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“As coisas vão ficar piores antes de melhorarem”, alerta Münchau

Especialista alerta para uma Europa que não quer fazer sacrifícios. Critica a falta de união que traz uma forte fragmentação, levando a uma grande incerteza sobre o futuro do projeto europeu.

11:23

Wolfgang Münchau está pessimista para o futuro da Europa. Alerta que “as coisas [no Velho Continente] vão ficar piores antes de melhorarem”, antecipando um futuro sombrio que, diz o comentador especializado na economia europeia e na União Europeia, é reflexo de uma união fragmentada com 500 milhões de habitantes que não querem fazer sacrifícios.

Na Electric Summit, Münchau afastou-se do tema principal da conferência organizada pelo Negócios, Sábado e NOW para fazer um retrato da Europa em que vivemos. E antecipa que embora o cenário atual não seja positivo, ainda ficará pior. A começar pelo resultado da guerra na Ucrânia.

Vamos ver uma derrota humilhante para a Ucrânia”, atirou, depois de apontar para o facto de os EUA estarem a negociar um plano de paz com a Rússia em que a “Europa não está envolvida”. Os responsáveis europeus “nem sequer foram briefados” deste plano norte-americano.

O especialista culpa a UE por este alheamento. “A UE não quer pôr dinheiro. Quer usar os ativos russos congelados para financiar a Ucrânia”, diz, salientando que, na sua perspetiva, “a vitória da Ucrânia é impossível. Vemos a Rússia a aumentar a ocupação de território ucraniano”. “Não se ganham guerras sem se fazer sacrifícios”, atirou. A UE não os quer fazer.

"A derrota ucraniana é, um pouco, uma derrota da UE. A UE de já alguns anos era de esperança, do euro, de uma economia vibrante”. “O euro foi a última coisa que fizemos” em conjunto. Depois, “tivemos muito burocracia e temos muitas diferenças na regulamentação”. E “isto leva a uma grande fragmentação”.

“Falta um mercado único verdadeiro para investimentos. Nenhum país europeu tem a capacidade para financiar a Google. Temos 500 milhões de pessoas. Se tivéssemos um mecanismo para usar as poupanças das pessoas para estes investimentos, fazíamos um bypass ao sistema financeiro tradicional”, disse.

Münchau nota que criar “startups é a parte fácil. O difícil é a parte seguinte, a do financiamento”, para fazer crescer estas empresas. E isso é, diz, reflexo desta fragmentação que temos na Europa que o leva a dizer que o “futuro da Europa é incerto. Mas há coisas que podemos fazer, como o mercado único de capitais”.

Uma dos resultados desta fragmentação da Europa é, diz Münchau, o crescimento dos extremismos. E nesse ponto, traça um cenário sombrio para um dos motores da economia do Velho Continente: França.

“Acredito que a extrema-direita vai ganhar em França em 2027. Jordan Bardella está a liderar as sondagens”, nota. “As pessoas estão tão enojadas com o estado atual. E pensam que o pior não é a direita ganhar, é o caos continuar”. E Bardella, diz, é um político “diferente” que terá o poder da ameaça contra as instituições europeias.

“Na Alemanha, esperaria eleições em que não haverá solução governativa”, alerta, salientando que o novo chanceler não está preparado para o cargo de liderar uma grande potência como a Alemanha. Neste sentido, “vamos estar num período de dois a três anos de grande incerteza”, rematou.

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