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Visão do futuro de Botín recompensa Santander na era covid

Bancos globais discutem como e quando dão ordem para milhares de funcionários regressarem com segurança aos escritórios após o surto de covid-19, mas as duas maiores instituições financeiras da Espanha serão poupadas a algumas das dores de cabeça que preocupam os rivais.

06 de Junho de 2020 às 15:00

Há cerca de duas décadas, o então presidente do conselho do Banco Santander, Emilio Botín, já falecido, regressou de uma viagem aos escritórios da First Union (agora parte do Wells Fargo & Co) na Carolina do Norte com uma ideia sobre o futuro do banco: unir os 20 escritórios do Santander em Madrid num vasto campus.

Contratou o arquiteto vencedor do Prêmio Pritzker, Kevin Roche, que em 2002 começou a construir uma cidade financeira a oeste de Madrid. A iniciativa criou uma tendência: em 2010, o BBVA, segundo maior banco da Espanha, iniciou o seu próprio complexo no norte da capital.

Botín queria espaço suficiente para acomodar os funcionários no pólo do seu império em rápida expansão, completo com serviços como creche e instalações desportivas, incluindo um campo de golfe. Essa visão pode agora trazer recompensas inesperadas, quando os funcionários do Santander e BBVA começam a regressar aos escritórios num dos países mais atingidos pela pandemia.

As baixas estruturas dos centros corporativos minimizam questões como elevadores lotados e a necessidade de transportes públicos, que cria constragimentos para rivais em Londres, Paris ou Milão.

O complexo do Santander pode não ter sido construído com uma pandemia em mente, "mas agora é uma vantagem competitiva", disse Ricardo Wehrhahn, sócio-gerente da Intral Strategy Execution, em Madrid, que assessora bancos. "Há menos densidade populacional, mais espaço, escritórios modernos e tecnologia para acesso e estacionamento, o que significa que se pode adaptar melhor a crises como esta."

Os 8 mil funcionários que trabalham no centro corporativo global do Santander estão espalhados por nove edifícios, a maioria dos quais não tem mais do que três andares. O Santander disse que 85% dos funcionários vão trabalhar de carro, usando estacionamentos subterrâneos ou a rua nos arredores do complexo.

O complexo inclui um centro de treinos com hotel anexo, instalações desportivas e de saúde e uma floresta replantada. O local conta com 1.220 oliveiras, incluindo 11 com mais de 1.000 anos. O banco recomprou recentemente a propriedade depois de a ter vendido por 1,9 mil milhões de euros à Marme Inversiones, que pediu recuperação judicial em 2014.

O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, ou BBVA, concluiu o seu campus nos arredores de Madrid em 2015. Os seus sete escritórios baixos são construídos em torno de uma praça da qual se ergue a torre La Vela. O complexo possui ruas de paralelepípedos cobertas com toldos e plantas durante o verão e rodeadas por jardins, pátios e cursos de água.

O Herzog & de Meuron, estúdio de arquitetura suíço mais conhecido pela reforma do museu Tate Modern de Londres e do estádio olímpico "Ninho de Pássaro" de Pequim, disse que o complexo foi inspirado em jardins árabes e projetado para incentivar as pessoas a usarem escadas em vez de elevadores.

Mais de 90% dos 7 mil funcionários que normalmente trabalham no campus estão localizados em prédios de no máximo dois andares, o que significa que podem evitar elevadores, disse Borja Eugui, chefe de administração de instalações, construção e sustentabilidade do BBVA. Há capacidade de estacionamento para cerca da metade dos funcionários e linhas de autocarros particulares que saem do centro da cidade.

"As amplas instalações interconectadas são claramente uma vantagem, especialmente nas primeiras fases do regresso dos trabalhodores", disse Eugui por e-mail. "À medida que incorporamos funcionários, reorganizaremos os espaços de trabalho."

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