Álvaro critica banqueiros que querem crédito à habitação a 100%

Governador rejeita um alívio nas regras macroprudenciais, atacando os banqueiros que querem voltar a poder conceder financiamento pela totalidade do valor da casa. Diz que não aprenderam com os “erros do passado”.
Álvaro Santos Pereira é o novo governador do Banco de Portugal
Mariline Alves
Paulo Moutinho 17:52

Crédito à habitação a 100% é uma coisa do passado. Há, atualmente, regras que impedem os bancos de financiarem a totalidade dos imóveis, podendo apenas fazê-lo ao abrigo da garantia publica criada pelo Governo. Há banqueiros que defendem que é preciso revisitar esta regra, mas Álvaro Santos Pereira é claro na defesa da manutenção desta proteção para o setor. E critica aqueles que não aprenderam com os “erros do passado”.

Foi na “Banca do Futuro”, conferência organizada pelo Negócios, que o tema da concessão de crédito a 100% voltou à discussão. “Os 100% [de financiamento no crédito à habitação] fazem sentido”, defendeu Miguel Maya, CEO do BCP, criticando o facto de apenas conseguir fazê-lo com a garantia pública. “Podíamos ir mais além” dos 85%, atualmente em vigor, acrescentou João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, enquanto Pedro Castro e Almeida contrariou a ideia, afastando o desejo de mudança.

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Miguel Maya foi mais longe na defesa da sua perspetiva de que é necessário rever a regra macroprudencial. Disse mesmo que “é preciso que o regulador nacional faça uma reflexão connosco”, para se perceber se faz, ou não, sentido permitir à banca financiar a 100% a compra de imóveis pelos particulares. O CEO do BCP quer que o Banco de Portugal “oiça os diferentes pontos de vista e se entender” que faz sentido, mude as regras.

Álvaro Santos Pereira, que não esteve fisicamente na “Banca do Futuro”, ouviu a discussão. E na CNN Portugal International Summit, respondeu negativamente ao repto lançado, deixando duras críticas ao “relaxamento das regras macroprudenciais”.

“Essas pessoas não aprenderam com os erros do passado, porque nós sabemos muito bem que as regras macroprudenciais são essenciais para garantir que não vamos ter problemas no futuro”, disse, em declarações citadas pelo ECO. Assim, foi direto: “não só isso vai acontecer, como também, em muitos países europeus, o que está a acontecer é que as regras macroprudenciais, as recomendações dos bancos centrais, estão a passar a vinculativas”, disse.

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O governador do Banco de Portugal, que não respondeu às questões colocadas no seguimento das intervenções dos banqueiros na conferência do Negócios realizada no dia 18 de novembro, deixou clara a sua posição, mas também sublinhou o poder dos bancos centrais. “Os bancos têm de cumprir aquilo que os bancos centrais dizem a nível de macroprudencial”, rematou, salientando que “se os que não aprenderam a correr com os erros do passado insistirem nesses mesmos erros, o banco central aqui estará para atuar”.

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