Ricardo Salgado fez queixas do governador a Passos Coelho

Na primeira reunião com o primeiro-ministro, o antigo banqueiro fez "observações críticas" sobre a supervisão do Banco de Portugal relativamente ao BES. Ricardo Salgado deu conta a Passos Coelho da sua "apreensão" relativamente à actuação do governador Carlos Costa.
Miguel Baltazar/Negócios
Diogo Cavaleiro e Maria João Gago 16 de Março de 2015 às 20:20

No dia em que recebeu uma carta do governador do Banco de Portugal (BdP) dizendo ser "urgente" mudar o modelo de governação do Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado fez queixas de Carlos Costa ao primeiro-ministro.

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A 7 de Abril, o antigo banqueiro transmitiu a Pedro Passos Coelho "a sua apreensão pela forma como o BdP vinha exercendo as suas funções de supervisão no que respeitava ao BES e à sua equipa de gestão. As suas observações críticas condensavam-se numa carta que teria dirigido ao senhor governador", revela o chefe do Executivo em resposta escrita às questões da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.

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Segundo Passos Coelho, a resposta de Salgado a Carlos Costa foi o único documento que, nas duas reuniões entre ambos, o antigo banqueiro mostrou ao primeiro-ministro (PM). Isto apesar de o então presidente do BES ter dito aos deputados que tinha mostrado um memorando ao governante que este lhe tinha devolvido.

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"A carta tinha sido dirigida ao senhor governador do BdP, e não a mim, tendo-me sido exibida e não dada uma cópia. Por delicadeza olhei para o documento, que continha várias páginas, e devolvi-o como me pareceu ser de esperar. Segundo o Dr. Ricardo Salgado, a carta explicitava os argumentos espelhando a apreensão do próprio quanto à forma como o BdP exercia os poderes de supervisão sobre o BES", relata Passos Coelho.

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No segundo encontro com o PM, o banqueiro estava acompanhado de José Honório e José Manuel Espírito Santo e foi "procurar o apoio do Governo para um plano de financiamento visando acudir ao desequilíbrio económico-financeiro do Grupo Espírito Santo (GES)". Este plano "pressupunha a disponibilização de linhas de financiamento de longo prazo suportadas por troca de activos entre diversas entidades bancárias, particularmente a CGD", adianta Passos Coelho.

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O governante recusou qualquer apoio, que rondaria os 2,5 mil milhões de euros, justificando a sua posição com a "disseminação de riscos pelo sector financeiro" e com "a impossibilidade" de os bancos que tinham ajuda do Estado receberem aprovação nesse sentido do BdP e de Bruxelas.

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