“OPA foi condicionada por Angola à venda a desconto do BFA”
A forma como as autoridades angolanas autorizaram a oferta pública de aquisição (OPA) do CaixaBank sobre o BPI – o facto dessa luz verde estar dependente da venda do controlo do Banco de Fomento Angola (BFA) à Unitel – mostra que a OPA beneficia um accionista da instituição portuguesa. Esta é a nova linha de argumentação que leva a Violas Ferreira Finance a pedir à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a nomeação de um auditor independente na OPA do CaixaBank.
PUB
"O preço de compra das acções em OPA não é equitativo", sublinha o maior accionista português do BPI, numa nota à imprensa. Para que a contrapartida seja equilibrada, "há que ponderar a quantificação do benefício económico/financeiro do acordo entre CaixaBank (através do conselho de administração do BPI) e Eng.ª Isabel dos Santos, no acordo de negócio que relaciona a passagem do controlo do BFA (através da venda de 2%) e da permissão da desblindagem pela Santoro".
PUB
"A única forma de corrigir a falta de equidade do preço da oferta é mediante a nomeação pela CMVM de um auditor independente para a fixação da contrapartida justa da OPA", defende a Violas Ferreira Finance (VFF), como o seu administrador, Tiago Violas Ferreira (na foto), tem defendido há várias semanas.
PUB
O investidor, que tem 2,681% do BPI, já solicitou formalmente este pedido ao supervisor – a última vez que o fez foi já esta semana –, mas ainda não obteve resposta. Recorde-se que a CMVM iniciou esta semana a avaliação do pedido de registo da OPA, processo em que terá de validar a contrapartida da oferta.
PUB
A VFF recorda que a nomeação de um auditor independente é a última oportunidade de responsabilizar o CaixaBank pelo pagamento de uma contrapartida equitativa. Se a CMVM aceitar o preço oferecido – 1,134 euros por acção –, "estamos certos que essa responsabilidade passará a ser do Estado português por via das indemnizações aos accionistas que vierem a ser apuradas". Isto porque os Violas e outros pequenos accionistas prometem contestar judicialmente a falta de equidade do preço da OPA e, caso os tribunais lhe venham a dar razão, caberá ao Estado compensar estes investidores.
PUB
Preço da OPA deve ser de 2,761 euros
PUB
Pelas contas da VFF, os termos do negócio de venda do controlo do BFA à Unitel, empresa cuja gestão é controlada por Isabel dos Santos, tem um valor de 1,627 euros por cada acção do BPI, um valor que, através da transacção do banco angolano, é atribuído à empresária angolana que, por via da Santoro, é a segunda maior accionista do banco de Fernando Ulrich.
PUB
Para os Violas, somando àquele valor a contrapartida da OPA (1,134 euros), "o preço por acção fixado mediante acordo entre a accionista de controlo da Santoro e Unitel e o CaixaBank/BPI, através desta negociação particular, é de, pelo menos, 2,761 euros". Assim, nas contas deste accionista, só este preço pode tornar a contrapartida da oferta equitativa.
PUB
"Esta oferta apenas é oportuna para o CaixaBank que compra o BPI a desconto e para a accionista de controlo da Santoro e Unitel que compra o BFA a desconto", sublinha a nota de imprensa.
PUB
Desde que os termos do negócio de venda de 2% do BFA à Unitel são conhecidos que a Violas Ferreira Finance reclama que esta transacção seja reflectida no preço da OPA do CaixaBank ao BPI. Este investidor defende que a forma como as autoridades angolanas aprovaram as duas operações reforça a sua posição.
PUB
"A viabilidade da OPA foi condicionada pelos accionistas angolanos e pelas autoridades angolanas à venda a desconto do controlo do BFA, numa operação que lesa patrimonialmente de forma assaz severa o Banco BPI e os seus accionistas", sublinha a nota de imprensa.
PUB
A contrapartida da oferta do CaixaBank é de 1,134 euros por acção e corresponde à média ponderada das cotações do BPI nos seis meses anteriores ao anúncio da OPA, tal como estabelece o Código de Valores Mobiliários. A lei prevê a nomeação de um auditor independente para fixar o preço em certas circunstâncias, cabendo essa decisão à CMVM.
Saber mais sobre...
Saber mais Violas Ferreira Finance BPI CaixaBank Unitel Isabel dos Santos Santoro Fernando Ulrich Tiago Violas Ferreira CMVM OPA Angola BFAMais lidas
O Negócios recomenda