BCP faz aumento de capital de 2.250 milhões de euros
O Banco Comercial Português pretende arrecadar cerca de 2.250 milhões de euros junto dos accionistas e outros investidores. É este o valor do aumento de capital que a instituição financeira liderada por Nuno Amado (na foto) confirmou esta terça-feira, 24 de Junho.
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"O Banco Comercial Português, S.A. vem, nos termos e para os efeitos legais aplicáveis, informar o mercado, e os seus accionistas em particular, que o conselho de administração do banco deliberou, com o prévio parecer favorável da comissão de auditoria, aumentar o capital social do banco em aproximadamente €2.250 milhões", indica o comunicado emitido pela instituição financeira esta terça-feira, 24 de Junho.
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O aumento de capital será concretizado através de uma oferta pública de subscrição, em que serão emitidas novas acções representativas do capital do banco. A operação será realizada "através de uma oferta pública de subscrição reservada a accionistas no exercício dos respectivos direitos de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, com a consequente emissão de 34.487.542.355 novas acções ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal".
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Os 2.250 milhões de euros correspondem a um valor superior ao avançado nas notícias sobre o aumento de capital. A primeira notícia que dava conta da preparação desta operação, do Diário Económico a 14 de Maio, avançava um montante superior a 1.500 milhões de euros. Depois, a agência Bloomberg referiu que o reforço poderia ser de 2.000 milhões. Esta terça-feira, a gestão liderada por Nuno Amado apontou a intenção de arrecadar 2.250 milhões.
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"O encaixe de aproximadamente €2.250 milhões nesta oferta permitir-nos-á acelerar significativamente o calendário do reembolso dos instrumentos de capital híbrido subscritos pelo Estado [CoCos], o que deverá gerar poupanças significativas com juros pagos e tem ainda um impacto positivo na capacidade interna de geração de capitais e na melhoria da estrutura e rácios de capital do Banco", comenta Nuno Amado no comunicado emitido ao mercado, no dia em que as acções do BCP foram suspensas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários devido a notícias em torno do aumento de capital.
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De acordo com a mesma fonte, dos 2.250 milhões que o banco pretende arrecadar, 1.850 milhões servirão para pagar ao Estado essa ajuda. Os restantes 750 milhões de euros que ficarão por pagar serão reembolsados, espera o banco, até ao início de 2016.
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Novas acções a 6,5 cêntimos
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No âmbito desta operação, serão emitidas mais de 34 mil milhões de acções do BCP. Cada uma delas terá um preço de subscrição de 6,5 cêntimos por acção. O preço representa um desconto de 34% face ao valor com que os títulos seguiam na Bolsa de Lisboa esta terça-feira, antes da suspensão (um preço teórico de 9,9 cêntimos, já que exclui os direitos que serão retirados do valor das acções para que se possam subscrever os novos títulos).
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Os 6,5 cêntimos a que serão vendidas as novas acções representam um desconto de 68% em relação à cotação de 20,3 cêntimos de 13 de Maio, a última sessão antes da primeira notícia sobre o aumento de capital e numa altura em que não havia ainda qualquer confirmação.
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Os actuais accionistas do banco irão receber um direito por cada acção que têm nas suas mãos. Com esse direito (que podem vender a outros investidores), podem comprar 1,75 novas acções. Ou seja, é preciso juntar quatro direitos para receber sete novas acções, pagando ainda o preço de subscrição de 6,5 cêntimos.
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Não são avançadas quaisquer datas para que avance a oferta de subscrição, embora o BCP indique que a pretende iniciar "no mais breve prazo, após aprovação do respectivo prospecto pela CMVM e a publicação deste último e do aviso para o exercício de direitos de subscrição, nos termos legais".
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Bancos asseguram colocação
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"Relativamente à oferta pública, o banco celebrou um acordo de ‘underwriting’ com um sindicato de bancos, sujeito à lei inglesa, de acordo com o qual estas instituições efectuaram declaração antecipada de subscrição com sujeição a certas condições, em nome próprio e/ou em nome e por conta de outros investidores institucionais, de todas as acções eventualmente sobrantes, conjunta e não solidariamente", assinala ainda o comunicado do BCP, sem dar conta que condições serão essas.
Na prática, os bancos garantem que as novas acções a serem emitidas serão compradas (por si ou por outras entidades), caso não haja procura suficiente.
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A operação terá como "joint global coordinators" (os coordenadores globais) o Deutsche Bank e o JPMorgan. O Goldman Sachs, o UBS, o Credit Suisse, o Mediobanca, o Santander, o Nomura e o Société Générale também estão envolvidos no aumento de capital do banco.
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Com a operação de aumento de capital, não é apenas o pagamento ao Estado que acelera. O montante arrecadado vai permitir que os rácios de capital do BCP melhorem, sendo que o banco especifica o impacto no rácio Common Equity Tier I (CET I), de acordo com os critérios fully implemented CRD IV/CRR (sob as novas regras da banca).
A gestão de Nuno Amado acredita que, recuando a 31 de Março de 2014, se possa ter registado um CET I fully implemented de 9% nessa data. Um valor a que se chega já incorporando uma estimativa sobre as medidas de conversão de créditos fiscais (que aliviou a pressão sobre o sector financeiro), ainda à espera de aprovação da Assembleia da República.
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Tal como já havia sido constatado pelo Negócios, as operações de reforço de capital concretizadas pelo BPI e pelo BES acabaram por criar pressão sobre o BCP, que havia ficado mais atrasado nos requisitos que vão entrar em vigor em Janeiro de 2019.
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No comunicado sobre o aumento de capital, o BCP enumera as metas que traçou para 2017. E, com base na expectativa de acelerar a devolução do dinheiro estatal (3 mil milhões injectados em Junho de 2012), a instituição financeira espera retornos mais elevados.
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(Notícia actualizada pela última vez às 22h08 com mais informações)
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