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Doyen Sports na mira do Football Leaks

O site Football Leaks revelou documentos que visam o fundo de investimento Doyen Sports e que revelam detalhes sobre as Third-party Ownership, entretanto proibidas pela FIFA, mas que desempenham um papel de peso no financiamentos dos clubes.

futebol bola baliza
futebol bola baliza Reuters
24 de Novembro de 2015 às 11:24

Documentos revelados sobre uma das maiores firmas de investimento no futebol levantam o véu sobre os modelos de financiamento do desporto, nomeadamente, sobre as Third-party Ownership (TPO), entretanto proibidas pela FIFA. Na mira do Football Leaks está a Doyen Sports, ainda em litígio com o Sporting por causa dos direitos desportivos de Marcos Rojo.

Empresas como a Doyen Sports Investment e outras tornaram-se uma fonte crítica de financiamento para clubes com menores capacidades financeiras. Estes investidores pagam às equipas por parte dos direitos dos jogadores - Third-party Ownership (TPO) – apostando que o jogador vai valorizar. Se isto acontecer, o fundo de investimento lucra no momento da transacção do atleta para a equipa futura.

Os documentos revelados pelo site Footbal Leaks mostram que na segunda metade de 2011 a Doyen Sports esteve envolvida em algumas transacções desportivas de maior relevo, conseguindo com isso lucros avultados, escreve a Bloomberg, que avança com a notícia. A empresa investiu 25,6 milhões euros nos direitos desportivos de sete jogadores, incluindo alguns dos atletas mais caros do futebol. A título de exemplo, a Doyen pagou 10 milhões de euros por 33,3% dos direitos desportivos do colombiano Radamel Falcao. Quando este mudou de equipa, dois anos depois, o fundo lucrou cerca de 4 milhões de euros.

Os documentos em causa também revelam que a firma pagou 6 milhões de euros em Agosto de 2012 para comprar os direitos de patrocínio globais do Barcelona e do avançado brasileiro Neymar. A Doyen também emprestou 6,9 milhões de euros a duas equipas espanholas, o Atlético de Madrid e o Sporting de Gijon.

Um porta-voz da Doyen já confirmou a veracidade dos documentos revelados no site Footbal Leaks, mas recusou-se a tecer mais comentários.

A FIFA, organismo que regula o futebol, proibiu no ano passado os investidores de comprar parte dos direitos dos jogadores, um dos mais relevantes segmento de negócio da Doyen, escreve a Bloomberg. A prática, denominada Third-party Ownership, começou na América do Sul e expandiu-se para a Europa. A Doyen contestou em tribunal esta proibição.

As instituições desportivas, FIFA e UEFA, que pretendem a proibição generalizada das TPO, receiam que o facto de os fundos deterem direitos dos jogadores possa resultar numa ingerência desportiva, ou seja, que venha a condicionar as decisões dos clubes relativamente à manutenção ou venda de um determinado atleta.

Em Julho deste ano, o regulador espanhol opôs-se à proibição decretada pela FIFA, alegando que esta viola leis nacionais e comunitárias. A autoridade da concorrência espanhola argumentou que "a proibição dos TPO é uma limitação à capacidade de trabalhar e à liberdade de empresa, restringindo o uso de uma conduta que em princípio é que maximiza benefícios (ou minimiza perdas)", sugerindo então "que se considerem outras opções regulatórias que não resultem na proibição estrita".

Quem financia a Doyen Sports?

Os documentos agora revelados adiantam também que o financiamento da Doyen Sports provém de duas entidades que partilham a morada da firma na pequena cidade de Ta’Xbiex, em Malta.

Uma das empresas, a Benington Group Assets Limited, tem um único accionista, Malik Ali, um cidadão turco na casa dos 30 anos. Ali, que emprestou mais de 54 milhões de euros à Doyen, de acordo com um dos documentos, também detém todas as acções de classe A da empresa. As restantes acções (20%) são de classe B e são detidas por uma entidade chamada Wood, Gibbins & Partners Limited.

A Doyen Sports é detida pelo Doyen Group, uma firma sedeada em Londres que investe em commodities, no sector da construção, no sector energético e em imobiliário. Também detém a cadeia de hotéis 5 estrelas Rixos Hotels.

A divulgação destes documentos acontece numa altura sensível para a Doyen Sports, resultado da acção que decorre no Tribunal Arbitral do Desporto e que opõe a empresa ao Sporting Clube de Portugal e que visa os direitos desportivo de Marcos Rojo.

O clube leonino comunicou, em Agosto de 2014, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a rescisão, com justa causa, dos contratos com a Doyen Sports que envolviam os jogadores Marcos Rojo e Zakaria Labyad. O fundo Doyen recorreu para tribunal reclamando uma indemnização pela rescisão unilateral - que considerou ilegal - pelo Sporting acerca do contrato de Marcos Rojo. O processo decorre na Suíça e já envolveu os testemunhos de ex-dirigentes do clube leonino, como o antigo presidente Godinho Lopes.

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