100 milhões de europeus necessitem de uma adequação de competências nos próximos dez anos.
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Questionada sobre o que é que a Sonae faz no sentido de requalificar a sua equipa, Cláudia Azevedo trouxe a palco o programa "PRO_MOV", o primeiro projeto piloto do programa Reskilling 4 Employment (R4E) – no âmbito do plano europeu da "European Round Table for Industry (ERT)" que pretende, até 2025, requalificar um milhão de europeus no desemprego ou em profissões em risco. Este programa, onde a Sonae é uma das empresas líderes,
Em Davos, a empresária anunciou que, em nome da R4E Portugal, se juntou à iniciativa "Reskilling Revolution", do Fórum Económico Mundial, e está comprometida em "contribuir para o objetivo de requalificar mil milhões de pessoas até 2030". Este projeto junta mais de 20 Estados, 60 presidentes executivos e 350 organizações, e, assim como o PRO_MOV, pretende "valorizar os profissionais com melhor educação, competências e oportunidades económicas."
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Já em anos anteriores a CEO da Sonae marcou presença em Davos. Em 2023, participou no painel sobre atração de talento como um problema complexo para muitas empresas por todo o mundo, mas que na pandemia "foi fácil" para a empresária dizer que "não despedia ninguém".
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"As companhias precisam de ter valores genuínos. As pessoas avaliam quão autênticos são os valores das empresas", disse. E acrescentou: "Há empresas que há seis meses diziam que tinham valores enormes e agora estão a despedir cinco mil ou dez mil pessoas em chamadas de Zoom."
Texto editado por Inês Santinhos Gonçalves
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