Elisa Ferreira: Preparação da banca para fintech “é manifestamente insuficiente”
A vice-governadora do Banco de Portugal considera que a banca portuguesa ainda não está preparada para a concorrência das empresas tecnológicas que prestam serviços financeiros ou a eles semelhantes, as chamadas fintech.
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"Apesar de as fintech serem uma das principais fontes de disrupção para as instituições financeiras instaladas, o grau de preparação do sector é ainda manifestamente insuficiente, o que recomenda um enfoque reforçado sobre o tema", afirmou Elisa Ferreira no Fórum Banca, iniciativa organizada pelo Jornal Económico que se realizou esta quarta-feira, 29 de Novembro, em Lisboa.
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Para a vice-governadora do regulador da banca, o sistema bancário nacional tem de ajustar os modelos de negócio. Isto para "integrar e reverter em seu benefício a inovação tecnológica em curso". Na sua intervenção, afirmou que vem aí um mercado "inevitavelmente mais competitivo, pela via da compressão das margens" e pela "disponibilização de serviços concorrentes com os da banca tradicional".
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Tendo em conta as mudanças trazidas pela entrada no mercado destas novas entidades, que ficará facilitada com a directiva dos pagamentos que entra em vigor em 2018, a vice-governadora ressalvou que a "alteração do modelo de negocio induzida pelas fintech constitui uma das prioridades de supervisão".
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"Tanto a Autoridade Bancária Europeia, como o Mecanismo Único de Supervisão, dos quais o Banco de Portugal é membro activo, têm em curso iniciativas regulatórias e de supervisão para responder aos desafios decorrentes das fintech, seguindo um princípio de ‘a mesma actividade, o mesmo risco, as mesmas regras’", declarou a vice-governadora.
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"Enormes desafios"
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No discurso, perante responsáveis de bancos nacionais, Elisa Ferreira enquadrou todo o desafio trazido pelas potenciais concorrentes tecnológicas com todo o "novo enquadramento regulatório pós-crise". Um exemplo é a introdução, no próximo ano, da norma contabilística IFRS9, que dará um tratamento distinto a imparidades.
Tal enquadramento, alertou a antiga eurodeputada, "acarreta enormes desafios para os quais o sistema bancário em Portugal precisa de se preparar com a maior urgência, desafios esses substancialmente agravados pelo actual grau de ‘incompletude’ da União Bancária".
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Um trabalho feito quando a banca ainda tem de continuar o esforço para reduzir a herança passada nos seus balanços, os activos não rentáveis (NPE) que, em Junho, representavam 42,3 mil milhões de euros.
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