Pinto Balsemão: Filho homenageia o "herói" da família
O ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso faleceu esta terça-feira. "Portugal perdeu uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
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Filho de Pinto Balsemão homenageia o "herói" da família que "nunca será uma mera nota de rodapé na história"
Um dos momentos mais emotivos da cerimónia foi o discurso do filho Francisco Pedro Balsemão, que é também presidente executivo da Impresa. "Não tenho dúvidas que o nosso pai, avô, sogro e, no caso da minha mãe, marido, Francisco Pinto Balsemão, foi e é o nosso herói", começou por dizer.
Mas tal como os heróis a antiguidade, um homem imperfeito. "Há que dizer que o nosso pai não era uma pessoa perfeita, foi um pai e marido por vezes ausente. Mas se aqui estamos hoje a sofrer tanto porque partiu (...) é porque ele fez por nós muito mais do que ficou por fazer. Foi transcendente. Através do seu amor, dos seus valores e do seu exemplo, construiu uma família que tudo fará para preservar o seu legado", disse.
Francisco Pedro Balsemão descreveu a exigência que o pai colocava sobre os filhos e que resultou na transmissão de valores "únicos e inquebrantáveis". "Para o nosso pai, por termos, tal como ele, nascido em berço de ouro, tínhamos de fazer mais que os outros. Somos uns privilegiados, dizia, e por isso temos obrigação de deixar um mundo melhor", recordou.
"Viveu uma vida íntegra e digna. Nunca será uma mera nota de rodapé na história", garantiu o filho.
D. Manuel Clemente cita Pinto Balsemão na missa de despedida "de uma vida que não acaba"
Rodeado do primeiro-ministro, Presidente da República, atuais e ex-governantes, D. Manuel Clemente escolheu homenagear Francisco Pinto Balsemão ao citar o próprio na missa de corpo presente do patrão dos media.
O Cardeal-Patriarca Emérito de Lisboa elencou o papel de Pinto Balsemão para com o país e para com a liberdade de expressão, evidenciando a "presença de tantas pessoas que trazem consigo representações do Estado".
“É significativo que a celebração seja precisamente aqui, sendo [Pinto Balsemão] uma pessoa que viveu uma vida que marcou o nosso destino comum”, destaca D. Manuel Clemente. "Não haverá local mais próprio e adequado de pessoas que marcaram o nosso destino comum e defenderam valores como a liberdade humana e a de expressão", refere.
A família de Francisco Pinto Balsemão - viúva e e os cinco filhos - sentaram-se na primeira fila, de frente para os governantes, com os netos sentados nas filas imediatamente atrás.
O Cardeal Emérito opta por proferir palavras que Francisco Pinto Balsemão na sua autobiografia "Memórias", lembrando que "a vida não acaba, apenas se transforma".
"Não acompanhamos um final, como se de fim falássemos, lembramos um defunto nas funções que exerceu e agradecemos também e com palavras de vida", reafirma D. Manuel Clemente.
Aos seus 13 netos cabe o papel de proferir a oração dos fiéis durante a missa, onde foram agradecendo o legado deixado pelo avô, e rezaram pela família, pelos jornalistas, em especial pelos do grupo, por aqueles que lutam pela liberdade, por paz no mundo e por quem cuidou de Pinto Balsemão. O último neto, o segundo mais novo dos 14, citou o avô: "cabe-nos deixar o mundo melhor".
Marcelo Rebelo de Sousa: "Portugal nunca esquecerá"
O Presidente da República usou da palavra durante as cerimónias fúnebres de Francisco Pinto Balsemão, nos Jerónimos. Elogiou o antigo primeiro-ministro, considerando-o um "visionário", "lutador a promover causas" que preferiu "a solidão da resistência ao ditame da submissão".
O dono da SIC e do Expresso foi sempre um "otimista escatológico", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
"Assim foi mais de seis décadas, num Portugal fechado tal como num Portugal que ajudou a abrir para a liberdade e para a democracia. Nunca foi uma ilha, sempre quis realizar-se pelos outros e com os outros. E isso foi muito, foi tudo, Portugal nunca esquecerá", rematou.
Ferreira Leite diz que PSD perdeu "um pai" e considera que partido ainda é o do fundador
A antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite afirmou hoje que a morte de Pinto Balsemão representa para os sociais-democratas "a morte do pai", e defendeu que o partido "continua vivo e fiel aos princípios" do seu fundador.
À entrada para a missa que antecede o funeral de Francisco Pinto Balsemão, que morreu na terça-feira, aos 88 anos, a também antiga ministra das Finanças destacou o seu amor à liberdade, "muito especialmente na área da comunicação social".
"Na área mais política, considero-o como aquela pessoa que conseguiu trazer até hoje o partido que ele fundou (...) Representa o sentimento da morte de um pai, de alguém com quem nós viemos o início de um projeto ao qual aderimos. Eu devo dizer que quando me candidatei à liderança do partido, não me teria passado pela cabeça candidatar-me" sem o seu apoio", afirmou.
A líder do PSD entre 2008 e 2010 considerou que Balsemão foi "sempre muito acarinhado pelo partido" e destacou que "toda a gente queria ter o apoio, o empurrão do dr. Balsemão".
Questionado se o PSD de hoje ainda é o de Francisco Pinto Balsemão, respondeu afirmativamente.
"O PSD está à vista, é um partido vivo e que se mantém fiel aos seus princípios. Portanto, é o partido do dr. Balsemão", afirmou.
Pouco depois das 13:00, arrancou a missa na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, a que assistem as mais altas figuras do Estado.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, chegaram juntos, tal como tinha acontecido na véspera para o velório e sem falarem à comunicação social.
Também o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, marca presença na missa, tal como o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.
O secretário-geral do PS, José Luis Carneiro, os líderes parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, e do PSD, Hugo Soares, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, a conselheira de Estado Leonor Beleza, o candidato presidencial Marques Mendes e muitos ministros do atual Governo PSD/CDS-PP são outras das presenças, a par do ex-presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, e dos autarcas de Lisboa e Oeiras, Carlos Moedas e Isaltino Morais.
As socialistas Ana Gomes e Edite Estrela, o antigo líder do CDS-PP Manuel Monteiro, o antigo ministro Mira Amaral, o ex-presidente da CIP António Saraiva assistem também à missa nos Jerónimos, a par de muitas figuras do jornalismo e muitos anónimos.
Já depois de a missa -- presidida pelo cardeal patriarca emérito Manuel Clemente - arrancar, entrou o líder do CDS-PP e ministro da Defesa, Nuno Melo.
O Governo decretou luto nacional para quarta-feira e hoje, dias em que decorrem as cerimónias fúnebres.
Depois da missa, o cortejo sairá com batedores da GNR até ao grupo Impresa, sendo o funeral reservado à família.
Balsemão foi fundador, em 1973, do semanário Expresso, ainda durante a ditadura, da SIC, primeira televisão privada em Portugal, em 1992, e do grupo de comunicação social Impresa.
Em 1974, após o 25 de Abril, fundou, com Francisco Sá Carneiro e Magalhães Mota, o Partido Popular Democrático (PPD), mais tarde Partido Social Democrata PSD. Chefiou dois governos depois da morte de Sá Carneiro, entre 1981 e 1983, e foi até à sua morte membro do Conselho de Estado, órgão de consulta do Presidente da República.
Eanes elogia ação como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação"
O antigo Presidente da República António Ramalho Eanes elogiou hoje o contributo de Francisco Pinto Balsemão para a democracia, destacando a sua ação como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação", que acompanhou enquanto chefe de Estado.
Ramalho Eanes compareceu hoje à noite no velório de Francisco Pinto Balsemão, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, acompanhado pela mulher, Manuela Eanes, e falou aos jornalistas à saída da igreja.
O antigo Presidente da República elogiou o papel de Balsemão "na conquista da democracia" e "da liberdade e da independência da comunicação social" e na fundação do então PPD, atual PSD, "um partido extremamente importante na altura e ainda hoje".
"Como todos os homens, terá tido os seus defeitos e os seus erros, mas acho que a sua ação foi extremamente importante na luta pela democracia, e isso desde os tempos da Ala Liberal, na sua luta por uma democracia mais livre, mais autêntica, mais responsável", declarou.
Depois, Ramalho Eanes destacou a ação governativa de Balsemão, recordando o período em que coincidiram como Presidente da República e primeiro-ministro, entre 1981 e 1983.
Segundo Eanes, "foi particularmente importante" a ação de Balsemão como primeiro-ministro "numa altura de grande crispação, de grandes dificuldades" em Portugal, "e da qual ele se saiu com sucesso e desenvolveu com patriotismo".
O antigo chefe de Estado considerou ainda que Balsemão teve uma ação "notável na libertação e independência da comunicação social" e realçou a criação do Expresso e da SIC.
"Acho que se poderia dizer que a ação dele foi uma ação de excelência, e que também se poderá dizer, sem exagero, que ele tem direito a permanecer na memória dos portugueses", concluiu.
A seguir, Manuela Eanes quis "sublinhar que o doutor Balsemão teve sempre ao seu lado uma mulher que é um exemplo de dignidade, de espírito de solidariedade, de espírito de família", Mercedes Balsemão, "e que tem uma obra, que como sabem é a SIC Esperança, uma obra importante no aspeto social".
Francisco Pinto Balsemão, que assumiu a liderança do PSD e o cargo de primeiro-ministro a seguir à morte de Francisco Sá Carneiro, chefiou o VII e o VIII governos constitucionais, da AD, entre 1981 e 1983.
Quando chefiava o VIII Governo Constitucional, o terceiro da AD, Balsemão comunicou a decisão de deixar funções governativas, em setembro de 1982, seis dias após eleições autárquicas, declarando que tinha tomado essa opção "há muito". A demissão do primeiro-ministro levou Eanes a dissolver o parlamento.
Ao anunciar a sua decisão, Balsemão defendeu que se tinha atingido entretanto "a plenitude do regime democrático", com marcos como a revisão da Constituição, alcançados "apesar de muita oposição, de muita incompreensão e mesmo de algumas traições".
Passos Coelho lembra "figura marcante da democracia"
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho recordou Francisco Pinto Balsemão como "uma figura marcante da democracia" portuguesa e admitiu que o PSD de hoje é diferente do de então, o que considerou natural.
"Tudo o que não evolui, morre. As instituições são outras, o passado que temos atrás de nós foi muito importante para definir o que somos e como aqui chegámos, mas não é o que nos define para o futuro", afirmou Pedro Passos Coelho aos jornalistas, à saída do velório de Pinto Balsemão, que decorre no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
Depois de ficar mais de uma hora na fila, - recusando vários convites para passar à frente pelo protocolo, como as outras altas individualidades - Passos sublinhou que acompanhou desde muito jovem o percurso político de Balsemão, tendo participado aos 16 anos no Conselho Nacional que o designou primeiro-ministro em 1980, após a morte trágica de Francisco Sá Carneiro.
"Ele é com certeza uma das personalidades que figurará entre as mais significativas e as maiores do nosso Portugal dos últimos 50, 60 anos", destacou.
Passos lembrou os tempos conturbados, politica e economicamente, mas recusou fazer quaisquer paralelismos com os executivos que liderou entre 2011 e 2015, quando o país estava sob assistência financeira.
"São questões muito diferentes, não queria estabelecer esse tipo de paralelo, são circunstâncias mesmo muito diferentes", disse.
Já questionado se o PSD de hoje ainda está no mesmo sítio da sua fundação por Pinto Balsemão, Passos considerou que não
"Não pode estar, porque o Portugal de hoje não é o Portugal de 1974. Todos nos deslocámos, não foi só o PSD, foi o país inteiro, não há nenhuma similitude entre as expectativas que existiam em 1974 e aquilo que se tinha seguido à Revolução, com aquilo que se passa hoje, é completamente diferente", disse.
O antigo presidente do PSD considerou que a mudança aconteceu no mundo inteiro, admitindo que hoje "existe um vento que sopra com mais força do lado da direita".
"Isso evidentemente não é eterno, mas significa que os problemas hoje são problemas muito diferentes daqueles que enfrentávamos em 1974, as respostas não podem ser as mesmas, a maneira de pensar não pode ser a mesma", considerou.
Questionado diretamente se o PSD navegou um pouco mais para a direita, Passos lembrou que também o PS evoluiu em Portugal, porque "tudo o que não evolui, morre".
"As instituições têm de se adaptar aos novos desafios, aos novos tempos, assim como as pessoas têm hoje expectativas muito diferentes daquelas que tinham quando estavam a construir uma sociedade democrática, que hoje é uma sociedade que está construída, tem os seus problemas, evidentemente, tem os seus desafios, mas são de outra natureza", disse.
Sobre Pinto Balsemão, Passos Coelho quis destacar, além dos contributos na vida política e para a liberdade de imprensa, outros dois que considerou estarem a ser menos falados.
Por um lado, o papel que teve para que Portugal subscrevesse avanços importantes na participação das mulheres na vida cívica e, na frente externa, "na reaproximação de Portugal com as suas ex-colónias, com os países africanos de língua oficial portuguesa".
"Foi a primeira grande reaproximação do Governo português com os governos desses países", salientou.
Em resumo, considerou que Pinto Balsemão foi "uma figura que marca de uma forma muito significativa aquilo que foi a sociedade portuguesa, a cultura portuguesa, a democracia portuguesa".
Portugal perde "estadista notável" e "figura mediática brilhante", diz Guterres
O secretário-geral da ONU, António Guterres, lamentou esta quarta-feira a perda de "um amigo querido", referindo-se a Francisco Pinto Balsemão, que descreveu como "um estadista notável" e "uma figura mediática brilhante".
"Sobre o falecimento de Francisco Pinto Balsemão, antigo primeiro-ministro de Portugal, acabámos de ouvir o secretário-geral e ele disse que Portugal perdeu um estadista notável e uma figura mediática brilhante, e perdeu um amigo querido", afirmou o porta-voz adjunto de Guterres, Farhan Haq, no habitual 'briefing' diário à imprensa, em Nova Iorque.
Primeiro-ministro cancela agenda até "final das cerimónias fúnebres"
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, cancelou hoje toda a agenda prevista até ao final das cerimónias fúnebres de Francisco Pinto Balsemão, que decorrem até quinta-feira pela hora de almoço.
Francisco Pinto Balsemão, antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, morreu na terça-feira aos 88 anos.
"O primeiro-ministro, Luís Montenegro, cancelou toda a agenda até ao final das cerimónias fúnebres de Francisco Pinto Balsemão", refere a nota, ficando em aberto se o chefe do Governo ainda poderá participar em parte do Conselho Europeu que se realiza em Bruxelas na quinta e sexta-feira.
O velório de Francisco Pinto Balsemão realiza-se hoje a partir das 18:30 em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, e a missa decorre no mesmo local às 13:00 de quinta-feira, sendo a celebração presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa emérito, D. Manuel Clemente.
O velório e a missa são abertos ao público, sendo o funeral reservado à família.
Luís Montenegro tinha inicialmente previsto na agenda de hoje o debate preparatório do Conselho Europeu na Assembleia da República, que também foi cancelado, tal como todo o plenário de hoje e quinta-feira.
O primeiro-ministro cancelou também a viagem já hoje para Bruxelas, na qual participaria no jantar informal com o Presidente do Egito por ocasião da Cimeira UE-Egito.
O Governo decretou luto nacional para hoje e quinta-feira, dias em que decorrem as cerimónias fúnebres.
Paulo e Cláudia Azevedo lamentam perda de "figura maior" da democracia
O 'chairman' e a presidente executiva (CEO) da Sonae afirmaram hoje à Lusa que Portugal perdeu na terça-feira uma "figura maior" da democracia e da sua liberdade com a morte de Francisco Pinto Balsemão, "um homem com visão".
"O país perdeu ontem [terça-feira] uma figura maior da sua democracia e da sua liberdade", disseram Paulo Azevedo e Cláudia Azevedo.
Francisco Pinto Balsemão "foi um homem de visão, coragem e serviço público --- um dos construtores do Portugal moderno", prosseguiram os dois gestores, numa mensagem conjunta à Lusa.
"No seu percurso político, teve um papel decisivo na consolidação da democracia, e como primeiro-ministro marcou uma era de compromisso institucional e de defesa dos valores democráticos", sublinharam.
No jornalismo e nos media "deixou uma marca incomparável: fundador do Expresso e da SIC, foi pioneiro na criação de um espaço mediático livre, plural e de excelência", destacam.
Paulo Azevedo e Cláudia Azevedo apontam que a "sua defesa intransigente da liberdade de imprensa foi, e continuará a ser, uma referência para todos os que acreditam que uma sociedade informada é a base de uma democracia sólida".
Na Sonae, "reconhecemos em Francisco Pinto Balsemão um exemplo de liderança com propósito e impacto, cujos valores de independência, integridade e inovação espelham muitos dos princípios que procuramos viver no nosso dia a dia".
A visão de Francisco Pinto Balsemão "ajudou a moldar o país onde crescemos, vivemos e construímos", sublinham ainda.
"O país perde uma referência e a nossa família perde um amigo. À família Balsemão deixo, com enorme respeito e carinho, os nossos sentimentos e um abraço sentido", remataram o presidente da Sonae e a CEO do grupo.
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto de luto nacional de dois dias pela sua morte, a cumprir hoje e quinta-feira, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.
Câmara de Lisboa manifesta profundo pesar e decreta dois dias de luto municipal
A Câmara de Lisboa manifestou hoje o mais profundo pesar pela morte do antigo líder do PSD Francisco Pinto Balsemão, lembrando-o como "figura maior da vida pública portuguesa", e decretou dois dias de luto municipal em sua homenagem.
"Francisco Pinto Balsemão constitui uma figura singular e ímpar na defesa de três liberdades: de pensamento, de expressão e de informação, deixando uma marca indelével na cidade de Lisboa e no país e inspirando gerações", destacou a Câmara Municipal, em comunicado.
Antigo líder do PSD, ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC, Francisco Pinto Balsemão morreu na terça-feira aos 88 anos.
O luto municipal decretado pela Câmara de Lisboa em homenagem a Francisco Pinto Balsemão é para cumprir hoje e quinta-feira, "com a consequente colocação da bandeira do município a meia haste em todos os edifícios e equipamentos municipais".
Assim, o luto municipal junta-se ao luto nacional, também de dois dias e a cumprir hoje e quinta-feira.
"Empresário visionário, jornalista e político, Pinto Balsemão dedicou a sua vida ao serviço do país, deixando uma marca indelével na comunicação social, na democracia e na liberdade em Portugal", enalteceu a autarquia, referindo que o antigo líder do PSD foi fundador do semanário Expresso e "um dos protagonistas da consolidação democrática após o 25 de Abril", que exerceu ainda as funções de primeiro-ministro, "desempenhando sempre o seu papel com sentido de Estado, ética e compromisso cívico".
Citado em comunicado, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse que a capital "perde um dos seus grandes cidadãos", considerando que Pinto Balsemão foi "um exemplo de inteligência, de coragem e de dedicação à causa pública".
"Partiu uma das minhas referências pessoais e políticas. Francisco Pinto Balsemão teve uma vida feita de superlativos: foi fundador da democracia portuguesa, foi primeiro-ministro, foi o grande pioneiro da transformação da comunicação social. Mas foi, acima de tudo, também um cidadão sempre comprometido com o país", expôs Carlos Moedas.
Recordando a entrega, em 2023, da Medalha de Honra da Cidade a Pinto Balsemão, o presidente da Câmara de Lisboa apresentou, em nome da cidade, as mais sentidas condolências à família, aos amigos e a todos aqueles que com ele tiveram o privilégio de trabalhar e aprender.
"O seu legado permanecerá como inspiração para todos nós", afirmou Carlos Moedas.
CIP: Pinto Balsemão contribuiu para tornar " país mais aberto, com maior concorrência e escrutínio"
A CIP – Confederação Empresarial de Portugal destacou "o contributo de Francisco Pinto Balsemão para tornar Portugal um país mais aberto, com maior concorrência e maior escrutínio".
Em comunicado, enviado às redações, em que "exprime o seu pesar pela morte do empresário", que descreve como "um dos pais fundadores da democracia portuguesa", a CIP afirma que "Balsemão cultivou sempre, em todas as atividades políticas, empresariais e jornalísticas a que se dedicou, os valores da liberdade, da tolerância e do liberalismo". E que, neste âmbito, deu "contributos muitos relevantes para tornar a sociedade e a economia portuguesas mais abertas e com mais concorrência".
Além disso, invoca ainda a "intervenção decisiva" que Balsemão teve como primeiro-ministro na revisão constitucional de 1982, "a qual diminuiu a carga ideológica da primeira versão da Constituição da República Portuguesa, permitiu alguma flexibilização da atividade económica e substituiu o Conselho da Revolução pelo Tribunal Constitucional, elementos que foram decisivos para a normalização do país e para a consolidação do seu processo democrático e da sua abertura ao exterior".
A CIP recorda ainda o jornalista e empresário de meios de comunicação social, que fundou o Expresso, "jornal fundamental para o país e que, nos anos 80 do século passado, tornou o seu suplemento 'Economia' um dos fóruns mais qualificados de debate sobre o mundo empresarial em Portugal".
"O lançamento da SIC, a primeira estação de televisão privada, nos anos 90 foi outro contributo inestimável de Francisco Pinto Balsemão para tornar Portugal um país mais moderno, mais aberto à concorrência, com maior escrutínio, e com instituições económicas, sociais e políticas mais plurais e de melhor qualidade", enaltece.
Velório de Pinto Balsemão realiza-se hoje no Mosteiro dos Jerónimos
O velório de Francisco Pinto Balsemão irá realizar-se nesta quarta-feira, às 18h30, no Mosteiro dos Jerónimos, avançou a família em comunicado.
A missa terá lugar às 13 horas do dia de amanhã, 23 de outubro, também no Mosteiro dos Jerónimos. A celebração será presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa Emérito, D. Manuel Clemente.
"A família do Dr. Francisco Pinto Balsemão quer agradecer todas as mensagens que recebemos e todo o apoio nestas horas", refere ainda o comunicado.
Governo aprovou decreto de luto nacional de dois dias para hoje e 5.ª feira
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto de luto nacional de dois dias pela morte de Francisco Pinto Balsemão, a cumprir hoje e quinta-feira, disse à Lusa fonte do gabinete do primeiro-ministro.
Segundo a mesma fonte, o decreto já seguiu para promulgação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O antigo primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão, fundador e militante do número um do PSD, morreu na terça-feira, aos 88 anos.
Na terça-feira à noite, numa primeira reação à morte de Balsemão, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse que o Governo pretendia decretar um dia de luto nacional para a data do funeral de Francisco Pinto Balsemão.
"Nós amanhã temos uma reunião do Conselho de Ministros e a nossa predisposição - já tive a ocasião de falar com alguns membros do governo - será a decretar luto nacional no dia em que se vão realizar as cerimónias fúnebres do dr. Francisco Pinto Balsemão", afirmou então, dizendo ainda não ter informação de qual será essa data.
Luís Montenegro falou à comunicação social a meio do Conselho Nacional do PSD, onde recebeu a notícia da morte de Balsemão.
António Costa recorda Pinto Balsemão como "grande figura do país", que promoveu "liberdade e ar puro" no período do "cavaquismo"
O antigo primeiro-ministro António Costa deixou hoje elogios a Francisco Pinto Balsemão, uma "grande figura do país", tanto como empresário da comunicação social bem como figura política.
O agora presidente do Conselho Europeu recordou dois momentos marcantes: "na fase final da ditadura criou um espaço importante de procura de liberalização do regime, através da criação do Expresso, e depois quando criou o primeiro canal privado de televisao, a SIC, numa época em que foi muito importante".
"As pessoas já não se lembram mas aquele período do 'cavaquismo' foi um período terrível de governamentalização e asfixia da liberdade de expressão. A SIC marcou um momento de abertura, de liberdade, de ar puro".
O antigo secretário-geral do PS destacou também, a partir de Bruxelas, o período em que Pinto Balsemão foi primeiro-ministro, em que deu "contributos muito importantes" para o país. "Talvez o mais importante foi a forma como dialogou com o PS para fazer a revisão constitucional de 1982, que institucionalizou verdadeiramente a democracia civilista, pluralista que hoje temos, que deu os primeiros passos para termos uma economia mais aberta".
Teve ainda um papel muito importante nas negociações para a adesão de Portugal à União Europeia.
"É uma perda grande. Mas acho que poucas pessoas podem dizer que deixaram a vida sem ter deixado uma marca tão relevante na histórica do país, quer como político quer como empresário da comunicação social", rematou.
Cotrim Figueiredo diz que legado de "cultor da liberdade" perdurará
O candidato presidencial João Cotrim Figueiredo qualificou hoje Francisco Pinto Balsemão, falecido na terça-feira, como "um cultor da liberdade" cuja visão e ousadia constituíram um legado "que o decurso do tempo não vencerá".
"Mais do que fundador do PPD/PSD, primeiro-ministro ou precursor no setor dos media, Francisco Pinto Balsemão foi, ao longo de toda a vida, um cultor da liberdade", escreveu Cotrim Figueiredo na rede social X.
Para o antigo presidente da Iniciativa Liberal, Balsemão foi uma "figura maior" da democracia portuguesa.
"A sua visão, a sua ousadia, a sua capacidade de correr riscos e de imaginar e construir um país mais livre e mais próspero inspiram-nos e constituem um legado que o decurso do tempo não vencerá", declarou, apresentando condolências ao PSD, ao grupo de media Impressa, aos amigos e família de Pinto Balsemão.
Delegação do PSD no Parlamento Europeu lembra coragem e serviço ao país
A delegação do PSD no Parlamento Europeu manifestou hoje profundo pesar pela morte do antigo líder do PSD e ex-primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão, lembrando a sua coragem, "espírito empreendedor e de serviço ao país".
"A delegação do PSD no Parlamento Europeu manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento de Francisco Pinto Balsemão e apresenta sentidas condolências à família", afirmou a bancada numa nota enviada à agência Lusa.
Citado na nota, o chefe da delegação social-democrata no Parlamento Europeu, Paulo Cunha, destacou que "Francisco Pinto Balsemão, fundador do PSD e [antigo] primeiro-ministro de Portugal, é uma personalidade incontornável da história portuguesa recente".
"A sua coragem, defesa intransigente das liberdades, franqueza, espírito empreendedor e de serviço ao país, são características pessoais e de caráter que marcaram de forma determinante o contexto, passado, presente e futuro, de Portugal. Deixou sempre, em cada época e circunstância da vida nacional, a marca da sua audácia e visão", apontou o eurodeputado.
Lembrando o seu percurso empresarial e político, Paulo Cunha salientou também "o seu empenho na revisão constitucional de 1982, que abriu caminho à adesão de Portugal à CEE [Comunidade Económica Europeia, agora União Europeia]".
Associação de Imprensa destaca legado na política e comunicação social
A Associação Portuguesa de Imprensa (API) destacou hoje o legado de Francisco Pinto Balsemão, que morreu na terça-feira aos 88 anos, no jornalismo, na comunicação social, no empreendedorismo e na política.
Numa nota publicada na sua página na Internet, a Associação Portuguesa de Imprensa manifestou "o seu profundo pesar" pelo falecimento de Francisco Pinto Balsemão.
"Advogado de formação, jornalista por vocação e empresário de referência, foi fundador do Expresso e do Grupo Impressa", realçou a Associação.
A Associação lembrou que enquanto profissional e dirigente político, Pinto Balsemão foi um defensor da liberdade de imprensa e da autonomia dos jornalistas, valores que sempre considerou pilares fundamentais da democracia.
"Em 2023, por ocasião das comemorações do Dia Nacional da Imprensa, a Associação Portuguesa de Imprensa teve a honra de distinguir Francisco Pinto Balsemão com o Prémio Carreira de Excelência, reconhecendo o seu contributo excecional e a influência determinante que exerceu sobre várias gerações de profissionais da comunicação social", é referido na nota.
Aguiar-Branco: Democracia, parlamento e país prestam tributo a Pinto Balsemão
O presidente da Assembleia da República afirmou esta terça-feira que a democracia portuguesa, o parlamento e o país prestam tributo a Francisco Pinto Balsemão, considerando que impressionou Portugal com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação.
"Até ao fim dos seus dias, Francisco Pinto Balsemão impressionou o país com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação. A democracia, o parlamento e o país prestam-lhe tributo e agradecem a sua vida de serviço público", refere-se na nota de pesar de José Pedro Aguiar-Branco, publicada no site oficial da Assembleia da República.
Ventura salienta "legado marcante" do antigo primeiro-ministro
O líder do Chega, André Ventura, sublinhou terça-feira o "legado marcante" do antigo primeiro-ministro e fundador do Expresso e da SIC Francisco Pinto Balsemão no país e também "a construção de novas formas de comunicar em democracia".
"Tendo tomado conhecimento da morte de Francisco Pinto Balsemão, queria enviar um abraço solidário à família e aos amigos, reconhecendo também o legado marcante que deixou no nosso país e na construção de novas formas de comunicar em democracia", escreveu André Ventura numa publicação na rede social X.
Gouveia e Melo: Balsemão foi "uma das maiores referências da política"
O candidato à presidência da República Henrique Gouveia e Melo destacou esta terça-feira que Francisco Pinto Balsemão foi uma das "maiores referências nacionais da política, do jornalismo e da sociedade".
"Deixa-nos uma das maiores referências nacionais da política, do jornalismo e da sociedade, mas o seu legado ficará para sempre na memória dos portugueses", afirmou Gouveia e Melo numa reação à morte de Balsemão, que morreu na terça-feira, enviada à agência Lusa.
O almirante na reserva lembrou que conheceu o antigo primeiro-ministro e fundador do PPD/PSD no fim da pandemia de covid-19 e recordou "as conversas muito interessantes" que mantiveram desde então.
"Os meus sinceros sentimentos à família, em particular aos filhos, netos e mulher, e a todos os amigos. Deixo ainda os meus pêsames ao PSD, partido do qual foi fundador e militante", acrescentou.
"Tinha o condão de dizer o que pensava", lembra Paulo Rangel
O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou a marca de liberdade que Francisco Pinto Balsemão deixou como político, como jornalista e fundador do grupo Impresa e do semanário Expresso.
"Estar com Francisco Pinto Balsemão era respirar liberdade em todos os minutos e em todos os momentos", apontou Paulo Rangel, lembrando a característica de "frontalidade". "Tinha o condão de dizer o que pensava", lembrou o chefe da diplomacia.
Rangel recordou o "papel decisivo na revisão constitucional de 1983" que "acaba com a tutela militar e cria uma verdadeira democracia ocidental". Mas também a lei da imprensa, "talvez o seu maior legado", indicou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou ainda um homem que "nunca se conformou", procurando sempre estar a par da inovação, como o "futuro dos media e da inteligência artificial".
“Podia ter sido muito mais tempo primeiro-ministro”, diz Rui Rio sobre Balsemão
Rui Rio lembrou os tempos conturbados de Pinto Balsemão como primeiro-ministro e presidente do PSD, entre 1981 e 1983, em que o ex-presidente da câmara do Porto chegou a integrar a direção nacional.
“Queriam que fosse igual a Sá Carneiro”, recorda ao canal Now, referindo-se ao malogrado antecessor de Pinto Balsemão, falecido em 1980 num acidente de avião.
Com uma derrota em eleições autárquicas, Pinto Balsemão abandonou São Bento, mas para Rui Rio “podia ter sido muito mais tempo primeiro-ministro”. “Tinha muito mais para dar à sociedade e acabou por dar de outra forma”, enquanto empresário dos media.
Rio recorda que Pinto Balsemão foi uma “grande figura da democracia”, lembrando o seu papel enquanto deputado da Ala Liberal, ainda antes do 25 de abril, juntamente com outros jovens políticos reformistas. “Foi uma figura superior da democracia portuguesa.”
Balsemão teve “uma vida feita de superlativos”, diz Moedas
Carlos Moedas diz que “partiu uma das minhas referências pessoais e políticas”. O presidente da Câmara Municipal de Lisboa lembra que Francisco Pinto Balsemão teve “uma vida feita de superlativos”.
“Foi fundador da democracia portuguesa, foi Primeiro-Ministro, foi o grande pioneiro da transformação da comunicação social”, atira. “Mas foi, acima de tudo, um cidadão sempre comprometido com o país”, remata.
Moedas recorda que quando em 2023 entregou a “Medalha de Honra da Cidade” a Balsemão lembrou esse mesmo papel do fundador do Expresso e da SIC, mas também um dos fundadores do PPD/PSD.
PS lembra “uma vida dedicada à causa pública e à democracia”
O PS também já reagiu pelo falecimento de Francisco Pinto Balsemão, destacando a “personalidade incontornável da democracia portuguesa”.
No X, o partido liderado por José Luís Carneiro fala num homem cuja “vida foi marcada pelo compromisso com a liberdade, o pluralismo e o Estado de Direito. Jornalista, fundador do Expresso e do Grupo Impresa, deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, primeiro-ministro em tempos exigentes da consolidação democrática e fundador do PPD/PSD”.
Por tudo isto, diz o PS, “Balsemão deixa um legado de independência, sentido de serviço público e defesa intransigente da liberdade de imprensa. Soube sempre honrar o valor do debate democrático e da convivência entre diferenças, princípios fundamentais da vida democrática que partilhou com o Partido Socialista nas grandes etapas da construção de Portugal livre e europeu”.
Santana Lopes: "Pinto Balsemão merece tudo. Está ao nível de Sá Carneiro, Soares, Cunhal ou Freitas"
O ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes defendeu esta terça-feira que Francisco Pinto Balsemão merece todas as homenagens, recordando o fundador do PSD como "um homem da liberdade".
"Merece tudo. Merece ser homenageado pelos municípios", apontou o presidente da Câmara da Figueira da Foz. "Está ao nível de Sá Carneiro, Mário Soares, Álvaro Cunhal, Freitas do Amaral no papel da democracia portuguesa", apontou Santana Lopes que defende o "ensino na escola" do papel de Balsemão na democratização do país.
"Era um apaixonado pela liberdade. Um grande exemplo e será sempre um grande exemplo", indicou o ex-presidente do PSD, em declarações ao canal Now.
"É um homem da liberdade e não há nada mais bonito que a liberdade", apontou Santana Lopes, lembrando que "conseguiu essa coisa extraordinária de ser primeiro-ministro e ter um jornal que semanalmente o criticava", indicando que foi "sempre inalterável na liberdade de imprensa, separando o que é difícil de separar."
Cavaco Silva lembra “legado importante para a democracia portuguesa”
Numa nota de pesar pelo falecimento de Francisco Pinto Balsemão, Cavaco Silva salientou o papel de “pioneiro da comunicação social livre”, mas principalmente o “legado importante para a democracia portuguesa”.
“Francisco Pinto Balsemão foi um pioneiro da comunicação social livre, demonstrando ousadia perante o antigo regime, mesmo antes da liberdade se afirmar”, escreveu o antigo Presidente da República.
Recordou a condecoração que lhe atribuiu a 25 de abril de 2011: “Condecorei o Dr. Francisco Pinto Balsemão com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Entendi então que era a expressão máxima de gratidão pelo seu contributo para a Liberdade e a Democracia no nosso país".
A criação do Partido Popular Democrático é, na perspetiva de Cavaco Silva, “um legado importante para a democracia portuguesa”, acrescentou na mesma nota em que salientou o papel de primeiro-ministro e líder do PSD em dois momentos: na revisão constitucional de 1982, mas também nas negociações para a adesão de Portugal à CEE.
Fernando Ulrich: Balsemão deu um “grande contributo” na revisão da constituição em 1982
“É uma coincidência triste: faz por estes dias 53 anos que conheci o Francisco Pinto Balsemão quando ele me entrevistou para ver se estava de acordo com a minha entrada na equipa que ia lançar o Expresso, para as páginas económicas. Foi uma experiência fascinante, devo-lhe imenso e ficámos amigos”. Foi assim que Fernando Ulrich, chairman do BPI e antigo CEO do banco relatou, na SIC Notícias, a memória do primeiro contacto com o fundador do Expresso. O banqueiro foi jornalista no semanário.
Fernando Ulrich destacou o “grande contributo” que Balsemão deu ao país na revisão constitucional de 1982 que “acabou com a tutela militar sobre a democracia porguguesa, abriu o caminho para as negociações com a comunidade europeia e também a consolidação de uma economia de mercado”.
"Tenho a certeza que ficará na história de Portugal enquanto político, empresário e jornalista", rematou Fernando Ulrich.
Basílio Horta e Ana Gomes sublinham percurso do fundador do PPD
Os antigos candidatos presidenciais Ana Gomes e Basílio Horta lamentaram hoje a morte do antigo primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão, elogiando o seu percurso e os contributos para a defesa da democracia.
"Incansável defensor da liberdade de imprensa, crucial construtor da nossa democracia. Portugal sem ele empobrece", escreveu a ex-candidata a Belém e ex-eurodeputada socialista Ana Gomes na rede social X.
Basílio Horta, antigo vice-presidente do CDS e presidente cessante da Câmara de Sintra (eleito nas listas do PS), considerou no Facebook que, com a morte de Balsemão, "desaparece uma personalidade decisiva de toda uma geração de políticos".
"Era um homem de princípios, de extrema delicadeza e de enorme qualidade pessoal e política. Hoje perdi mais um amigo com quem colaborei de forma muito próxima nos seus governos. Todos ficamos mais pobres e alguns, já poucos, cada vez mais sozinhos", sublinha Basílio Horta.
Pinto Balsemão, presença constante na lista “Os Mais Poderosos” do Negócios
Francisco Pinto Balsemão era um nome constante na lista “Os Mais Poderosos” que o Negócios publica todos os anos por altura do Verão.
O antigo primeiro-ministro e fundador da Impresa surgia por via do cargo de “chairman” do grupo de comunicação social, conselheiro de Estado e fundador dos Encontros de Cascais.
A tendência decrescente da posição de Balsemão no “ranking” está ligada ao percurso recente do grupo Impresa.
Recorde aqui o último perfil nesta série, feito há escassos meses.
"Não foi devidamente homenageado", diz Marques Mendes
O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes evocou, em declarações na SIC Notícias, o papel que Francisco Pinto Balsemão teve na revisão constitucional de 1982, que diz não ter sido suficientemente destacado. “Adaptou o nosso regime à marca europeia”, assinalou.
“Era muito difícil”, disse Marques Mendes, lembrando a revisão que acabou com o Conselho da Revolução e diminuiu os poderes presidenciais. “Foi a revisão mais importante que houve até hoje”, refere o atual candidato presidencial. “Não foi devidamente homenageado”.
Marques Mendes também enalteceu o papel de Balsemão como “referência incontornável da liberdade de imprensa”, lembrando que fundou o Expresso e a SIC. “Foi um grande lutador pela iniciativa privada”.
Marcelo recorda Balsemão: “Portugal deve-lhe imenso”
“Foi uma das figuras mais marcantes dos últimos sessenta anos. Portugal deve-lhe imenso”. As palavras são do Presidente da República, que logo após a nota de pesar oficial, falou na SIC Notícias sobre o falecimento do fundador da Impresa e antigo primeiro ministro.
“Foi marcante na política e na comunicação social”, enfatizou Marcelo Rebelo de Sousa. “Foi deputado da Ala Liberal, coautor de projetos de mudança da constituição, da lei de imprensa, da lei de associação, da lei da liberdade religiosa, para mudar o Portugal democrático”.
Depois, claro, fundou o PSD, foi “parlamentar, governante, primeiro-ministro”.
“Foi dos conselheiros de Estado com maior presença nesse cargo”, enfatizou o Chefe de Estado, e “tinha prestígio internacional”.
Na comunicação social “não houve nada que não tenha tentado revolucionar”. “Revolucionou quer a imprensa escrita quer a televisiva, num longo percurso que começou ainda na ditadura. Era um visionário, um pioneiro, um criativo muito determinado e trabalhador. Esteve praticamente em todos os grandes combates desde os anos 60 quando tive oportunidade de ser colaborador dele no Expresso”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
“Portugal votará amanhã no conselho de ministros um luto nacional que assinarei imediatamente a seguir”, avançou o Chede de Estado.
Primeiro-ministro pretende decretar luto nacional pela morte de Pinto Balsemão
O primeiro-ministro anunciou esta terça-feira a intenção de decretar o luto nacional pela morte de Francisco Pinto Balsemão, ex-primeiro-ministro e fundador do PSD.
"Amanhã [quarta-feira] temos uma reunião do Conselho de Ministros e a nossa predisposição é decretar o luto nacional no dia em que se vão realizar as cerimónias fúnebres", indicou Luís Montenegro à margem do Conselho Nacional do partido, onde soube da morte de Pinto Balsemão.
Montenegro lembrou que Pinto Balsemão "foi sempre muito próximo e presente até ao fim" na vida política do partido e do envolvimento que teve também nas eleições autárquicas. "Teve sempre uma palavra de apreciação, de análise em todas as campanhas e momentos de reflexão e nunca escondeu os seus pontos de vista", indicou Montenegro.
O luto nacional é decretado pelo governo através de decreto-lei aprovado em Conselho de Ministros e depois assinado pelo Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa já indicou que promulgará o diploma.
Morreu Francisco Pinto Balsemão aos 88 anos
O ex-primeiro-ministro e fundador do Expresso faleceu esta terça-feira aos 88 anos, avança a Lusa. O falecimento do também militante do número um do PSD foi confirmado à agência por fonte oficial do partido.
A notícia da morte de Francisco Pinto Balsemão foi transmitida pelo presidente do PSD, Luís Montenegro, durante o Conselho Nacional do partido. O primeiro-ministro anunciou que o Governo pretende decretar um dia de luto nacional para a data do funeral de Pinto Balsemão.
Marcelo Rebelo de Sousa já reagiu em comunicado oficial, evocando o percurso de Pinto Balsemão como deputado da Ala Liberal, fundador e presidente do PSD e empresário dos media, liderando o grupo Impresa.
"Portugal perdeu, hoje, uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos. Na política, na sociedade, na afirmação da liberdade de expressão e de imprensa".
"Visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista, esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje", refere a nota da Presidência.
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