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Entrada de chineses nos seguros do Montepio em risco. Associação desmente

Desde Novembro que o negócio de entrada da CEFC no Montepio está em cima da mesa. A avaliação da ASF está em curso, mas não há qualquer operação notificada pela Autoridade da Concorrência. O Público escreve que as contas da Montepio Seguros estão a dificultar o negócio. O Eco sublinha que a compra da Partex é a prioridade para os chineses. A associação recusa quaisquer problemas.

António Tomás Correia do Montepio
António Tomás Correia do Montepio Bruno Simão
20 de Fevereiro de 2018 às 10:04

A entrada do grupo CEFC China Energy na Montepio Seguros, sociedade em que se encontra a Lusitania, está em risco. Segundo o jornal Público, as contas da "holding" que agrega os activos segurados do grupo mutualistas estão a dificultar a negociação. O jornal Eco diz que a prioridade da empresa chinesa é agora a compra da Partex. Notícias publicadas quando não há novidades por parte das autoridades que têm de aprovar a transacção. Já a associação desdramatiza e diz que não há quaisquer problemas. 

A Montepio Seguros integra a Lusitania Seguros (ramo não vida), a Lusitania Vida (ramo vida), a N Seguros e a sociedade gestora de fundos de pensões Futuro. O Público diz que, pese embora as contas não estejam ainda fechadas, a "holding" deverá apresentar prejuízos consolidados em torno de 20 milhões de euros. No ano passado, as contas consolidadas contavam com prejuízos de 7,2 milhões de euros e de 9,2 milhões na análise individual.

As contas consolidadas de 2016 contavam com uma reserva por parte da KPMG, nomeadamente pelo facto de as alterações no sistema informático terem limitado o cálculo do "valor actual de negócios anteriormente adquiridos". No ano passado, a mutualista reforçou as imparidades constituídas para este activo. O valor de balanço na associação era, em 2016, de 256 milhões, com uma imparidade associada de 69 milhões. Estes números são da análise individual, porque a mutualista ainda não apresentou contas consolidadas de 2016.

É uma "cooperação estratégica" aquela que une, desde Setembro, a associação presidida por António Tomás Correia (na foto) e a chinesa CEFC. Quando foi anunciada, havia várias possibilidades de negócio, com o grupo sempre a ressalvar que nenhuma passava pela Caixa Económica Montepio Geral, o principal activo do grupo.

Foi depois em Novembro que veio a confirmação de que o investimento seria na área seguradora. A operação seria realizada na Montepio Seguros (mas sem envolver a Futuro) através de um aumento de capital, e não venda directa de participação, o que iria diluir a posição do grupo português, que ficaria minoritário. A dimensão dos prejuízos no exercício de 2017 não era, de acordo com a publicação, antecipada e poderá alterar o preço que os chineses estavam interessados em investir. O Eco diz que o aumento de capital seria de 150 milhões de euros.  

Troca de seguros pelo petróleo

António Tomás Correia do Montepio
Entrada de chineses nos seguros do Montepio em risco. Associação desmente Bruno Simão/Negócios

Neste momento, não há ainda uma decisão da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) sobre a operação. A 4 de Dezembro, o presidente da ASF, José Almaça (na foto), frisou que a entidade tinha 90 dias para fazer a sua avaliação, mas não era habitual demorar esse tempo (que pode ser travado quando o dossiê não está completo). "Nós nunca demorámos 90 dias se vier tudo em condições", afirmou. No site da Autoridade da Concorrência não consta a notificação desta operação.

O Eco adianta mesmo que a entrada dos chineses da CEFC na Montepio Seguros está suspensa, até porque o grupo estará agora concentrado noutra aquisição em Portugal: a Partex. É este grupo que está a comprar a posição da Fundação Calouste Gulbenkian na participada que agrega os negócios na área do petróleo. A CEFC Energy é um grupo privado com presença no sector petrolífero e também na área financeira.

Além da posição do regulador dos seguros, a transacção tinha de passar pelo crivo do conselho geral da mutualista. O Eco diz que a mudança de prioridades do grupo já foi discutida informalmente. 

Associação rejeita problemas

Contactada pelo Negócios, a associação rejeita que tenha sido notificada de qualquer alteração nas prioridades da CEFC. "A prioridade é a que os chineses quiserem", responde. A associação recusa que haja qualquer atraso no processo, diz que não houve "qualquer alteração à metodologia" prevista e defende que ainda na semana passada foram entregues documentos em falta à ASF, nomeadamente o plano de negócios para a "holding". Está tudo a ser o que estava parametrizado, adianta a assessoria de imprensa da associação presidida por Tomás Correia. 

Este não é o único negócio em que o Montepio está envolvido em que não há ainda uma conclusão da transacção anunciada. A alienação de uma participação no capital da Caixa Económica Montepio Geral à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deveria ter sido concretizada no ano passado, depois até ao final de Janeiro e, neste momento, ainda se aguarda uma decisão.

Segundo a mutualista descreve no plano de acção para o presente ano, "as medidas tomadas em 2017 criaram condições para a abertura do capital dessas entidades [Caixa Económica e Montepio Seguros] a outros investidores e proceder à racionalização das participações para recompor o balanço, mitigar riscos, optimizar recursos e possibilitar a geração de valor". Estão ambas por ocorrer. 

(Notícia actualizada pela última vez às 11:50 com posição da associação mutualista)

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