Corte de juros já era esperado, mas Wall Street celebrou na mesma
Os principais índices dos EUA inverteram a tendência de perdas registada no início da sessão, depois de a Fed ter confirmado o que todos já esperavam numa decisão que não foi consensual. Agora, os investidores viram-se para as contas da Oracle - vista como um barómetro do apetite dos investidores por cotadas ligadas à IA.
Wall Street encerrou a sessão desta quinta-feira em alta. Depois de terem estado a negociar grande parte do dia com perdas, os principais índices dos EUA inverteram a tendência após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter confirmado que iria avançar com um corte dos juros diretores, movimento já esperado pelos investidores.
O “benchmark” S&P 500 subiu 0,68%, para os 6.886,73. Já o Nasdaq Composite ganhou 0,33% para os 23.654,16 pontos. O Dow Jones, por sua vez, valorizou 1,05% para os 48.057,75. Os índices registaram mesmo a melhor sessão num dia de decisão da Fed desde março deste ano.
A recuperação das ações dos EUA estagnou no início desta semana, com os investidores a absterem-se de fazer grandes apostas devido a sinais económicos contraditórios e divisões entre os decisores da Fed. Nos EUA, dados recentes mostraram que a economia está a arrefecer, mas não o suficiente para acelerar os cortes nas taxas, disse à Bloomberg Linh Tran, da XS.com.
Mas a confirmação pela Fed de que iria avançar com uma flexibilização da política monetária acabou por impulsionar o sentimento dos investidores. Tal como se esperava, a Fed anunciou esta quarta-feira uma redução de 25 pontos-base da taxa dos fundos federais, que passa para um intervalo entre 3,5% e 3,75%. Foi o terceiro corte deste ano – e o sexto desde o início do novo ciclo de alívio dos juros, em setembro do ano passado. A decisão dos 12 membros do Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) não foi unânime. A favor do corte de 25 pontos-base estiveram 9 membros, ao passo que 3 votaram num sentido diferente, numa reunião que revelou a maior divisão dentro da Fed dos últimos 11 anos.
Powell sublinhou a importância dos próximos relatórios económicos, ao mesmo tempo que aconselhou a alguma cautela na avaliação dos dados sobre o emprego, dadas as distorções técnicas causadas pelo encerramento do Governo Federal norte-americano. “A Fed enfatizou que as medidas futuras dependerão dos dados, mudando firmemente para uma abordagem reunião a reunião”, disse à Bloomberg Daniel Siluk, da Janus Henderson.
Na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio do corte de juros, Powell afirmou que a Reserva Federal não tomou ainda qualquer decisão para a reunião de janeiro de 2026. Mas a atualização do "dot plot" – mapa trimestral que mostra como cada representante do banco central estima as mexidas nos juros diretores – mostra que no próximo ano deverá haver apenas um corte.
Agora, os investidores viram-se para os resultados da Oracle (+0,79%), divulgados após o fecho do mercado. As ações da cotada caíram cerca de 33% desde os máximos atingidos em setembro. Assim, a combinação da reunião da Fed com os resultados da Oracle – vista como um barómetro do apetite dos investidores por cotadas ligadas à IA - tem o potencial de quebrar o clima de cautela que se tem vivido em Wall Street nos últimos dias.
Entre as "big tech”, a Nvidia cedeu 0,64%, a Meta recuou 1,04%, a Apple ganhou 0,58%, a Alphabet subiu 0,99%, a Amazon avançou 1,69% e a Microsoft desvalorizou 2,78%.
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